Antonio Berni (Rosario, 14 de maio de 1915 – Buenos Aires, 13 de outubro de 1981), pintor argentino que conquistou, em 1962, o Grande Prêmio Internacional da Bienal de Veneza. Antonio Berni foi um grande pintor argentino.
Nasceu em Rosário (Província de Santa Fé) em 14 de maio de 1905. A obra de Berni é pouco conhecida no Brasil, embora ela seja considerada a mais expressiva do século XX e a de maior cotação internacional entre os modernistas de seu país.
Berni integra o grupo ligado à arte político-social na América Latina, com suas representações caricaturais e irreverentes de um universo popular de classes desprivilegiadas, como a criação dos personagens Juanito Laguna, um menino pobre que relata o cotidiano da favela.
Juanito representa as crianças pobres das grandes cidades latinoamericanas que moram em casas humildes de lata e papelão. Seus pais trabalham em fábricas e oficinas, fazen changas para manter sua família. Suas mães trabalham de costureiras ou faxineiras.
Esta situação de exlusão se acentuou desde os anos 60 quando nasceu o personagem, até nossos dias. Berni dedicou várias obras a explorar este arquétipo latinoamericano.
Yo a Juanito Laguna lo veo y lo siento como el arquetipo que es; arquetipo de una realidad argentina y latinoamericana, lo siento como expresión de todos los Juanitos Laguna que existen. Para mí no es un individuo, una persona: es un personaje En él están fundidos muchos chicos y adolescentes que yo he conocido, que han sido mis amigos, con los que he jugado en la calle (Antonio Berni, Escritos y papeles privados).
Ramona Montiel é outra personagem de Berni. A mulher que sai do interior para conquistar uma vida melhor na cidade, tornando-se prostituta e, consequentemente, lutando contra os preconceitos. Ambos transformam-se em visão concreta de uma lacerante condição humana.
Yo a Juanito y a Ramona los hice precisamente en collage, con materiales de rezago, porque era el entorno en que ellos vivían; y así no apelaban justamente a lo sentimentalista. Yo les puse nombre y apellido a una multitud de anónimos, desplazados, marginados niños y humilladas mujeres; y los convertí en símbolo, por una cuestión exactamente de sentimiento. Los rodeé de la materia en que desenvolvían sus desventuras, para que, de lo sentido, brotara el testimonio (Antonio Berni, Escritos y papeles privados).
Mesmo antes de ganhar o Grande Prêmio de Gravura da Bienal de Veneza de 1962, Berni teve reconhecimento internacional. Entre 1955 e 60, ele expôs em Paris, Bucareste, Varsóvia, Praga e Moscou.
A partir do prêmio, expôs no Museu de Arte Moderna de Paris, em 1965, e também em 1971, e foi laureado na Bienal Internacional de Gravura de Liubliana, Iugoslávia, e de Cracóvia, Polônia. Ainda nos anos 60, ganhou mais um prêmio na Exposição Intergráfica de Berlim.
A técnica exclusiva de mesclar a xilogravura com elementos da colagem e o volume que conseguiu imprimir às gravuras, deram-lhe um lugar ímpar na vanguarda modernista, junto com a temática social que permite compreender o cotidiano das cidades latinas, seus costumes e mitos regionais. Esses trabalhos têm componentes do surrealismo com preocupações do período realista.
Utilizando uma técnica própria de collage na qual incorpora materiais de dejetos e objetos encontrados, Berni cria, assim, um universo onde dois mundos aparentemente antagônicos, se confrontam o da arte culta e da cultura popular, utiliza os resíduos de forma emblemática para aludir a uma realidade descarnada, extrema e irritante, que enturva a atmosfera dos seus quadros. Essa tangibilidade dos detritos é uma franca crítica ao sistema que os produz.
A série A obsessão da beleza, de 1975, corresponde a um tempo nefasto da história argentina, de golpes militares e de crise sócio-econômica. A série de serigrafias é uma alegoria que vai do seu impiedoso sarcasmo ao descrever os sacrifícios a que as mulheres se submetem para atingir a beleza até as torturas vividas nesse período histórico.
Antonio Berni faleceu dia 13 de outubro de 1981, aos 76 anos, de colapso cardíaco, em Buenos Aires.
(Fonte: Veja, 21 de outubro de 1981 Edição n° 685 DATAS Pág; 115)
(Fonte: www.mostraolixo.wordpress.com/artes – Antonio Berni e suas personagens do lixo: Juanito e Ramona)