Andreas Baader, um dos fundadores e líderes do grupo guerrilheiro de esquerda alemão Fração do Exército Vermelho

0
Powered by Rock Convert

 

 

Bonnie & Clyde contra o Estado alemão

Andreas Baader (Munique, 6 de maio de 1943 – Estugarda, 18 de outubro de 1977)um dos fundadores e líderes do grupo guerrilheiro de esquerda alemão Fração do Exército Vermelho, denominado pelo governo e pela imprensa de Baader-Meinhof.

Baader, sem profissão, Meinhof, jornalista, e um exército de atiradores de bomba em luta com a República Federal

 

Quando Andreas Baader nasceu, em maio de 1943, o III Reich alemão começava a escorregar em direção ao seu destino final de caos e sangue. Filho de um historiador morto na frente russa durante a guerra, Baader tinha seis anos quando foi fundada a República Federal da Alemanha, em 1949.

 

Em sua juventude coincindiu com aqueles fervilhantes anos 60 das passeatas nas ruas e, nas cabeças, o fogo cruzado das ideias políticas. A existência de Baader, encerrada no dia 18 de outubro em sua cela na prisão de Stammheim, coincide portanto, quase cronologicamente, com a história da Alemanha surgida dos escombros da II Guerra Mundial. Ele não participou da aventura nazista. Ao contrário, seu meio ambiente foi a sociedade de abastança, regida pelos mecanismos do Estado liberal, em que se converteu a República Federal da Alemanha.

Que teria levado Baader, o superterrorista, chefe do grupo que nos últimos sete anos deixou um saldo de 23 mortos, noventa feridos, mais de 100 tentativas de assassínio e pelo menos 10 milhões de marcos arrecadados em assaltos.

 

 

 

Entre o legado que deixou em sua vertiginosa passagem pela cena alemã, o mais importante talvez seja um certo endurecimento do regime, uma inclinação para a lei e a ordem cada vez mais acentuada nos últimos anos. Secundariamente, Andreas Baader e Ulrike Meinhof deixaram uma discutível legenda, em parte política, em parte à Bonnie & Clyde.

 

 

(Fonte: Veja, 26 de outubro de 1977 – Edição 477 – INTERNACIONAL – Pág: 28/38)

 

 

 

 

 

 

1977: Terroristas alemães se suicidam na prisão

 

Em 18 de outubro de 1977, Baader, Ensslin e Raspe, os mais importantes líderes da Fração do Exército Vermelho (RAF), se matam no presídio, após o fracasso de duas ações terroristas para libertá-los.

 

Enterro de Ensslin, Baader e Raspe

 

 

No final da década de 1970, o terrorismo estava na ordem do dia na Alemanha. A escalada de violência era sem precedentes na história do país no pós-guerra. Mesmo após a prisão de seus líderes, o grupo Fração do Exército Vermelho (RAF) ainda mostrava força.

 

No primeiro esforço para reaver seus líderes, a RAF sequestrara em Colônia Hanns Martin Schleyer, então presidente da Confederação da Indústria Alemã e da Confederação das Associações de Empregadores Alemães. Na ação, morreram o motorista e três guarda-costas do empresário. O grupo terrorista exigia a libertação de 11 de seus membros capturados. Entre eles, Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe, reclusos no presídio de Stuttgart-Stammheim. O governo Helmut Schmidt optou por não ceder e ganhar tempo até encontrar o cativeiro de Schleyer.

 

Sequestro de avião

 

 

Os terroristas apertaram o cerco. No dia 13 de outubro, um avião da Lufthansa vindo de Maiorca com turistas alemães foi sequestrado e teve de pousar em Roma. Os quatro sequestradores palestinos declararam seu apoio à RAF e exigiram igualmente a libertação dos líderes presos em Stuttgart.

 

Enquanto isto, na Alemanha, os raptores de Schleyer enviavam fitas de vídeo ao governo, com apelos cada vez mais dramáticos do líder empresarial. O chanceler Helmut Schmidt permaneceu, porém, resoluto em mostrar aos terroristas que não cederia.

 

De Roma, o Boeing da Lufthansa decolou para o Oriente Médio e pousou em Dubai, capital de Omã, a 14 de outubro. Os sequestradores deram novos ultimatos e instauraram clima de terror a bordo, simulando execuções de passageiros, humilhando-os e agredindo-os brutalmente.

 

Desfecho em Mogadíscio

 

O avião decolou novamente, com destino a Aden, no Iêmen, onde os terroristas acreditavam estar mais seguros. No entanto, o governo os obrigou a seguir para Mogadíscio, na Somália. Lá, Hans-Jürgen Wischnewski, encarregado com todos os poderes por Helmut Schmidt para resolver o caso, já esperava o avião na torre de controle.

 

 

Andreas Baader e Gudrun Ensslin

 

 

Em princípio, o representante do governo alemão sinalizou sua disposição para uma troca de reféns. No entanto, à meia-noite de 17 para 18 de outubro, um comando da polícia federal alemã entrou em ação e, em poucos minutos, dominou a situação no aeroporto africano, libertando 91 reféns. O piloto já havia sido executado pelos sequestradores.

 

No ataque, três dos quatro terroristas palestinos morreram baleados. A última terrorista – uma mulher – ficou gravemente ferida. Era o fim de cinco dias e noites de medo e terror para os reféns.

 

Suicídio em Stuttgart

 

Naquela mesma noite, três líderes da RAF se suicidaram na Alemanha. Um dia depois, o corpo de Hanns Martin Schleyer foi encontrado no porta-malas de um carro abandonado na fronteira da Alemanha com a França. O empresário fora executado com um tiro na nuca.

 

“Dois funcionários do Instituto Penitenciário de Stuttgart encontraram o detento Raspe ferido gravemente com um tiro na cabeça ao buscá-lo para o café da manhã. Ele foi levado para um hospital, onde morreu. Baader foi achado morto no chão de sua cela. Assim como Raspe, ele se suicidara com um tiro de pistola. Já Ensslin foi encontrada enforcada com um fio de eletricidade na janela de sua cela”, anunciou Traugott Bender, secretário de Justiça do estado de Baden-Württemberg. As autópsias confirmaram os suicídios.

 

Dos que tentaram o suicídio naquela noite, apenas Irmgard Möller sobreviveu, gravemente ferida. Logo a suspeita recaiu sobre um dos advogados dos terroristas, que teria levado as armas às celas.

 

“Fomos ingênuos demais. Tínhamos que revistar os presos sempre após as visitas. Mas relaxamos, pois eles praticamente só tinham contato com os advogados. Nunca recebiam outras pessoas”, recorda-se Horst Bubeck, funcionário do presídio.

 

Isolados, mas nem tanto

 

Segundo ele, os terroristas não tinham contato com os demais detentos. Um isolamento do qual eles e seus advogados reclamavam enfaticamente. O sétimo andar estava reservado para os membros da RAF e era considerado área de segurança máxima.

 

“Eles próprios podiam se encontrar diariamente, o que era uma novidade numa penitenciária naquela época. Isto não existia antes, nem existe mais. Ou seja, eles podiam ficar cinco, seis horas juntos e até passar as noites juntos, desde que homem com homem e mulher com mulher”, relata Bubeck.

Baader, Ensslin e Raspe foram enterrados numa sepultura coletiva no cemitério de Stuttgart.

(Fonte: http://www.dw.com/pt-br – Deutsche Welle – NOTÍCIAS – CALENDÁRIO HISTÓRICO – 18 de outubro)

Powered by Rock Convert
Share.