Barbara Heliodora Carneiro de Mendonça, tradutora, ensaísta e crítica teatral, a senhora Shakespeare

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Lady Shakespeare

Barbara Heliodora Carneiro de Mendonça, tradutora, ensaísta e crítica teatral carioca, doutora em História do Teatro pela Universidade de São Paulo.

Uma tese, quatro traduções, inúmeros ensaios e artigos, é difícil encontrar no Brasil alguma coisa que se refira a Shakespeare que não tenha ao seu lado a chancela de Barbara Heliodora. Esta união indissolúvel com o imortal da literatura começou quando Barbara tinha apenas 12 anos de idade.

Sua mãe, admiradora de Shakespeare – de quem chegou a traduzir, sem nunca publicar, as peças Hamlet e Ricardo III -, resolveu presenteá-la com as obras completas do dramaturgo, espremidas num único volume. As letras eram minúsculas, o que só dificultava e desencorajava a leitura. Foi assim, cheia de obstáculos – como qualquer grande história de amor, – que teve início a paixão de Barbara por Shakespeare.

Em 17 de outubro, chegou às livrarias mais um capítulo desse longo e bem-sucedido caso de amor: o volume A Comédia dos Erros e O Mercador de Veneza com tradução de Barbara. A reunião das duas comédias – uma que talvez tenha sido a primeira peça de Shakespeare e outra composta quando ele já atingia sua plena maturidade – da veia cômica do escritor.

Seduzida a partir dos 12 anos, aos 18 Barbara só pensava em estudar na Inglaterra. A II Guerra Mundial atrapalhou seus planos. Em 1941, ela desembarcou nos Estados Unidos, onde frequentou a faculdade de Literatura Inglesa e de História do Teatro na Connecticut Universal. Seu desempenho em Shakespeare ultrapassou todos os limites conhecidos por essa universidade. Resultado: ao morrer, sua professora de Literatura, Dorothy Bethurum Loomis, uma shakespeariana de carteirinha, deixou registrado em testamento que todos os seus livros sobre o assunto deveriam ir para as mãos de Barbara.

(Fonte: Veja, 17 de Outubro de 1990 – ANO 23 – N° 40 – Edição 1152 – LIVROS/ Por Barbara Heliodora Carneiro de Mendonça – Pág; 86/87)

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