Celso Pinto, jornalista e um dos criadores do ‘Valor Econômico’
Jornalista passou pela ‘Folha de S. Paulo’ e chefiou a redação da ‘Gazeta Mercantil’. Em 2000, fundou o ‘Valor’ e foi responsável pela estruturação da linha editorial do jornal.
Criador do jornal Valor, era um dos mais completos jornalistas de sua geração
Celso começou na profissão em 1974, como repórter de economia da Folha
Celso Pinto (São Paulo, 1953 – São Paulo, 3 de março de 2020), foi um dos principais jornalistas de economia do país e criador do jornal “Valor Econômico”. Celso começou na profissão em 1974, contratado pela Folha como repórter de economia.
Tinha 22 anos de idade e apenas cinco meses de experiência como jornalista quando foi destacado para cobrir uma reunião da Organização Internacional do Café, em Londres. Saiu-se tão bem que foi recompensado na volta ao Brasil com o primeiro aumento de salário.
Celso foi um dos primeiros jornalistas a apontar os riscos criados pela política de valorização cambial adotada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso para conter a inflação na década de 90, abandonada em meio a uma crise no início do segundo mandato do tucano na Presidência.
Um dos mais importantes jornalistas econômicos de sua geração, Celso Pinto foi uma figura central na criação do Valor, que comandou desde a concepção, em 1999, até maio de 2003, quando problemas de saúde o afastaram da carreira jornalística, exercida com brilhantismo e dedicação durante quase três décadas.
A criação do Valor tornou-se pública em 4 de outubro de 1999. João Roberto Marinho e Luiz Frias, representantes das famílias proprietárias dos grupos Globo e Folha, anunciaram a união das empresas de comunicação em torno do lançamento de um novo jornal de economia.
Celso, à época colunista da “Folha de S.Paulo”, com curriculum construído em sua maior parte na “Gazeta Mercantil” — durante anos a principal referência em jornalismo econômico diário —, foi convidado a tocar o projeto, como diretor editorial.
O jornalista e sociólogo comandou a redação do “Valor Econômico” entre 2000, ano de criação do jornal, e 2003. Também integrou o Conselho Editorial da “Folha de S. Paulo” até março de 2019.
A primeira edição, publicada em maio de 2000, teve quase 150 páginas. O “Valor” viria a se tornar o jornal de economia, finanças e negócios mais influente do país – uma referência para formadores de opinião, políticos e empresários.
Analisou, principalmente, a macroeconomia brasileira, com diversos artigos sobre políticas monetária e cambial. Por 30 anos, frequentou reuniões dos principais órgãos econômicos mundiais, como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial. Conhecido pela precisão e com fontes influentes, dentro e fora do país, virou referência no jornalismo econômico.
Cobriu o lançamento e os desdobramentos do Plano Real, em 1994, e foi convidado pelo economista Pérsio Arida para integrar a equipe econômica liderada por Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda. Mas recusou o convite.
Em 2009, a Publifolha e o “Valor” lançaram um livro que reunia 90 análises de Celso Pinto sobre a política econômica do Brasil dos anos 1980 aos 2000, chamado “Os desafios do crescimento – dos militares a Lula”, que teve todas as cópias da primeira edição vendidas.
O vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo e presidente do Conselho Editorial, João Roberto Marinho, disse: “Nós, companheiros do Grupo Globo, lamentamos a perda do grande jornalista Celso Pinto, responsável pela criação do jornal Valor Econômico. Celso será lembrado não só pela precisão de suas análises econômicas, mas principalmente pela ética no exercício da profissão e por sua capacidade de liderança”.