Arthur C. Clarke, escritor visionário, tinha formação em física e matemática.

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O fim da odisseia de Clarke

O cientista e escritor: ele criou 2001 e descobriu a “Órbita Clarke”

Em meados dos anos 40, o inglês Arthur C. Clarke (Minehead, 16 de dezembro de 1917 – Colombo, 19 de março de 2008) foi convencido por seu advogado a não patentear uma ideia. Num artigo científico, ele defendeu que os objetivos colocados em órbita a cerca de 35800 quilômetros da superfície terrestre se manteriam em posição estacionaria, o que permitiria usá-los como retransmissores de dados de um ponto a outro do planeta. Embora seu advogado achasse aquilo um exercício fátuo de futurologia, Clarke acabava de lançar as bases de uma invenção revolucionária: os satélites de telecomunicação. Autor de quase uma centena de livros, tornou-se conhecido do grande público graças às suas histórias de ficção científica. A mais famosa delas é 2001- Uma Odisseia no Espaço (1968), transformada em filme em parceria com o cineasta Stanley Kubrick, que soube preservar seus aspectos filosóficos.

Em suas obras, Clarke aliou o rigor do estudioso – ele tinha formação em física e matemática – à imaginação livre do ficcionista. Descreveu robôs capazes de tomar decisões de forma autônoma, como o HAL 9000 de 2001. Suas narrativas sobre viagens interplanetárias acabariam tendo impacto sobre as tecnologias de exploração espacial. Apesar da enorme influencia como escritor, o próprio Clarke considerava o artigo em que enunciava a futura tecnologia dos satélites sua obra mais importante. A faixa em que eles gravitam recebeu o nome de “Órbita Clarke”, em sua homenagem. Desde 1956, Clarke vivia na ex-colônia inglesa do Sri Lanka, onde praticava outra paixão, o mergulho (seqüelas da poliomielite o deixaram preso à cadeira de rodas e ele se dizia ‘’80% operacional na água, contra 10% na terra”). Clarke morreu de insuficiência respiratória no dia 19 de março de 2008, aos 90 anos, Clarke foi um visionário.

(Fonte: Veja, 26 de março de 2008 – Edição 2053 – Ano 41- N° 12 – Memória – Pag; 83)

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