Diretor teatral
Um dos principais encenadores do país, criou o Centro de Pesquisa Teatral e dirigiu dezenas de espetáculos antológicos
Foi o grande mestre da atuação no teatro brasileiro
José Alves Antunes Filho (São Paulo, em 12 de dezembro de 1929 – São Paulo, 2 de maio de 2019), foi considerado um dos nomes mais importantes do teatro nacional. Antunes Filho foi um dos discípulos dos diretores do Teatro Brasileiro de Comédia. Ficou conhecido por desenvolver um método teatral experimental que formou diversas gerações de atores.
Encenador esteve à frente de ‘Macunaíma’, adaptação para o livro de Mário de Andrade que foi um divisor de águas nos palcos brasileiros. Genial e controverso, Antunes desenvolveu uma obra fortemente ligada à política e à renovação estética nos anos 1960 e 1970.
Nos anos 80, a peça Macunaíma projetou sua carreira, inclusive para fora do Brasil. Ele deu continuidade a seu processo de pesquisa em montagens como Nelson Rodrigues – O Eterno Retorno (1981); Romeu e Julieta (1984), com Giulia Gam e Marco Antônio Pâmio; Xica da Silva (1988), entre tantas outras. Também foram marcantes seus teleteatros exibidos na TV Cultura.
O diretor de teatro Antunes Filho, entrou na juventude, na Faculdade de Direito da USP no Largo São Francisco, mas desistiu para estudar artes dramáticas.
José Alves Antunes Filho, mais conhecido como Antunes Filho, é considerado pela crítica e por diversos artistas como um dos principais nomes do teatro nacional. Ele nasceu em São Paulo, em 12 de dezembro de 1929, no tradicional bairro do Bixiga.
Na juventude, chegou a entrar na Faculdade de Direito da USP no Largo São Francisco, mas desistiu do curso para estudar artes dramáticas.
Antunes fez parte da primeira geração de encenadores brasileiros dissidentes do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde começou como assistente de direção em 1952, tendo lá trabalhado com estrangeiros decisivos que influenciaram sua geração: Ziembinski, Adolfo Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi e Flaminio Bollini.
Estreou no teatro em 1953 com a peça Week-end, de Noel Coward. Em 1958, fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia e dirigiu o espetáculo “O Diário de Anne Frank”, ganhando prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e da Associação Carioca de Críticos Teatrais (ACCT). Ficou na companhia até o início dos anos 60, quando voltou ao TBC. Sua busca pela perfeição e a disciplina dos atores deram a Antunes Filho a fama de diretor muito exigente.
Macunaíma e obras de Nelson Rodrigues
Em meados dos anos 60, Antunes Filho encenou sua primeira peça de Nelson Rodrigues, “A falecida”. Anos depois, monoua “Bonitinha, mas ordinária”, e adaptou “Vestido de Noiva” para uma série de teleteatro na TV Cultura.
Seu trabalho é fortemente ligado à renovação estética, política e cênica do teatro brasileiro surgido nos anos 1960 e 1970, sobretudo com “Macunaíma” (1978), montagem que tornou-se referência para a geração dos anos 80. Com este espetáculo, Antunes Filho torna-se o primeiro diretor a empreender uma obra dramatúrgica e cenicamente autoral.
Entre os espetáculos que criou está “Trono de Sangue”, baseada na peça “Macbeth”, de William Shakespeare.
Formação de atores
A partir de 1982 no CPT, montou as peças “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (1986), “Paraíso Zona Norte” (1990), “Novas e Velhas Estórias” (1991), “Macbeth – O Trono de Sangue” (1992), “Gilgamesh” (1995) e “Drácula e outros Vampiros” (1996).
Em 1998, apresentou a evolução na pesquisa do ator com “Prêt-à-Porter”, uma série de espetáculos formados por peças curtas, escritas e dirigidas pelos próprios atores, através dos procedimentos desenvolvidos na busca de novos horizontes do teatro. Este núcleo revelou as atrizes Sabrina Greve, Arieta Corrêa e o ator Luiz Päetow.
Por este projeto, a Casa das Américas premiou o CPT com o Gallo de Habana, honraria só concedida a instituições que tenham contribuído com relevância para a evolução estética do teatro na América Latina.
Em 1999, montou com o grupo Macunaíma a tragédia grega “Fragmentos Troianos” (1999), adaptação de “As Troianas”, de Eurípedes. Esse espetáculo foi também apresentado no Festival de Istambul, na Turquia.
Em 2001 e 2002, apresentou duas versões para a tragédia “Medeia”, de Eurípides. Em 2004, dirigiu “O Canto de Gregório”, apresentando o autor Paulo Santoro. Voltou à tragédia em 2005, com sua adaptação para “Antígona”, de Sófocles.
