Benedito de Jesus Calixto (1853-1927), é um dos pilares da pintura realista acadêmica brasileira, corrente conservadora que sobrepõe a técnica à emoção. Ao lado de Pedro Alexandrino (1864-1942) e Oscar Pereira da Silva (1867-1939).
Apelidado de pintor caiçara, Calixto retratava a natureza objetivamente, sem interpretações. Estudou em Paris entre 1883 e 1885, época em que a pintura foi revolucionada pelos impressionistas. Mas nem essa proximidade mudou-lhe o estilo. As marinhas, feitas in loco, registram a luz do amanhecer e do entardecer do litoral paulista. Já as paisagens urbanas são cuidadosas recontituições de uma São Paulo que não mais existia, mesmo quando ele as pintou: foram feitas a partir das fotos de Militão Augusto de Azevedo (1837-1905), primeiro fotógrafo a registrar imagens da cidade e seus habitantes. Eram datadas de 1862 a 1887. Temas religiosos e históricos também o motivavam. Optava sempre pela suavidade das cores, utilizando palheta em tons pastel, com predomínio de rosas, verdes e azuis-claros. Parte de sua obra, pertencente ao acervo do Banco Boavista.
Benedito de Jesus Calixto nasceu em 1853, em Itanhaém, São Paulo. Ainda jovem mudou-se para Santos, dedicando-se à pintura e à decoração. Aperfeiçoou a técnica na Academia Julian, em Paris, orientado por acadêmicos. Sua simplicidade explica a preferência pelas cenas cotidianas. Devido ao interesse pela pintura histórica, aprofundou-se no estudo do passado de São Paulo; compilou em livros seus conhecimentos. Fez trabalhos em algumas igrejas da capital paulista. Teve três filhos. Morreu em 1927.
SUA ÉPOCA
Benedito Calixto viveu um período de grandes mudanças no Brasil. A campanha abolicionista começava a mudar o perfil da sociedade e culminou com a Lei Áurea (1888). Em Pernambuco, o líder religioso Antônio Conselheiro (1830-1897) reuniu cerca de 30 000 pessoas na comunidade de Canudos. Sua força política levou o governo a dizimá-la. O país passou de monarquia a república em 1889. As cidades cresceram em ritmo acelerado, pricipalmente São Paulo. Pela proximidade com o porto de Santos, tornou-se importante centro financeiro e comercial no início do século, atraindo novos moradores pela crescente oferta de empregos. Em 1922, a turbulência causada pela Semana de Arte Moderna não influenciou o pintor.
(Fonte: Caras – Arte – Calixto)