Aurélio de Figueiredo (Areia, 3 de agosto de 1854 – Rio de Janeiro, 9 de abril de 1916), pintor, desenhista, escultor, escritor e gravador.
A maioria dos paisagistas que pintaram as paisagens brasileiras entre o século XVI e o começo do XX, como o holandês Frans Post (1612-1680) e o paraibano Aurélio de Figueiredo, registrou sua época com rigor e precisão. A maior parte de suas obras é formada por verdadeiros documentos sobre os costumes e a natureza do país.
Houve momentos, entretanto, em que esse artista se permitiu soltar a imaginação para compor temas livres a partir da geografia, da gente e dos bichos brasileiros.
Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (irmão de Pedro Américo), nasceu em Areia, Estado da Paraíba e faleceu na cidade do Rio de Janeiro.
Demonstrando desde cedo pendor para o desenho e a caricatura, foi enviado na adolescência para o Rio de Janeiro, a fim de cursar a Academia Real de Belas-Artes, o que fez sob a orientação do próprio Pedro Américo e do eventual substituto deste, Júlio Le Chevrel.
Por volta de 1871, ainda estudante, publicou em A Comédia Social suas primeiras caricaturas. Colaborou também na Semana Ilustrada, entre 1873 e 1875, sempre com caricaturas, nas quais se destacam, no dizer de Herman Lima, “o traço vigoroso e elegante, o desenho correto e limpo, a composição harmônica”.
Concluído o curso da Academia, Aurélio de Figueiredo parte para Florença, onde já se encontra o irmão mais velho: permanece na Europa de 1876 a 1878, tendo sido aluno, na Itália, de Antonio Ciseri, Nicolo Barabino e Stefano Ossi, todos eles pintores de história, gênero e retratos.
Em fins de 1878 acha-se de novo no Brasil, dando início a curta colaboração em O Diabo Coxo, de Recife, encerrada em 1879 quando o periódico deixou de circular.
De novo no Rio de Janeiro, mas com algumas viagens à Europa, Aurélio de Figueiredo inicia em 1880 intensa atividade, produzindo abundantemente, expondo com frequência.
Gonzaga Duque, em fins da década de 1880, acentua-lhe a predileção pelas alegorias e pela pintura decorativa, a facilidade do pintor e o seu talento. A obra mais notável dessa fase é sem dúvida a grande composição Paulo e Francesca de Rimini, de 1883, em que se destacam a composição e o tratamento das texturas.
A década de 1890 será também de muita atividade: Aurélio de Figueiredo pinta, então, alguns de seus melhores trabalhos, como O Copo d”água (1894), além de se impor como autêntico líder de classe, tentando, embora em vão, congraçar os artistas em torno a uma Galeria Livre, um “centro de atividade e expansão artísticas” destinado a agitar o marasmo cultural da época.
Foi porém em 1905 que o artista pintou sua obra mais célebre, A Ilusão do Terceiro Reinado, feita com autorização do Congresso Federal e adquirida pelo Presidente Rodrigues Alves.
Este quadro é de importância histórica, porque focaliza episódio desenvolvido durante o célebre Baile da Ilha Fiscal, o último da Monarquia. Tal obra é mais conhecida, embora erroneamente, como o Último Baile da Ilha Fiscal, se bem que o próprio artista, em pelo menos uma ocasião, a tenha designado como O Advento da República (Renascença, nº 37, março de 1907).
Muitas outras composições históricas executou Aurélio, entre elas Abdicação de Pedro I, Tiradentes no Patíbulo, Redenção do Amazonas, Derradeira Sinfonia – obras de encomenda, ou que se destinavam a serem compradas por governos provinciais.
Como os temas para esses trabalhos eram sugeridos por historiadores, havia maior preocupação com aspectos documentais do que propriamente artísticos.
Não será nessas grandes composições que encontraremos o melhor de Aurélio de Figueiredo, e sim nas obras de cavalete, “pequenas fantasias de pincel”, como a algumas delas chamou Gonzaga Duque.
Aurélio foi também paisagista, pintou naturezas-mortas e flores, fez retratos e, para o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, apresentou, em 1909, quatro deliciosos esbocetos.
Paralelamente, praticou a escultura, foi poeta e romancista, tendo inclusive vencido um concurso instituído pela Folha Nova de São Paulo, com o romance Missionário.
Deixou obra abundante, que expôs em numerosíssimos ensejos, não apenas no Rio e em São Paulo, como em várias outras cidades brasileiras. Pequena parcela dessa sua produção foi mostrada no Museu Nacional de Belas-Artes em 1956, por ocasião do centenário do seu nascimento.
Foi, como Pedro Américo, um romântico; mas sem os arroubos de teatralidade e grandiloquência do irmão.
Como artista, aliás, há quem o anteponha ao autor da Batalha do Avaí, pois foi sem dúvida maior colorista, dotado de maior emoção, e sobretudo, de uma visão mais atualizada.
Faleceu a 9 de abril de 1916, deixando nas filhas o velho gosto musical da família, por elas concretizado na Escola Figueiredo, famosa na crônica do ensino de piano da antiga capital da República.
(Fonte: Veja, 7 de setembro de 1994 – ANO 27 – N° 36 – Edição 1 356 – ARTE/ Por Angela Pimenta – Pág: 130/131)
(Fonte: CD-Rom “500 Anos de Pintura Brasileira”)
(Fonte: http://www.pitoresco.com)