Dirigiu para cinema apenas uma vez, com o filme “Compasso de Espera”, um drama sobre racismo e protagonizado por Zózimo Bulbul e Stênio Garcia, esse seu ator predileto.
Em 2006, recebeu o Prêmio Bravo! de Melhor Espetáculo Teatral do Ano pela peça “A Pedra do Reino” (2006).
Com o apoio do Sesc, criou Centro de Pesquisa Teatral (CPT), escola de formação e grupo permanente, que dirigiu até a sua morte.
Veja o que marcou a carreira do diretor
- Ganhou destaque e prestígio como diretor teatral ao montar “Macunaíma”, baseado na obra de Mário de Andrade, em 1978
- Criou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), escola de formação e grupo teatral por onde passaram importantes nomes do teatro nacional
- Integrou o Teatro Brasileiro de Comédia entre os anos 50 e 60
- Fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia na década de 1950
- Produziu e dirigiu o filme “Compasso de espera”, em 1973, sobre o racismo
- Montou obras de Nelson Rodrigues e William Shakespeare
Os primeiros anos no teatro
Antunes nasceu em São Paulo, em 12 de dezembro de 1929, no tradicional bairro do Bixiga. Na juventude, chegou a entrar na Faculdade de Direito da USP, mas desistiu do curso para estudar artes dramáticas.
O diretor fez parte da primeira geração de encenadores brasileiros dissidentes do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde começou como assistente de direção em 1952. Lá, trabalhou com estrangeiros decisivos que influenciaram sua geração: Zibgniew Ziembinski, Adolfo Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi e Flaminio Bollini.
Sua estreia no no teatro foi em 1953 com a peça Week-end, de Noel Coward. Em 1958, fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia e dirigiu o espetáculo “O Diário de Anne Frank”, ganhando prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e da Associação Carioca de Críticos Teatrais (ACCT). Ficou na companhia até o início dos anos 1960, quando voltou ao TBC.
Sua busca pela perfeição e a disciplina dos atores dá ao diretor a fama de muito exigente.
Em meados dos anos 1960, Antunes Filho encenou sua primeira peça de Nelson Rodrigues, “A falecida”. Anos depois, montou “Bonitinha, mas ordinária”, e adaptou “Vestido de Noiva” para uma série de teleteatro na TV Cultura.
Mas é com a sua versão de “Macunaíma”, em 1978, que sua carreira como diretor ganha o maior prestígio.
“Macunaíma inaugurou um modo de ver teatro no Brasil, uma perspectiva, uma linha de fuga do teatro que se fazia, que eu fazia. Sua importância vai desde a construção do espetáculo, colaborativa já naquela época, até o revolver do mito do herói sem caráter brasileiro”, disse Antunes em entrevista de 2013.
Antunes Filho passa a conduzir o Grupo Macunaíma, que encenou mais adaptações de textos de Nelson Rodrigues, além da consagrada versão de “Romeu e Julieta” com trilha sonora com música dos Beatles, em 1984.
Última peça em cartaz
Com o apoio do Sesc, criou Centro de Pesquisa Teatral (CPT), escola de formação e grupo permanente, que dirigiu até a sua morte.
A última montagem de Filho no teatro foi a peça “Eu Estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse”, texto do francês Jean-Luc Lagarce que estreou no teatro do Sesc Consolação em setembro do ano passado.
Vários atores e artistas passaram pela supervisão de Antunes. Ele influenciou nomes como Luís Melo, Giulia Gam, Alessandra Negrini, Camila Morgado, Renata Jesion, Ondina Clais Castilho, Laura Cardoso, Eva Wilma, Raul Cortez, Cacá Carvalho, Stênio Garcia, Denise Stoklos, Marco Braz, Samir Yazbek, Lee Taylor, Bete Coelho e Roberto Alvim.
Antunes Filho faleceu aos 89 anos em São Paulo. Antunes Filho foi internado no Hospital Sírio-Libanês, região central de São Paulo, há cerca de duas semanas, após sentir um mal-estar. Depois de passar por exames, o diretor descobriu estar com câncer de pulmão em estágio avançado.
(Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/05 – ILUSTRADA / Por Luiz Fernando Ramos – 2.mai.2019)
(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2019/05/02 – POP & ARTE / NOTÍCIA / Por G1, GloboNews e TV Globo –
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura- CULTURA / Por Daniel Schenker – 03/05/2019)
(Fonte: GAÚCHAZH – ANO 55 – N° 19.390 – 4 E 5 de maio de 2019 – TRIBUTO / MEMÓRIA – Pág: 36)