GEOMETRIA DA COR
O pintor Scliar: qualidade e quantidade
Carlos Scliar (Santa Maria da Boca do Monte, RS, 21 de junho de 1920 – Rio de Janeiro, 28 de abril de 2001), artista plástico. Poucos artistas plásticos brasileiros tiveram carreira tão produtiva quanto o gaúcho Carlos Scliar. Em seis décadas de dedicação compulsiva, ele teve setenta exposições individuais e participou de mais de 150 coletivas, no Brasil e em várias partes do mundo. Um dos nomes centrais da arte moderna nacional, fortemente influenciado pelo cubismo, Scliar dedicou-se principalmente à pintura, mas também foi gravador, desenhista, ilustrador, designer gráfico, cenógrafo e roteirista. Estuda com Gustav Epstein, em Porto Alegre, em 1934, e no ano seguinte participa como amador da exposição Farroupilha. Em 1938 funda a Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa. Depois de flertar com as artes plásticas desde a infância, a carreira tornou-se definitiva aos 19 anos, quando deixou Porto Alegre para viver em São Paulo. Na capital paulista, entrou em contato com os grandes nomes do modernismo. No Rio de Janeiro, faz em 1944 o documentário Escadas, sobre os pintores Arpad Szenes (1897-1985) e Vieira da Silva (1908-1992).
Em 1944, teve de se afastar dos pincéis para servir à Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália, durante a II Guerra Mundial, experiência que marcou definitivamente sua trajetória. De volta ao Brasil, funda em 1950 com Vasco Prado (1914-1998) o Clube de Gravura de Porto Alegre, mais de um ano depois, ingressou em movimentos pacifistas e, em 1948, foi à Polônia para participar do Congresso dos Intelectuais pela Paz. Viveu três anos em Paris, entre 1947 e 1950, entra em contato com o gravador mexicano Leopoldo Mendez e ilustra as revistas Cahiers d Art e Les Lettres Françaises. Funda a editora Ediarte, em 1962, com Gilberto Chateaubriand, José Paulo Moreira da Fonseca, Michel Loeb e Carlos Nicolaievski. Na década de 70, executa os painéis Porto Alegre Antigo, Porto Alegre Atual e Festa dos Navegantes para o Salão Nobre da Prefeitura Municipal. Em 1986, ilustra a obra O Pintor que Pintou o Sete, de Fernando Sabino. Em 1956, radicou-se em Cabo Frio, no litoral do Rio de Janeiro. Atendendo ao pedido do pintor, a família espalhou suas cinzas sobre as praias da região e anunciou que transformará o ateliê em museu. Scliar morreu no dia 28 de abril de 2001, aos 80 anos, de falência múltipla dos órgãos, no Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 9 de maio, 2001 ANO 34 N° 18 – Edição n° 1699 DATAS/LUPA – Pág; 119)