CHARLES MINGUS: Um importante músico de jazz, baixista e compositor por anos
Charles Mingus Jr. (Nogale, Arizona, 22 de abril de 1922 – 5 de janeiro de 1979), é o mais influente contrabaixista do jazz moderno.
Mingus, era Baixista, Líder de Banda e Compositor, foi um dos principais baixistas, bandleaders e compositores de jazz dos últimos 25 anos.
O músico alcançou o auge de sua fama em meados dos anos 1960, quando sua mistura de sofisticação técnica de influência europeia e intensidade fervorosa baseada no blues provou ser extremamente popular e influente. Além disso, ele se tornou um importante porta-voz da consciência negra, embora mantivesse uma distância entre ele e os militantes mais organizados.
Sempre um eclético estilístico, evitou a despersonalização que aflige muitos artistas de raízes variadas. A força de sua personalidade – na verdade, sua presença física pura e maciça – sempre foi forte, e sua música refletia continuamente a ousadia de sua mente musical.
‘Um elo importante’
Talvez sua principal contribuição tenha sido seu papel na elevação do baixo da metade mais recatada da seção rítmica ao status de instrumento solo e melódico. Alguns críticos sugeriram que a tendência de Mingus de tocar um pouco antes da batida dava à sua música uma “tensão rítmica frenética”.
Em termos musicais mais gerais, o próprio ecletismo de Mingus ajudou a definir sua influência e levou a uma ampla reavaliação das tradições musicais negras por músicos de jazz mais jovens. Seu trabalho foi descrito por Leonard Feather em sua “Encyclopedia of Jazz in the Sixties” como “uma ligação importante entre estilos mais antigos e meio esquecidos e a improvisação livre dos anos 60”.
O Sr. Mingus nasceu em 22 de abril de 1922, em Nogales, Arizona, e foi criado no distrito de Watts, em Los Angeles. Uma criança precoce (seu pai certa vez verificou seus resultados de QI e disse a ele: “Mesmo pelos padrões de um homem branco, você deveria ser um gênio”), o Sr. Mingus demorou um pouco para encontrar seu instrumento adequado. Passou pelo trombone e pelo violoncelo antes de se fixar no baixo, que estudou com Red Callender e H. Rheinschagen , que foi membro da Filarmônica de Nova York por cinco anos.
Depois de tocar com várias bandas notáveis na Califórnia na década de 1940 (Louis Armstrong, Kid Ory, Lionel Hampton e outros), o Sr. Mingus mudou-se para Nova York em 1951, trabalhando com músicos como Red Norvo, Billy Taylor, Charlie Parker, Stan Getz e Duque Ellington.
Ele começou a emergir como compositor e líder em meados dos anos 1950, e suas bandas “Jazz Workshop” no final daquela década apareceram com frequência na área de Nova York. Em 1960, liderou um quarteto que incluía Eric Dolphy e Ted Curson, e durante os anos 60 apresentou-se regularmente em clubes de Nova Iorque e nos principais festivais de Jazz nacionais e internacionais. Ele também gravou extensivamente.
Tornou-se cada vez mais militante
Durante esse tempo, as frequentes altercações de Mingus com o público, clubovermers e promotores de shows tornaram-se cada vez mais abrasivas. Ele às vezes parava de tocar e dava palestras sobre o comportamento do público, ou saía do palco furioso. Sua crescente militância sobre como os músicos em geral e os músicos negros em particular eram tratados o levou a formar sua própria gravadora, mas os problemas de distribuição se mostraram incapacitantes.
Ele ficou conhecido como “o homem raivoso do jazz” e chegou a denunciar o próprio termo “jazz” como um estigma racista: “Não me chame de músico de jazz”, disse ele em 1969. “A palavra jazz significa negro , discriminação, cidadania de segunda classe, a parte de trás do ônibus. Mas, ao mesmo tempo, incluía quase invariavelmente músicos brancos em seus grupos. Referindo-se a Don Buttefield, um colaborador branco, Mingus disse: “Ele é incolor, como todos os bons.”
No final da década de 1960, o Sr. Mingus entrou em declínio, causado pelo que um amigo chamou de “depressão profunda”. Ele se mudou para o East Village e viveu em um estado de miséria. “Por cerca de três anos”, disse ele em 1972, “pensei que estava acabado”.
Seu ressurgimento começou em 1971, quando Knopf publicou sua autobiografia, “Beneath the Underdog”, na qual trabalhou por cerca de 25 anos. Um relato extravagante e semificcionalizado de sua carreira que tratou extensivamente de sua vida amorosa, o livro foi descrito por sua esposa, Susan Graham Ungaro Mingus, como “o Mingus superficial, o chamativo, não o real”.
Regan para gravar novamente
Ele começou a gravar novamente em fevereiro de 1972 e, com o passar da década, suas aparições tornaram-se cada vez mais frequentes e ambiciosas. O Sr. Mingus excursionou pela Europa, onde sempre se sentiu apreciado, em 1972 e 1975, e apareceu regularmente no Festival de Newport. Quando sua doença finalmente o impediu de se apresentar em público, seu último quinteto, liderado por seu baterista de longa data, Dannie Richmond, tocou no Village. Vanguard em julho de 1978, com Eddie Gomez no baixo.
