Arthur Moreira Lima, lendário pianista brasileiro
Obra do pianista carioca inclui disco com o cantor Nelson Gonçalves e álbuns com os repertórios de Roberto Carlos, Noel Rosa e Ernesto Nazareth.
O músico referência no piano brasileiro foi responsável por criar aproximar a música erudita e a popular, interpretando de Chopin a Roberto Carlos
Arthur Moreira Lima, pianista lenda da música erudita brasileira. (Foto: LUCAS LACAZ RUIZ/ESTADÃO CONTEÚDO)
Arthur Moreira Lima (nasceu em 16 de julho de 1940 no Rio de Janeiro – faleceu em 30 de outubro de 2024 em Florianópolis), pianista e musicista, referência no piano brasileiro, lenda da música erudita brasileira, foi pianista de sólida formação erudita, aluno da professora Lucia Branco (1903 – 1973), se sobressaiu como intérprete de compositores eruditos românticos como o polonês Frédéric Chopin, (1810 – 1849), o austríaco Franz Liszt (1811 – 1886) e o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959).
O extraordinário músico carioca, que chegou a ser caracterizado como “o Pelé do piano” pela revista francesa La Suisse, põe em foco a trajetória igualmente singular do pianista que sobressaiu como intérprete de compositores eruditos românticos como o polonês Frédéric Chopin, (1810 – 1849), o austríaco Franz Liszt (1811 – 1886) e o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959).
Nascido em 1940 no Rio de Janeiro, Arthur Moreira Lima começou a estudar piano aos 6 anos. Sua professora foi Lúcia Branco, que também ensinou o instrumento para Tom Jobim e Nelson Freire. Aos 8 anos, tocou um concerto de Mozart com a Orquestra Sinfônica Brasileira.
Não demorou para que o pianista ganhasse projeção internacional. Em 1965, ficou em segundo lugar na Competição Internacional de Piano Frédéric Chopin, na Polônia. Em 1970, conquistou a terceira colocação na Competição Internacional Tchaikovsky, na Rússia.
No Brasil, Moreira Lima ganhou destaque como intérprete da Música Popular Brasileira, especialmente com gravações de Ernesto Nazareth e clássicos do choro e samba. A partir de então, criou o projeto Piano pela Estrada, unindo o popular ao erudito.
Com um piano na carroceria de um caminhão — que se transformava em palco –, o musicista fez campanha pela democratização da cultura erudita aos mais diferentes cantos do País.
Ao todo, Arthur Moreira Lima gravou mais de 60 discos e se apresentou com as orquestras filarmônicas de Leningrado, Moscou e Varsóvia, além das sinfônicas de Berlim, Viena e Praga.
Carreira de Arthur Moreira Lima
Nascido no Rio, Arthur Moreira Lima começou a estudar piano com Lúcia Branco (1897-1973), que também ministrou aulas para o mineiro Nelson Freire (1944-2021) e o carioca Tom Jobim (1927-1994). Seu currículo ainda se enriqueceu com outros dois professores de prestígio na Europa, Marguerite Long (1874-1966) e Rudolf Kehrer (1923-2013).
Moreira Lima conquistou dois prêmios de prestígio no pianismo internacional: um segundo lugar no Frédéric Chopin (1965) e um terceiro lugar no Tchaikovsky (1970). Seu talento o levou a ser chamado de “o Pelé do piano” pela revista francesa La Suisse, sobressaindo-se como intérprete de compositores eruditos românticos como o polonês Frédéric Chopin, (1810 – 1849), o austríaco Franz Liszt (1811 – 1886) e o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959).
O músico poderia ser seguido como solista em gravações com a Filarmônica de Viena ou com a Sinfônica de Boston, sob a direção de grandes regentes do final do século 20, mas optou por fazer história no Brasil. Ele colocou um piano na carroçaria de um caminhão e saiu tocando pelo país. As plateias de Moreira Lima não tinham grandes noções sobre técnica e musicalidade, mas aprovavam seu repertório que mesclava músicas clássicas e popular.
O intérprete erudito da MPB
Além de shows, ele ajudou a reposicionar vários artistas populares brasileiros sob um olhar erudito.
Em 1975, o mercado discográfico brasileiro foi surpreendido por um LP de Moreira Lima interpretando peças para piano do compositor Ernesto Nazareth (1863-1934), até então pouco valorizado pelos fãs de música erudita e até pelos ouvintes de música popular. O álbum “Arthur Moreira Lima interpreta Ernesto Nazareth” se tornou tão influente que gerou um segundo volume em 1977.
Em seguida, em 1979, juntou-se com craques do choro, incluindo o clarinetista Abel Ferreira (1915 – 1980), o flautista Copinha (1910 – 1984), o bandolinista Joel Nascimento e o trombonista Zé da Velha, além do grupo Época de Ouro – em show que deu origem ao disco ao vivo “Chorando Baixinho – Encontro Histórico”. E ainda lançou no mesmo ano um disco dedicado ao compositor Noel Rosa (1910 – 1937), pioneiro do samba carioca.
No início dos anos 1980, lançou dois álbuns com compositor e trovador Elomar, seguido pelo marcante show e disco “Pescador de Pérolas” com Ney Matogrosso, em 1987, além de virar apresentador de um programa de concertos na extinta TV Manchete
O pianista continuou surpreendendo nos anos 1990, ao se juntar ao veterano cantor Nelson Gonçalves (1919 – 1998) no álbum “O Boêmio”, revisitando o repertório de sambas-canção, valsas e tangos do cantor gaúcho dos anos 1940 e 1950. E nos anos 2000 gravou sucessos de Roberto Carlos.
Arthur Moreira Lima faleceu, na quarta-feira, 30, aos 84 anos, em Florianópolis (SC) – cidade onde vivia desde 1993 – em decorrência de complicações de câncer no intestino, deixa um toque de classe na música brasileira. A informação foi confirmada pela família de Moreira Lima ao Instituto Piano Brasileiro, que homenageou o musicista em uma publicação nas redes sociais.
Arthur Moreira Lima tratava, desde 2023, um câncer no intestino e estava na casa de sua família em Florianópolis (SC). “Nossos agradecimentos a esse gigante incomparável, por tudo que fez pela cultura brasileira e pianística. Que seu nome seja sempre reconhecido entre os heróis brasileiros”, disse o instituto.
(Direitos autorais: https://www.terra.com.br/diversao/musica – DIVERSÃO/ MÚSICA/ ENTRETÊ/ Pipoca Moderna/ Por: Giovanna Camiotto/ por Redação Terra – 30 out 2024)
*Com Estadão Conteúdo
(Direitos autorais: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2024/10/31 – POP & ARTE/ MÚSICA/ Por Mauro Ferreira – 31/10/2024)
Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em ‘O Globo’ e ‘Bizz’.