Carlos Alberto Prates Correia, cineasta de ‘Cabaret Mineiro’, ganhou projeção com o longa-metragem “Os Marginais”, de 1968. Em 1969, foi assistente de direção na adaptação cinematográfica do “Macunaíma” de Mário de Andrade, feita por Joaquim Pedro de Andrade

0
Powered by Rock Convert

Carlos Alberto Prates Correia, cineasta de ‘Cabaret Mineiro’

 

 

Carlos Alberto Prates Correia, diretor, renomado cineasta e um dos principais nomes do cinema mineiro das últimas décadas, deu início a carreira como crítico de cinema no extinto jornal Diário de Minas, antes de se tornar assistente de direção no longa “O Padre e a Moça” (1965), de Joaquim Pedro de Andrade, que marcou a estreia do ator Paulo José no cinema.

Durante a carreira, o cineasta recebeu cinco prêmios no tradicional Festival de Gramado e um no Festival de Brasília.

Entre seus trabalhos mais bem sucedidos, estão os filmes “Cabaré Mineiro” (1980), vencedor do Festival de Gramado, e “Noites do Sertão”(1984), que rendeu vários prêmios à atriz Débora Bloch.

Nascido em Montes Claros, a 425 quilômetros da capital Belo Horizonte, Prates Correia dirigiu “Cabaret Mineiro”, de 1981, obra estrelada pelo ator Nelson Dantas, que entoa uma cantiga erótica na celebrada cena “suíte do Quelemeu”. Dantas foi premiado como melhor ator em Gramado pela performance.

O filme baseado no conto “Sororoco, Sua Mãe, Sua Filha”, de Guimarães Rosa, rendeu a Prates os prêmios de direção e produção. Prates Ferreira também adaptou o livro “Noites do Sertão”, do escritor mineiro.

Na década de 1960, um período de efervescência cultural no Brasil, o cineasta fundou o Centro Mineiro de Cinema Experimental (Cemice) em Belo Horizonte, reunindo um grupo de amigos apaixonados pela arte cinematográfica. Com o Cemice, Correia produziu “O Milagre de Lourdes” (1965), filme sobre um padre corrupto em conflito com seus fiéis, que se refugiava nos bordéis da Rua Guaicurus, local icônico da cidade.

Em 1966, Prates Correa partiu para o Rio de Janeiro, epicentro da produção cinematográfica na época, onde dirigiu o episódio “Guilherme”, da antologia “Os Marginais” (1966), de Moisés Kendler, também com Paulo José. Em seguida, ele trabalhou novamente com o ator no clássico “Macunaíma” (1969), dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, como assistente de direção.

Prates Correia ganhou projeção com o longa-metragem “Os Marginais”, de 1968. Em 1969, foi assistente de direção na adaptação cinematográfica do “Macunaíma” de Mário de Andrade, feita por Joaquim Pedro de Andrade.

Após as experiências em projetos renomados, Correia assumiu a direção de seu primeiro longa “Crioulo Doido” (1970). Ambientado em Sabará, o filme narrava a história de Florisberto, um alfaiate humilde que busca ascender socialmente e acaba envolvendo-se em negócios ilícitos, como agiotagem e jogo do bicho.

Neste período, ele ainda atuou como produtor nos filmes “Os Inconfidentes” (1972) e “Guerra Conjugal” (1974), ambos do colega Joaquim Pedro de Andrade, e “Vai Trabalhar, Vagabundo” (1973), de Hugo Carvana. Além disso, colaborou com o cineasta Cacá Diegues nos longas “Quando o Carnaval Chegar” (1972) e “Joana Francesa” (1975). Só clássicos absolutos.

Por conta desse trabalho, Correio levou seis anos para dirigir seu segundo longa. Lançado em 1976, “Perdida” retratava o dilema de uma mulher indecisa entre o subemprego e a prostituição. Em seguida, vieram os aclamados “Cabaret Mineiro” (1980) e “Noites do Sertão” (1984).

Estrelado por Nelson Dantas, “Cabaret Mineiro” acompanha as aventuras de um sertanejo pelo interior de Minas Gerais, explorando elementos culturais da região, como a culinária, as danças tradicionais e a literatura de Guimarães Rosa. O filme recebeu diversos prêmios no Festival de Gramado de 1981, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Ator (Nelson Dantas), Melhor Trilha Sonora (Tavinho Moura) e Melhor Atriz Coadjuvante (Tânia Alves).

Naquele mesmo ano, o cineasta decidiu fazer a adaptação da cinematográfica da novela “Buriti”, escrita por Guimarães Rosa. O resultado foi “Noites do Sertão”, que consagrou Débora Bloch com prêmios nos festivais de Gramado, Brasília e até em Cartagena, na Colômbia.

Em seguida, Correia dirigiu “Minas-Texas” (1989), que retratava a relação tumultuada entre uma jovem romântica e um peão. Andrea Beltrão venceu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Brasília pelo papel principal do filme, que compõe com “Cabaré Mineiro” e “Noites do Sertão” a trilogia sertaneja do diretor.

O filme de aventura “Minas-Texas”, de 1989, estrado por Andréa Beltrão, deu ao cineasta mineiro o Troféu Candango de melhor roteiro.

Entretanto, a carreira do diretor sofreu com a extinção da Embrafilme no ano de 1990, por decisão do governo Collor, que o deixou longe das telas por 18 longos anos. Foi apenas em 2007 que o cineasta retornou para se despedir com seu último longa, “Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais”, também vencedor do Festival de Gramado.

Após a obra, Prates Correia viveu hiato de 18 anos. Em entrevista ao jornal O Tempo, o diretor responsabiliza o período afastado das gravações ao fechamento da Embratur, em 1990, pelo então presidente Fernando Collor de Mello.

Newsletter Maratonar Um guia com dicas de filmes e séries para assistir no streaming *** O diretor da “Cabaret Mineiro” voltou a produzir em parceria com o ator Nelson Dantas. “Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais”, de 2007, foi o último longa de Prates Correia e também recebeu o Kikito em Gramado como melhor filme e melhor montagem.

Desde então, o cineasta vivia vida reclusa no Rio de Janeiro, de acordo com a prima Maria Cecília Ataide Pimenta.

Prates Correia faleceu após sofrer parada cardíaca na madrugada do domingo (28).

Prates Correia deixa a mulher Margarida e o filho João.

(Crédito: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – Pipoca Moderna/ CINEMA/ NOTÍCIAS / por Maria Luiza Priori Pimentel – 28/05/23)(Crédito: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – Folha de S.Paulo / NOTÍCIAS/ BRASIL/ SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – 28/05/23)

Powered by Rock Convert
Share.