Cesare Pavese: ecos da guerrilha contra o fascismo na Itália.
Cesare Pavese (Santo Stefano Belbo, 9 de setembro de 1908 – Turim, 26 de agosto de 1950), poeta, ensaísta, tradutor e ficcionista italiano.
Preso pelo governo de Mussolini em 1935, Pavese relata os ecos da II Guerra Mundial em “A Lua e as Fogueiras”, livro que publicou cinco meses antes de se suicidar, em agosto de 1950, aos 42 anos, com real conhecimento de causa num romance que viria a ser considerado a sua obra-prima.
Nele, estão condensados alguns dos temas mais caros ao escritor, como o exílio, a impossibilidade de se retornar com tranquilidade ao lugar de origem, a permanência da natureza em contraposição à transitoriedade dos homens, o beco sem saída da miséria e, principalmente, a força massacrante da solidão, que envolve todos os personagens.
Apesar de francamente abstratos, Pavese maneja seus temas no romance de maneira a torná-los cada vez mais concretos. O escritor começa por situar “A Lua e as Fogueiras” na Itália do pós-guerra, quando ainda estão bem vivas na memória as lutas entre fascistas e comunistas, e termina por esmiuçar as dores dos camponeses que povoam o romance.
Entre 1943 e 1945, ele combateu com os guerrilheiros da resistência antifascista no norte da Itália. A experiência o levou a filiar-se ao Partido Comunista e a surgir, no fim da guerra, como um dos mais respeitados intelectuais italianos. Além do prestígio auferido na militância política, Pavese firmou sua reputação como tradutor e ensaísta. Autor de uma tese sobre o poeta americano Walt Whitman, o escritor foi um dos grandes responsáveis pela divulgação de obras de autores de língua inglesa na Itália, traduzindo livros de William Faulkner, Herman Melville, Ernest Hemingway, John Dos Passos e James Joyce.
A solução encontrada pelo escritor, que se desencantou de tudo e de todos, foi o suicídio. No terreno da ficção de A Lua, não se chega ao remédio radical do suicídio, mas o desenlace é igualmente sombrio.
Pavese é autor do livro de poesias “Trabalhar Cansa” que é tradução fiel do título italiano “Lavorace Stanca”. Integrou um grupo intelectual ao qual pertenciam também Norberto Bobbio (1909-2004), Italo Calvino (1923-1985) e outros.
Cansado de viver, embora jovem, Pavese suicidou-se com soníferos em 27 de agosto de 1950, aos 42 anos, desiludido do amor da atriz americana Constance Dowling (1920-1969), que também cometeu suicídio tomando soníferos.
(Fonte: Revista Caras, 28 de agosto de 2015 – ANO 22 – N° 35 – Edição 1138 – ETIMOLOGIA/Por Deonísio da Silva – Pág: 47)
(Fonte: Veja, 16 de abril de 1986 – Edição 919 – LIVROS/ Por Mário Sérgio Conti – Pág: 115)