Arlindo Rodrigues (1931 – Rio de Janeiro, 8 de outubro de 1987), cenógrafo e figurinista, um dos mais talentosos carnavalescos do Rio de Janeiro, várias vezes campeõa do desfile das escolas de samba.
Estreou como carnavalesco em 1960, no Salgueiro. Influenciado por Fernando Pamplona, realizou diversos carnavais para a escola tijucana até 1972. Sua marca nesse período foram os enredos históricos, com forte presença de temas africanos.
Arlindo começou no carnaval aos 29 anos, na revolucionária equipe salgueirense comandada por Fernando Pamplona, em 1960, com o enredo “Quilombo dos Palmares”. Dele surgiu toda a concepção de um dos maiores momentos da história do carnaval carioca nesses 80 anos: o memorável desfile do Salgueiro de 1963, “Xica da Silva”, que trouxe figurinos impecáveis, bom gosto e um luxo até então inéditos na Avenida.
Arlindo ficou na vermelho e branco até 1972, participando de outros carnavais inesquecíveis, como “Bahia de todos os deuses” (1969) e “Festa para um Rei Negro” (1971). Em 1974, já na Mocidade Independente de Padre Miguel, deslumbrou o público com a “Festa do Divino”. A grande consagração veio em 1979, com “O Descobrimento do Brasil”. Depois, foi para a Imperatriz Leopoldinense, onde foi bicampeão em 1980 (“O que é que a Bahia tem”) e 1981 (“Teu cabelo não nega”).
Com muita bagagem cultural e uma preferência por temas históricos, Arlindo virou especialista também em temas africanos. É dele um dos mais belos trabalhos de todos os tempos no campo da arte negra, ao falar de uma (im)provável visita do Rei da Costa do Marfim a Xica da Silva, na Imperatriz Leopoldinense, em 1983.
Já em 1986, na União da Ilha, Arlindo se reinventou e elaborou um carnaval alegre e colorido, bem ao estilo da escola insulana. Foi o ano das “Assombrações”, que trouxe também muito requinte, bom gosto e bom humor para a Sapucaí. Entre as assombrações, estavam o leão do Imposto de Renda, o FMI e o medo da bomba atômica.
Ficou conhecido por conseguir camuflar a debilidade financeira das escolas criando alegorias, adereços e fantasias cuja originalidade supria a ausência do luxo.
Buscou estilos que fugissem ao que chamava de brasileirismo estereotipado. “Eu me nego a cobrir tudo o que faço com cachos de bananas e abacaxis só para parecer brasileiro”, dizia.
Trabalhou também para a Mocidade Independente (1974-1976, 1979), Vila Isabel (1977), Imperatriz Leopoldinense (1980-1983, 1985, 1987) e União da Ilha (1986). Foi sete vezes campeão do carnaval carioca, sendo quatro pelo Salgueiro, duas pela Imperatriz e uma pela Mocidade.
Arlindo Rodrigues faleceu em 8 de outubro de 1987, aos 56 anos, de Aids, no Rio de Janeiro.
Arlindo morreu após assinar seu último desfile para a Imperatriz. O enredo era “Estrela Dalva”. Por coincidência, o samba começava a frase “Oh, saudade… Hoje você é carnaval”…
(Fonte: http://extra.globo.com/noticias/carnaval – CARNAVAL/ Por Leonardo Bruno e Gustavo Melo – 27/01/12)
(Fonte: Veja, 14 de outubro de 1987 – Edição 997 – Pág: 83)