Andrea Tonacci, diretor que fez parte do cinema marginal
Cineasta de origem italiana foi expoente do movimento surgido em SP nos anos 1960. Ele dirigiu ‘Bang-band’ (1970) e o premiado ‘Serras da desordem’ (2006).
Andrea Tonacci (nasceu em Roma, na Itália, em 1944 – faleceu em 16 de dezembro de 2016), cineasta, foi um dos principais nomes do cinema marginal, movimento alternativo surgido em São Paulo nos anos 1960.
Nascido na Itália em 1944, Andrea mudou-se com a família para São Paulo aos 11 anos, informa seu perfil no portal Filme B. Seu primeiro filme foi o curta-metragem “Olho por olho” (1965), seguido pelo média-metragem “Blá, blá, blá” (1968).
Tonacci nasceu em Roma, na Itália, em 1944, e se mudou com a família para São Paulo aos 10 anos. Fez sua estreia no cinema com “Olho por olho” (1966), curta-metragem realizado na mesma época, e com a mesma equipe, de “Documentário”, de Rogério Sganzerla, e “O pedestre”, de Otoniel Santos Pereira.
Seu primeiro longa-metragem, “Bang-bang” (1971), com Paulo Cesar Pereio, se tornou um marco do cinema marginal brasileiro. Em meio à ditadura militar, teve exibição restrita a cineclubes no Brasil, mas acabou escolhido para a prestigiada Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.
A estreia em longa-metragem foi “Bang-bang” (1970), um ícone do cinema marginal, que era marcado pelas produções de baixo-orçamento e fortemente autorais. Outros expoentes do movimento foram Rogério Sganzerla (“O Bandido da Luz Vermelha”), Ozualdo Candeias (“A margem”), Carlos Reichenbach (“Filme demência”) e José Mojica Maris, o Zé do Caixão.
Estrelado por Paulo César Pereio, “Bang-bang” mostra um homem que usa uma máscara de macaco enquanto delira e se envolve em perseguições e discussões com figuras incomuns. O filme foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.
Em seguida, no final da década de 1970, já se aproximando da linguagem documental, Tonacci fez uma série de filmes sobre a comunidades indígenas no Brasil e nas Américas. Vieram, então, “Conversas do Maranhão” (1977), “Guaranis do Espírito Santo” (1979), “Os Araras” (1980) e “Conversas no Maranhão” (1977-83).
Quinze anos mais tarde, fez “Interprete mais, ganhe mais” (1995), seguido por um longo hiato. O trabalho seguinte foi o premiado “Serras da Desordem” (2006), considerado uma obra-prima. Miisturando documentário e ficção, Tonacci registra (e reencena) histórias como a do índio awá Carapiru.
Após sobreviver ao massacre de sua aldeia, promovido por capangas a mando de fazendeiros em 1978, Carapiru se esconde na floresta e passa a peregrinar pelo país. “Serras da desordem” ganhou os troféus de melhor filme (dividido com “Anjos do sol”), direção e fotografia no Festival de Gramado.
O drama indígena ressurge em “Serras da desordem” (2006), que acompanha o massacre da tribo Awá-Guajá nos anos 70 na Amazônia, a partir do ponto de vista de um sobrevivente. O misto de documentário com ficção ganhou os prêmios de melhor filme, diretor e fotografia no Festival de Gramado. Em novembro de 2015, entrou na lista dos 100 melhores filmes brasileiros feitas pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).
O último filme de Andrea Tonacci foi “Já visto, jamais visto” (2014), no qual o cineasta revisita suas memórias com registros inéditos de imagens de família, viagens, projetos inacabados, etc.
Andrea Tonacci faleceu na sexta-feira (16) aos 72 anos, vítima de câncer no pâncreas. A informação foi publicada no site da Cinemateca Brasileira.
O velório aconteceu na sede da Cinemateca, na Vila Clementino, Zona Sul de São Paulo. A cremação aconteceu no final da tarde do sábado (17) no Crematório da Vila Alpina, na Zona Leste.
(Créditos autorais: https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia – G1 Pop e Arte/ Cinema/ NOTÍCIA/ Por G1 – 17/12/2016)