Revolucionou a mobília brasileira
Celso Carrera (Espanha, 1884 – São Paulo, 1955), marceneiro e mestre espanhol e um dos grandes moveleiros do país. Incluiu inovações em projetos e reproduziu a mobília brasileira com seu jeito próprio, que se manifestou na forma intuitiva de não reproduzir o já consagrado.
O imigrante espanhol foi um dos que definiu o estilo próprio dos móveis no Brasil. A mobília doméstica do país tem um jeito próprio de produzir cadeiras, poltronas e mesas.
Carrera formou-se como oficial de carpintaria pela Companhia de Estrada de Ferro de Araraquara, interior de São Paulo.
É verdade que, ao construir suas peças, esse moveleiro não raro se inspirou no milenar artesanato europeu. A propósito, também os moveleiros europeus se inspiraram nos gregos, que por sua vez copiaram a invenção dos egípcios.
Foram os egípcios que, em pleno século XXVII a.C., inventaram a cadeira. De volta ao século XX d.C., outra fonte de inspiração dos brasileiros foi a escola alemã Bauhaus. No começo do século XX, a Bauhaus, que reuniu também grandes nomes da pintura como o russo Wassili Kandinsky e o suíço Paul Klee, enunciou uma série de princípios racionalistas para a arte aplicada.
A Bauhaus, que subordinava a forma de um objeto a sua função, preconizava a sobriedade dos móveis. Entre seus mestres do desenho aplicado para móveis estão o húngaro Marcel Breuer e o alemão Ludwig Mies van der Rohe. Para eles, qualquer excesso decorativo da mobília, ou de qualquer outro item utilitário, deveria ser sumariamente cortado.
Designers como Celso Martinez Carrera deram o primeiro impulso durante a década de 20.
Desenhada pelo imigrante espanhol Celso Martinez Carrera em 1915, a cadeira Patente “uma das mais famosas da época” é feita de madeira torneada e assento de palhinha.
PREFERÊNCIA NACIONAL – Foi esse justamente o caso do marceneiro Celso Martinez Carrera, autor da cama Patente, inspirada por sua vez nas camas hospitalares fabricadas na Inglaterra.
Nascido na Espanha, em 1884, Carrera chegou ao interior de São Paulo no final do século XIX. Por volta de 1910, começou a trabalhar como carpinteiro da Companhia da Estrada de Ferro de Araraquara.
Seu espírito empresarial o levou a abrir uma marcenaria e a transpor para a madeira a cama inglesa, construída de tubos metálicos.
Sua principal inovação foi adaptar um sistema de encaixes que permitia que a cama, um item acessível a qualquer pessoa, fosse desmontada e transportada para armazéns de todo o país.
Mesmo com sua produção interrompida desde os anos 30, a cama Patente continua sendo uma preferência nacional. Para chegar ao fim do século XX, a Patente de Celso Carrera sofreu pequenas modificações – ou uma “reestilização”, feitas pelo arquiteto gaúcho Fernando Jaeger. A principal mudança sofrida na época pela Patente foi a troca do estrado de mola metálica por um de madeira.
(Fonte: Veja, 15 de dezembro de 1993 – ANO 26 – Nº 50 – Edição 1318 – ARTE/Por Ângela Pimenta – Pág: 152/153)