A CERVEJA NO BRASIL
Ao contrário de alguns países americanos, no Brasil somente no século XIX começou a difundir-se o consumo da cerveja. Até então os comerciantes portugueses não tinham nenhum interesse por essa bebida, pois ela representava uma séria ameaça ao consumo de vinho que a colônia importava de Portugal.
Com a vinda da família real para cá, novos costumes foram-se formando na sociedade colonial de então. Já por essa época era grande o contingente da colônia inglesa que tinha o hábito de tomar cerveja, que importava da Inglaterra e outros países. Na época de D. Pedro I, timidamente, os brasileiros começaram a se interessar pela cerveja importada.
Um pequeno anúncio publicado no Jornal do Commercio, em 26-10-1836, incitando o público a beber a Cerveja Brasileira, demonstra que já por esse tempo o consumo de cerveja no Brasil era suficiente para motivar uma incipiente fabricação nacional, apesar da falta de meios técnicos.
As primeiras cervejas realmente brasileiras só começaram a aparecer no início da República. Eram produtos rústicos, cuja fermentação provocava grande quantidade de gás carbônico no interior das garrafas, pressionando as rolhas que estouravam. Para evitar esse prejuízo, os cervejeiros costumavam amarrar as rolhas com barbante no gargalo das garrafas (à semelhança do que ocorre com a champanha). Tal procedimento, aliado à qualidade dessas cervejas, é que deu origem à expressão depreciativa cerveja marca barbante, que, com o tempo, estendeu-se para caracterizar outros produtos de qualidade duvidosa. Ainda hoje é comum ouvir-se a expressão tal mercadoria é marca barbante.
UM POUCO DA HISTÓRIA DAS NOSSAS PRINCIPAIS CERVEJARIAS.
A primeira fábrica de cerveja com todos os requisitos técnicos indispensáveis foi fundada em 1888. Era a Manufactura de Cerveja Brahma, Villigier e Cia., de propriedade do engenheiro suíço Joseph Villigier. Até hoje, permanecem na obscuridade as razões que levaram o engenheiro a escolher o nome Brahma para a sua cerveja. Há pelo menos duas hipóteses mais aceitas que tentam desvendar o porquê desse nome. A primeira diz que o engenheiro inspirou-se na história mística da Índia. E esse nome seria uma homenagem a uma das principais divindades hindus, que o fascinava sobremaneira. A segunda relaciona o nome Brahma ao do compositor alemão Johanns Brahms, que teve seu apogeu de sucesso por volta de 1879, justamente no ano que Joseph Villigier chegava ao Brasil. O vocábulo Brahms, por ser masculino, foi adaptado para o feminino para concordar com a palavra feminina Manufactura.
No dia 03 de setembro do mesmo ano, foi registrada, na Junta Comercial, sob o número 1.549, a marca Brahma, em nome da firma Villigier e Cia.
Em 1894, a pequena cervejaria foi vendida para a firma George Maschke e Cia. Como o mercado já se mostrava promissor, a nova direção tratou de modernizar e ampliar a fábrica para fazer um produto de qualidade superior que pudesse competir com as cervejas de origem estrangeira. A cerveja produzida era de baixa fermentação e teve aceitação imediata do público consumidor. A grande procura pela cerveja Brahma obrigou de pronto o aumento da produção, que foi o primeiro passo para o desenvolvimento da firma.
Alguns anos mais tarde, em 1904, aconteceu a fusão da cervejaria de Maschke com a Preiss, Haussler e Cia., resultando então a Companhia de Cervejaria Brahma, que já começou produzindo seis milhões de litros.
A primeira fábrica, fora do Rio de Janeiro, surgiu quando, em 1921, a Brahma se associou à Cia. Cervejaria Guanabara S. A., inaugurando uma unidade em São Paulo. Sete anos mais tarde, a Cervejaria Guanabara transformava-se na filial de São Paulo.
O grande acontecimento na história dessa cervejaria ocorreu no carnaval de 1934 quando conseguiu uma proeza que parecia impossível: engarrafar o seu chope. A Brahma Chopp passou a ser a cerveja mais consumida no País. Nesse mesmo ano, a produção da Brahma atinge a marca de trinta milhões de litros de cerveja. Alguns anos mais tarde é lançada a Brahma Extra, que também teve grande aceitação.
Nos anos 40, a Brahma expandiu-se para outros Estados, incorporando uma série de pequenas cervejarias regionais, que se transformaram em filiais Brahma: Hanseática (Rio de Janeiro), Curitiba (Paraná), Continental, Passo Fundo e Maltaria (Rio Grande do Sul). Em 1960, a Brahma incorpora a Companhia Paulista de Cerveja Vienense, que passa a ser a filial de Agudos. Na década de 70, continuando sua expansão a Brahma incorpora a Cervejaria Astra S/A, de Fortaleza, a Frattelli Vita e depois a Companhia de Bebidas da Bahia (Cibeb), na Bahia, a Cervejaria Miranda Corrêa S. A, em Manaus, e a Cervejaria Cuiabana, em Cuiabá.
Com a compra da Skol, em 1980, a Brahma que se orgulha de ser um capital 100% nacional, aumenta a sua produção em sete Estados, assumindo a supremacia na produção de cerveja no Brasil. Em 1982, a Brahma lança a Brahma Light, primeira cerveja de baixa fermentação e baixo teor alcoólico do Brasil. Pela sua sofisticada embalagem esta cerveja recebeu o Clio Award, importante prêmio publicitário dos EUA. Dois anos mais tarde, surge no nosso mercado a Malt 90.
A Companhia Antarctica Paulista foi a segunda cervejaria de porte que surgiu no Brasil, em 1891, autorizada a funcionar por decreto assinado pelo então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, que aprovou seus estatutos.
A primeira unidade de produção que entrou em funcionamento estava instalada no Parque Antarctica, no bairro da Água Branca. Hoje, passados vários anos, a Antarctica, depois de incorporar várias pequenas cervejarias regionais, evoluiu para 85 unidades de produção. Da mesma forma que a sua grande concorrente, a Brahma, a Antarctica tem uma longa tradição como anunciante, sendo mesmo considerada o mais antigo anunciante brasileiro. Preserva toda sua história no museu Antarctica, cujo acervo, em parte, é composto por peças publicitárias que datam do final do século passado.
A cervejaria Caracu foi fundada, em 1899, na cidade paulista de Rio Claro, pelo grupo de Nicolau Scarpa. A Caracu foi a primeira cerveja preta da América Latina que, pela sua qualidade, recebeu prêmio internacional na Inglaterra e na Itália.
Em 1969, o forte grupo português Sagres (fabricante da cerveja mais popular de Portugal a Sagres) penetra em nosso mercado através da incorporação da Caracu, cujo nome passa para Cervejaria Reunida Skol-Caracu S/ A . No ano seguinte, começa a funcionar a fábrica do Rio de Janeiro, que passa a ser a sede da Skol. Inicialmente, a cerveja Skol era vendida em meia garrafa, mas no começo da década de 70 foi a pioneira no Brasil a lançar a cerveja em lata, produzida pela fábrica de Rio Claro.
A cerveja Kaiser, fabricada por empresa de grande porte, foi lançada em 1984 em Minas Gerais, na inauguração da Cervejaria Kaiser Minas S/A, em Divinópolis.
(Fonte: VIDA BIBLIOTECA Um Guia de Auto-Suficiência Como Fazer Cerveja – EDIT. TRÊS)