Antero de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 – Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891), foi uma das figuras marcantes na poesia e na política na segunda metade do século XIX em Portugal.
Antero de Quental nasceu nos Açores (Ilha de S. Miguel, cidade de Ponta Delgada).
Nasceu no seio de uma família profundamente religiosa. Estudou no Colégio do Pórtico, de Ponta Delgada, fundado e dirigido por António de Feliciano de Castilho. Em 1858 ingressou na Universidade de Coimbra, onde se viria a licenciar em direito em 1864. É neste período que entra em contato com a obra de Kant, Hegel, Proudhon, Michelet, A. Comte e outros pensadores contemporâneos. Funda a Sociedade do Raio, organização secreta de estudantes envolvida em práticas maçônicas e na contestação ao sistema. Colabora no jornal O Acadêmico.
Antero de Quental adere às ideias modernas do seu tempo (republicanismo na política, realismo na arte), destacando-se logo em 1865-1865, pelos ataques que faz aos defensores das concepções mais tradicionais em arte, como o Feliciano de Castilho, na polêmica conhecida como a Questão Coimbrã. Após a formatura, seguindo exemplo de Proudhon resolve aprender o ofício de tipógrafo na Imprensa Nacional (1866), seguindo logo a seguir para Paris onde apoia os operários franceses. Não tarda a regressar a Portugal e a viajar para os EUA.
Em 1868 fixou-se em Lisboa, onde funda com antigos colegas da universidade o Cenáculo, na Casa de Jaime Batalha Reis. Nesta fase distinguiu-se como um grande paladino das ideias republicanas.
No ano da Comuna de Paris (1871), em Lisboa, organiza as célebres Conferências do Casino, que marcaram o inicio da difusão das ideias socialistas e anarquistas em Portugal. Neste ano rompe com o cristianismo e passa a defender uma organização social de inspiração anarquista (Proudhoniana), assente em dois pilares fundamentais: a liberdade e a fraternidade. Neste ano funda diversas associações operárias, publica folhetos e dirige jornais de propaganda das novas ideias ( A Republica Federal, A República-Jornal da Democracia Portuguesa, O Pensamento Social e a Revista Ocidente).
Durante uma viagem a Paris, fica gravemente doente. Em 1881 refugia-se em Vila do Conde, onde estuda Schopenhauer e E. Hartmann. Numa carta datada de 7 de Agosto de 1885, a Carolina Michaelis de Vasconcelos, afirma que terminar o seu período poético e entrara no filosófico, pretendendo desenvolver e sistematizar a sua filosofia.
Em 1890 é chamado para encabeçar um movimento patriótico que opôs Portugal à Inglaterra em relação à partilha de África.
Agastado com múltiplos problemas para os quais não consegue encontrar resposta, acaba por regressar a Ponta Delgada (Junho de 1891) onde se suicidou.
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Antero de Quental pertenceu à denominada “Geração de 70”, que inclui Eça de Queiróz, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Teófilo de Braga, Adolfo Coelho, Guerra Junqueiro, Gomes Leal e muitos outros, e que que assumiu como um grande objectivo a reforma cultural e social de Portugal.
A filosofia de Antero é inseparável da sua poesia, onde de forma mais sistemática procurou desenvolver todo um percurso poético-filosófico desde a dúvida religiosa até um panteísmo de inspiração oriental. Reagindo contra o naturalismo e o positivismo que predominavam no seu tempo procurou, no final da vida conceber uma filosofia centrada na consciência e na liberdade.
Fases da obra de Antero de Quental
Obras poéticas: Odes Modernas (1865); Primaveras Românticas (1871); Sonetos (1886); Raios de Extinta Luz (obra póstuma, 1892);
Obras e artigos político-filosóficos: Arte e Verdade – Caracteres Positivos da Arte (artigo, 1865); O Sentimento de Imortalidade (artigo, 1868); Portugal Perante a Revolução de Espanha (1868); O que é a Internacional ?(1871); Causas da Decadência dos povos peninsulares nos últimos três séculos (1871); Considerações sobre a Filosofia Histórica Literária Portuguesa (1872); Ensaio sobre as bases filosóficas da moral ou filosofia da religião; A Filosofia da Natureza dos Naturalistas (1887); O Socialismo e a Moral (1889); Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Séc. XIX (in, Revista Portuguesa, 1890); Defesa da Carta Evangélica de S.S.Pio IX, contra a Chamada Opinião Liberal; etc
Antero de Quental. Obras Completas. Lisboa. Universidade dos Açores. 7 volumes.
(Fonte: http://afilosofia.no.sapo.pt/12aquental – Carlos Fontes)
(Fonte: Veja, 3 de julho de 2013 – ANO 46 – N° 27 – Edição 2328 Panorama – Veja Recomenda/ Por Leonardo Coutinho – Pág: 124)