Boris Pasternak, Prêmio Nobel de Literatura em 1958 com o clássico da literatura Doutor Jivago.

0
Powered by Rock Convert

Pasternak: uma dose de veneno a tiracolo

Boris Pasternak (Moscou, 10 de fevereiro de 1890 – Peredelkino, 30 de maio de 1960), romancista e poeta russo, mundialmente famoso pelo romance Doutor Jivago, em 1958, é agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, mas as autoridades de seu país o impedem de recebê-lo.

Perturbado com a campanha de difamação acionada em 1958 pelas autoridades soviéticas, irritadas com sua escolha para o Prêmio Nobel de Literatura daquele ano, o escritor russo Boris Pasternak passou a carregar a tiracolo uma dose letal de veneno.

Exasperado com o cerco, Pasternak sugeriu a sua companheira de muitos anos, Olga Ivinskaya – a inspiradora de “Laura”, personagem de “Doutor Jivago” -, que cometessem um suicídio conjunto. Seria, segundo ele, a derradeira bofetada em seus perseguidores.

Pasternak – no ostracismo desde a publicação na Itália de seu “Doutor Jivago”, tido como contrapropaganda do Estado soviético – recebeu um convite para reintegrar-se à União dos Escritores Russos, da qual havia sido expulso por “traição”, mediante um pequeno préstimo: ele deveria escrever uma ode aos sputniks, ou então uma carta de paz ao primeiro-ministro indiano Jawaharlal Nehru.

Pasternak recusou-se a fazer o trato e jamais foi reintegrado. Nem mesmo sua morte, em maio de 1960, encerraria a perseguição. Depois de seu funeral, agentes da KGB, a polícia política da União Soviética, começaram a caçar seus escritos, apoderando-se de um manuscrito deixado para Olga e sua filha. Acusados do crime de “conivência”, ambas foram condenadas a alguns anos de degredo na Sibéria. À controvérsia em torno do Prêmio Nobel, sua recusa ao ser laureado, por medo de ser expulso da Rússia, e a perseguição que sofreria desde então.

(Fonte: Veja, 18 de novembro de 1981 – Edição 689 – LIVROS/ Por TERESA DE ALMEIDA – Pág: 137)

Powered by Rock Convert
Share.