O publicitário Antônio Mafuz foi um dos fundadores da MPM Propaganda e um dos nomes mais importantes do mercado publicitário entre as décadas de 60 e 90
Antônio Mafuz, publicitário, foi um dos fundadores da extinta MPM Propaganda e um dos nomes mais importantes do mercado publicitário entre as décadas de 60 e 90
Mafuz foi o fundador da Associação Riograndense de Propaganda (ARP), em 1956.
A MPM foi criada em 1957 pelos publicitários gaúchos Luis Macedo, Petrôneo Corrêa e Antônio Mafuz. A agência foi famosa na publicidade brasileira por mais de 20 anos, como a maior agência do país.
Depois foi comprada pela Lintas e acabou desaparecendo depois da operação da multinacional. No final de 2002, a marca foi comprada pela Ypy, holding dos sócios Nizan Guanaes, Guga Valente e Banco Icatu.
Ele foi um dos criadores da Agência MPM, em 1957, em Porto Alegre-RS, que foi a maior do Brasil por 15 anos seguidos e chegou a 32º no ranking mundial. Nesse período, criou para empresas públicas e privadas, teve mais de 1.000 trabalhadores e deixou pérolas para a cultura publicitária nacional, como “Vem pra Caixa você também”, “Gasolina Ipiranga, 10 pontos melhor”, “As barbadíssimas JH Santos”.
Mafuz passou a Agência adiante em 1991, para a multinacional Lintas. O talento de Antônio Mafuz foi além dos anúncios. Também trabalhou em rádio e televisão. E era também um bem-humorado. Vou lembrar aqui algumas de suas histórias. Em 1956, liderou um grupo de publicitários para fundar a Associação Riograndense de Propaganda – ARP. Depois, em 1985, ele seu amigo Maurício Sirotsky Sobrinho doaram a atual sede da ARP, chamada Casa da Propaganda Adão Juvenal de Souza, homenagem a um pioneiro do mercado publicitário gaúcho.
a amizade entre o árabe Mafuz e os judeus Sirotsky rendeu muitas histórias boas, como a que Sérgio Reis conta no livro Making Off. Foi na “Guerra dos Seis Dias”, em junho de 1967, entre Israel e Egito. No terceiro dia da guerra, Jayme, irmão de Maurício Sirotsky e diretor comercial da Rádio e TV Gaúcha, foi até a MPM, por causa de uma reunião agendada. Na cidade, as colônias árabes e judias juntavam donativos para seus patrícios. E muitos se olhavam atravessados. Quando Jayme chegou na Agência, sério e carrancudo, tinha um pacote enorme e se fez anunciar. A secretária ficou amedrontada e foi falar com o chefe. A história segue assim, no livro do Sérgio Reis:
“- O seu Jayme está aí. Está muito sério e parece que tem uma arma em um pacote.”
Mafuz coçou o queixo, ar pensativo, olhar distante e meio triste.
“- A senhora saia, conte no relógio três minutos e só então faça-o entrar.”
A secretária perplexa, coração disparado.
“- Vá! Faça o que estou mandando.”
E ela fez. Jayme entrou na sala, desembrulhando o pacote que continha uma metralhadora de brinquedo, daquelas que, quando o gatilho é acionado, fazem um som forte de ratatatá, e gritando:
“- Morte aos muçulmanos! Morte aos seguidores de Alá!”
E parou, estupefado, olhos esbugalhados, ao dar de cara com um Mafuz com uma toalha enrolada na cabeça, ao melhor estilo beduíno, brandindo uma enorme espada serracena que enfeitava a parede de sua sala, e berrando a plenos pulmões:
“Morte aos infiéis! Morte aos seguidores do Grande Satã!”
Jayme acionou o gatilho da metralhadora e se atirou para trás de uma poltrona, enquanto Mafuz ameaçava persegui-lo.
“- Estás morto, canalha”
“- Tu estás morto. Vou cortar tua cabeça!”
A gritaria atraiu todos os funcionários, assustados, a tempo de espiarem pela porta e verem os dois “ferrenhos inimigos” se abraçarem em meio a gargalhadas. Jayme fora surpreender e fora surpreendido. Se todos os árabes e judeus fossem como Mafuz e Jayme, a paz no Oriente Médio há muito seria uma realidade. Antes de ganhar a vida como publicitário, Mafuz foi radialista, no final dos anos 40. Também esteve no departamento comercial nos primeiros dias da TV Piratini. Ali foi o primeiro entrevistado de Ênio Rockenback, “mas eu estava tão nervoso que ele acabou me entrevistando”, diz Ênio.
Esta outra história do Mafuz também está no livro de Sérgio Reis. Ele era narrador de turfe, na Rádio Difusora, que no início dos anos 50 era dos Associados (é a Band AM de hoje). Mafuz sempre tinha algumas informações de bastidores e fazia suas apostas. Algumas davam certo, outras, não. Um dia, ele recebeu uma informação ótima. Um amigo que nunca tinha errado garantiu que a égua Esperança ganharia. Mafuz juntou o dinheiro que tinha, pediu emprestado e apostou. Foi narrar. Esperança largou em último. Mas ele continuava confiante, Mafuz narrava aos atropelos, falando mais no último colocado do que nos ponteiros. Até que Esperança, numa grande recuperação, venceu. Sérgio relata:
“E berrou, eufórico:”
“- E cruzam o disco! Esperança em primeiro. Ganhou Esperança.”
Engoliu ar, levantou da cadeira, ergueu o braço direito bem alto, microfone na mão esquerda, e disse a frase que encerrou sua carreira como narrador de turfe:
“- Este cavalo vai pagar um caralhão de dinheiro!!!
Não narrou mais nada e nem precisou. Ganhara dinheiro por muitos anos de trabalho. Mafuz faleceu no último dia de agosto, aos 82 anos de idade, pouco dias antes de a nova MPM lançar uma mega campanha da gaúcha Piccadilly.
Antônio Mafuz faleceu em 31 de agosto de 2005, em Porto Alegre. O publicitário tinha 82 anos e a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
(Fonte: http://propmark.com.br/agencias – AGÊNCIAS / por publicado em 31 de agosto, 2005)
(Fonte: http://www.memoriallandelldemoura.com.br)