Pôster de ‘Casablanca’ – Divulgação
William Gold (Brooklyn, 3 de janeiro de 1921 – Greenwich, Connecticut, 20 de maio de 2018), designer gráfico foi um dos maiores designers de pôsteres de cinema
O designer foi responsável por mais de dois mil cartazes, de filmes como “Casablanca”, “O Exorcista”, “Laranja Mecânica” e “Os Bons Companheiros”.
Em mais de setenta anos de carreira, Bill Gold ajudou a moldar a mística de Hollywood. Seu primeiro pôster foi “A Canção da Vitória”, em 1942. Logo depois veio um dos seus trabalhos mais conhecidos: “Casablanca”. A última arte do designer foi em 2011, no filme “J. Edgar”, estrelado por Leonardo Di Caprio.
“A primeira imagem que você tem de muitos dos seus filmes favoritos é provavelmente uma criação do Bill Gold””, escreveu Clint Eastwood na introdução de uma coleção de pôsteres.
Em tempos de poucos trailers, o pôster era uma peça crucial para ajudar a definir a imagem mental de um filme para o espectador. O trabalho de Gold era atrair as pessoas para o cinema com apenas poucas imagens e sem revelar o enredo.
‘CASABLANCA’ SEM VER UMA CENA
Em 1942 Gold foi convidado para criar o cartaz de “Casablanca”. Sem ver uma única cena, pintou uma montagem dos principais atores, com Humphrey Bogart à frente vestindo sobretudo e chapéu. Porém, os executivos do estúdio não gostaram por acharem muito monótomo:
“Eles achavam que era muito estático e queriam mais ação. Eu não tive tempo para mudar muito, então apenas coloquei a mão de Bogey na frente com uma arma e eles gostaram disso”, disse o designer ao jornal britânico “The Guardian”, em 2013.
“Gold abordou todos os filmes como uma chance de avançar na narrativa”, disse Michael Bierut, crítico de design gráfico, ao “Hollywood Repórter” em 2011. “Uma imagem estática, em teoria, não pode ter o mesmo poder de um filme, mas poderia de alguma forma encapsular a aventura que você vai ter em 90 minutos.”
– Divulgação
Já na produção do pôster de “O Exorcista”, ele foi proibido de utilizar imagens religiosas ou até da atriz Linda Blair — que interpretou uma garota possuída por demônios. Então Gold decidiu pela silhueta do ator Max von Sydow sob um poste de luz. A sensação sombria do cartaz correu o mundo e é um dos símbolos do filme.
Ao longo dos anos, o estilo usado pelo designer mudou de acordo com o projeto e avanços tecnológicos. Gold iniciou como ilustrador, passou pela fotografia e encerrou sua carreira com trabalhos de computação gráfica. Porém seu nome quase nunca apareceu em suas criações.
Somente em 2010, com o lançamento de um livro com seus trabalhos, que Bill Gold ficou conhecido pelo público.
Bill Gold morreu aos 97 anos, dia 20 de maio de 2018, devido a complicações de demência.
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/filmes – CULTURA – FILMES / POR THE WASHINGTON POST – 29/05/2018)