Bruno Giorgi, desenhista e escultor que estudou com o mestre francês Aristide Maillol (1861-1944)

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Bruno Giorgi (Mococa, 13 de agosto de 1905 – Rio de Janeiro, 7 de setembro de 1993), desenhista e escultor nascido em agosto de 1905, em Mococa, no interior de São Paulo, filho de um importador italiano de café, Bruno Giorgi partiu, aos seis anos, para Roma, os planos paternos incluíam sua sucessão à testa do negócio.

 

 

Mas a falta de vocação comercial do futuro importador se evidenciava de várias maneiras – entre as quais as notas baixas em matemática. Sentindo que mesmo um mau comerciante pode ser um bom artista, a mãe o matriculou em uma academia de escultura, dirigida por um russo exilado. Mas não percebeu dois detalhes: Giorgi estava mais interessado em desenho que em escultura.

 

 

E o professor era tão retrógrado que o próprio Michelangelo lhe parecia uma abstração modernista. A primeira consequência foi que Bruno Giorgi, para fugir às torturas da matemática, caiu nas da anatomia, com a obrigação de estudar todos os músculos do corpo humano. A segunda foi que, não sentindo vocação nem para comerciante nem para médico, abandonou logo o curso. E a terceira fez com que, na falta de uma profissão para declarar nos documentos oficiais, escolhesse a de “escultor” – que acabou sendo sua carreira.

 

 

Mais do que a escultura, porém, interessava-lhe nessa época a política. Nos anos 20, a estrela ascendente de Benito Mussolini despertou a indignação do jovem artista. E o levou, primeiro, à clandestinidade e depois à cadeia. Giorgi só foi libertado graças aos esforços da embaixada brasileira em Roma. Teve de voltar para São Paulo. Mas partiu logo depois para Paris.

 

 

Bustos na Urca – Em 1935, a Europa sentia a aproximação da Segunda Guerra Mundial, no mesmo clima de inconsciência que Giorgi presenciara anos antes na Itália. No entanto, é a época de sua vida da qual ele se lembra com mais saudade. “Em nenhum momento da história se respirou tanta liberdade nem se criou tanto.

Foram três anos de atividade intensa.” Giorgi estudava então com o conhecido mestre e escultor francês Aristide Maillol (1861-1944). Com ele aprendeu a interpretar a sensualidade através do relevo dos músculos. E participou em Paris dos salões de Outono e das Tulherias. Em 1939, a iminência da guerra trouxe-o novamente para o Brasil.

 

 

Instalou-se em São Paulo, abrindo um atelier junto com o escultor Joaquim Figueira (1904-1943). Mas em 1942 foi para o Rio de Janeiro, onde começou suas incursões pela escultura oficial. No mesmo ano, Giorgi abriu um grande atelier na Urca, de onde saíram bustos de Vila-Lobos, Mário de Andrade, Camões, e onde formou vários discípulos.

 

 

Estudos e resumo – Depois, foi a tranquilidade do escultor reconhecido como o mais importante do Brasil. Encomendas oficiais, como as dos monumentos ao trabalhador, em Cataguases, a Dante Alighieri, no jardim da Biblioteca Municipal de São Paulo, e o “Meteoro” para o Ministério das Relações Exteriores em Brasília (1967), o fizeram reconhecido e famoso. Além disso, houve o prêmio de escultura da II Bienal de São Paulo (1953) e exposições em pelo menos uma dezena de países.

 

 

Os temas variam pouco. Figuras de mulher e, nas obras mais recentes, formas abstratas arredondadas, também evocativamente femininas. O escultor conseguiu dar uma boa ideia de sua evolução. E ao longo desse intervalo observa-se uma linha, desenrolando-se desde os trabalhos em que o relevo é obtido através da justaposição de fios ou lâminas de cobre até a volúpia atual, cujo classicismo se beneficia da sensualidade do mármore de Carrara.

 

 

Essa evolução é explicada pelas características da formação de Giorgi, foi marcada pelo interesse simultâneo que lhe despertaram o desenho e a escultura. No começo, suas obras eram lineares, feitas para serem vistas de frente.

(Fonte: Veja, 22 de agosto de 1973 – Edição 259 – ARTE/ Por Marinho de Azevedo – Pág: 102/103)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Fonte: https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – NOTÍCIAS / GERAL / CULTURA – 8 de nov de 2001)

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