Bo Widerberg foi o anti-Bergman
Bo Widerberg (Malmö, 8 de junho de 1930 – Ängelholm, 1° de maio de 1997), escritor e cineasta sueco
Quando se pensa em cinema sueco, pensa-se inevitavelmente em Ingmar Bergman. Bo Widerberg, escritor e diretor morto em 1° de maio de 1997, aos 67 anos, era, no entanto, o anti-Bergman.
Essa opção ficou clara desde 1962, quando Widerberg, então crítico de cinema, publicou um texto criticando o divórcio dos filmes suecos com a realidade.
“Ingmar Bergman apresenta os mitos mais ordinários sobre nós, enfatiza noções falsas que os estrangeiros adoram ver confirmadas”, escreveu à época, aproximando-se da nouvelle vague francesa.
Estado assistencial
A política, o Estado assistencial sueco e a justiça social, temas rejeitados por Bergman desde sua traumática simpatia pelo movimento nazista, na juventude, são recorrentes nos filmes de Widerberg.
Diferentemente, porém, da maior parte do cinema político dos anos 60 e 70, os filmes de Widerberg não tratam os personagens como meros representantes de ideias coletivas, mas como indivíduos.
Seus momentos mais intensos são justamente essas imagens de pessoas como agentes sociais.
Widerberg estreou em 1963, com o filme “Barnvagn” (O Carrinho de Bebê), tendo dirigido, no decorrer de sua carreira, 14 longas-metragens.
Seu primeiro sucesso internacional foi “Elvira Madigan”, de 1967, que também fez enorme sucesso no Brasil e foi responsável pela popularização do “Concerto nº 21”, para piano e orquestra, de Mozart.
Dois anos depois, ele recebeu o prêmio especial do júri do Festival de Cinema de Cannes por “Aadalen 31”.
“Joe Hill” (1971) também foi premiado em Cannes, mas Widerberg nunca voltou a obter um sucesso da extensão de “Elvira Madigan”.
Seu último filme foi realizado em 1995, depois de oito anos longe das câmeras. “All Things Fair” concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
O realismo de Widerberg teve influência fundamental no desenvolvimento do cinema documental escandinavo.
(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial – FOLHA DE S.PAULO – ESPECIAL/ Por HUMBERTO SACCOMANDI da Reportagem Local – São Paulo, 3 de Março de 1997)