O último ano da vida de Mingus foi descrito por Sy Johnson, um colaborador e amigo de longa data, como “o melhor momento de Mingus como ser humano”. Ele compôs de forma constante mesmo quando não era mais capaz de tocar ou mesmo cantar, e seus projetos incluíram uma colaboração com Joni Mitchell, a popular cantora e compositora de folk‐rock que tem se voltado cada vez mais para o jazz nos últimos anos.
O Sr. Mingus tinha ido ao México em busca de tratamento para sua doença. Após sua morte, ele foi cremado e, após uma cerimônia hindu privada, suas cinzas foram espalhadas sobre o rio Ganges por sua esposa. O Sr. Mingus, que foi casado várias vezes, deixa também cinco filhos e dois enteados.
Nascido numa base militar em Nogale, Arizona, cresceu em Los Angeles. Tendo começado a estudar música ainda criança, depois de tentativas sem muito sucesso com o trombone e o violoncelo, acabou por se decidir pelo contrabaixo na época do colégio.
Seu talento logo foi percebido, e Mingus trocou nos anos 40 nos grupos de Barney Bigard, Louis Armstrong e Lionel Hampton. Participou do trio do vibrafonista Red Norvo (com o guitarrista Tal Farlow) em 1950-1951. Nos anos 50 tocou com uma constelação de grandes músicos: Billy Taylor, Stan Getz, Art Tatum, Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Bud Powell, Max Roach e Duke Ellington, a quem admirava muito.
Em 1956 Mingus gravou o disco Pithecanthropus Erectus, amplamente reconhecido como uma obra-prima, que estabeleceu definitivamente seu nome como um dos líderes do jazz moderno. Nos dez anos seguintes, ele comporia temas antológicos e gravaria discos idem, tocando com Eric Dolphy, Jackie McLean, J. R. Monterose, Jimmy Knepper, Roland Kirk, Booker Ervin e John Handy, entre outros.
Durante a década de 60, porém, problemas psicológicos e dificuldades financeiras fizeram a carreira de Mingus entrar em parafuso (não sem antes gravar mais uma de suas obras-primas, The Black Saint and The Sinner Lady, e também um disco solo como pianista, Mingus Plays Piano). Alguns aspectos dessa fase estão documentados no documentário Mingus, de Thomas Reichman (1968).
As coisas só iriam melhorar, na vida profissional e pessoal, a partir de 1971, com o recebimento de uma bolsa de composição da fundação Guggenheim, a venda das matrizes do selo Debut (que fora fundado por Mingus e Max Roach) para a Fantasy, e a publicação da surpreendente autobiografia Beneath the Underdog (algo como “Mais por baixo que vira-lata”).
A partir daí, começou a haver um reconhecimento maior por parte do público; porém há quem diga que o fogo criador havia sido um tanto atenuado. Em 1977 foi diagnosticada em Mingus uma esclerose lateral amiotrófica. Em 1978, realizou-se um concerto em sua homenagem na Casa Branca, ao qual Mingus compareceu já numa cadeira de rodas.
O fim viria em 5 de janeiro de 1979, depois de uma série desesperada de tentativas de cura usando diversos tipos de medicina não-convencional. Depois de sua morte, seu prestígio cresceu ainda mais, e os grupos Mingus Dinasty e Mingus Big Band levaram seu legado adiante.
Mingus possuía uma personalidade complexa, contraditória e até mesmo agressiva – não são poucas as histórias que se contam de Mingus tendo agredido outros músicos. Tendo experimentado diversas interrupções na produção musical por conta de sua instabilidade emocional, recuperava-se a seguir para continuar tocando magistralmente. Sentia com intensidade o drama do preconceito racial, usando diversas vezes a música como veículo de protesto (por exemplo, na composição “Fables of Faubus”, endereçada a um governador do estado de Arkansas).
Nos anos 50 e 60, Mingus abriu novos caminhos para o jazz e para o contrabaixo em particular. Seu toque ao contrabaixo é nervoso, veloz e irregular, e seus solos são longos e intensos. Ele fez com o contrabaixo o que Max Roach e Art Blakey fizeram com a bateria: emancipou o instrumento, trouxe-o para o primeiro plano, conferiu-lhe um discurso próprio.
As composições de Mingus, às vezes estruturadas de modo consideravelmente complexo, revelam um pensamento musical sofisticado. O conjunto de Mingus, em todas as suas diferentes formações, se caracterizava por uma intensa improvisação coletiva e por uma grande liberdade harmônica. Em certo sentido, ele pode ser considerado um precursor do free jazz.
No entanto, é bom lembrar que Mingus nunca deixou de cultivar, mesmo em peças mais profundamente radicais, as raízes do jazz. Ora vanguardista, ora tradicionalista, ora lírico, ora feroz, porém sempre inovador e profundamente musical, Mingus criou, ao longo de seus 56 anos, uma obra profunda, que tem servido de inspiração para gerações de músicos.
(Fonte: http://www.ejazz.com.br/detalhes-artistas – V.A. Bezerra, 2001)
(Créditos autorais: https://www.nytimes.com/1979/01/09/archives – New York Times/ ARQUIVOS /
9 de janeiro de 1979)