O intérprete de Guri e Negro da Gaita. O cantor símbolo da Califórnia.
Uma voz livre como um passarinho
César Osmar Rodrigues Escoto (Uruguaiana, 21 de março de 1949 – Caxias do Sul, 14 de maio de 1998), compositor nativista gaúcho, músico tradicionalista, símbolo da Califórnia da Canção.
O cantor uruguaianense César Escoto, conhecido artisticamente como Cesar Passarinho, um dos maiores intérpretes de festivais do Rio Grande do Sul, oriundo e consagrado na Califórnia da Canção Nativa, onde deixou registrado verdadeiros clássicos para o cancioneiro gaúcho como Negro da Gaita e Guri.
O músico César Passarinho nasceu em Uruguaiana, no dia 21 de março de 1949, e foi um dos maiores intérpretes do chamado movimento nativista do Rio Grande do Sul, foi uma mescla de centauro dos pampas e guerreiro de pura cepa dos tauras genuínos.
Na cidade de Uruguaiana, desde 1971, é realizado o festival Califórnia da Canção Nativa – o evento nativista mais importante do Rio Grande do Sul. A palavra Califórnia, segundo dicionário, tem origem grega e, nesse sentido, significaria “conjunto de coisas belas” ou “competição entre vários concorrentes em busca de grandes prêmios”. O prêmio máximo da Califórnia da Canção Nativa é a Calhandra de Ouro, que é um pássaro da região.
Cesar Passarinho era a grande marca dos festivais nativistas gaúchos, tendo ganhado quatro Calandras de Ouro, além de outros sete prêmios como melhor intérprete nesses festivais. Sua discografia é composta por seis álbuns, sendo que preparava o sétimo quando de sua morte.
O apelido Passarinho é uma referência ao pai, que tinha a alcunha de gurrião (pardal). O filho do pássaro se transformou em passarinho. O músico das milongas começou a carreira musical tocando nos bailes de Uruguaiana. O Grêmio Tiradentes, o Clube Caixeral e o Clube Comercial eram animados por conjuntos que tocavam música popular brasileira. César Passarinho se destacou, entre outros, no Conjunto Hi-Fi. O mais inusitado de tudo era o seu instrumento. Além de cantor, Passarinho era baterista. Foi com a 3ª Califórnia, em 1973, que ele descobriu a música regionalista com a apresentação da composição Último Grito. César Passarinho sempre foi um homem da noite. Um boêmio. Era comum encontrá-lo no Corinthians ou no Bar do Cid – lugares em que ele se reunia com os amigos, em Uruguaiana. Durante a década de 70, a bebida afastou-o diversas vezes dos palcos.
Califórnia e César Passarinho são sinônimos. O festival e o músico começaram juntos. O cantor uruguaianense acabou se transformando na marca registrada do festival de música nativista. Com quatro Calhandras de Ouro – troféu máximo da Califórnia – e a conquista de sete prêmios de melhor intérprete, Passarinho foi o mais destacado dos vencedores do festival. Em 1983, com Guri, o pássaro-cantor voou mais alto do que se poderia imaginar. A canção subiu ao palco da Califórnia com nomes como Neto Fagundes e Renato Borghetti. César Passarinho ensaiou a música um dia antes da interpretação. Foi ali que veio a redenção. Naquele ano, o músico se afastou das bebidas e passou a se dedicar à música.
César Passarinho será lembrado como um artista que gostava de cantar o romantismo e as coisas do campo. Com a sua morte, a geração Califórnia ficou órfã. O Rio Grande gaúcho está de luto.
A calhandra, pássaro de canto doce, que só canta quando está livre, nunca mais será entregue a um César que voava até no nome.
Guri (João Machado da Silva e Júlio Machado da Silva Filho) se encerra com os versos “E se Deus não achar muito / Tanta coisa que pedi / Não deixe que eu me separe / Deste rancho onde nasci / Nem me desperte tão cedo / Do meu sonho de guri / E de lambuja permita / Que eu nunca saia daqui”.
Passarinho foi sempre assim. Um guri que cantava. Um músico que continuará representando com sua voz o canto e a tradição do Rio Grande do Sul.
Cesar Passarinho faleceu no dia 14 de maio de 1998, em Caxias do Sul, aos 49 anos, vítima de doença pulmonar.
Paim homenageia compositor nativista gaúcho Cesar Passarinho
O senador Paulo Paim (PT-RS) comunicou ao Plenário, em 9 de março de 2009, a apresentação de requerimento à Casa pedindo um voto de aplauso ao compositor nativista gaúcho Cesar Passarinho. Paim explicou que o músico, falecido em 1998, completaria 60 anos no dia 21 de março.
Cesar Passarinho faleceu no dia 14 de maio de 1998, em Caxias do Sul, aos 49 anos, vítima de doença pulmonar, relatou Paim.
– Creio que, nessa fase derradeira de sua vida, ele foi uma mescla de centauro dos pampas e guerreiro de pura cepa dos tauras genuínos – disse o senador.
Paulo Paim transmitiu os votos de aplauso do Senado à família de Cesar Passarinho em evento promovido dia 22 de março, na Casa do Gaúcho, no Parque da Harmonia, em Porto Alegre. O senador recebeu convidados para comemorar o seu aniversário e homenagear o compositor gaúcho.
– Foi uma verdadeira comunhão entre brancos, negros, índios, idosos, pessoas com deficiência, sem-teto, sem-terra, defensores da livre orientação sexual, de homens e mulheres que acreditam num país mais justo, igualitário e humanitário, independente de matizes ideológicas, partidárias e religiosas – concluiu Paim.
(Fonte: Zero Hora – ANO 54 – Nº 19.086 – 12 e 13 de maio de 2018 – ALMANAQUE GAÚCHO / Hoje na História: 14 de maio – Pág: 44)
(Fonte: https://som13.com.br – Biografia César Passarinho)
(Fonte: Zero Hora – Uma voz livre como um passarinho / Por MARCELO MACHADO / Especial/ZH – 15/05/98)
(Fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2009/03/09 – SENADO NOTÍCIAS – 09/03/2009)
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)