Charles William Beebe (1877-1962), zoólogo e naturalista aventureiro americano.

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UM PIONEIRO NO FUNDO DO MAR

 

Charles William Beebe  (nasceu em 29 de julho de 1877, Brooklyn, Nova Iorque, Nova York – faleceu em 4 de junho de 1962, Trindade e Tobago), zoólogo e aventureiro americano, nasceu em 29 de julho de 1877, no distrito nova-iorquino de Brooklyn, nos Estados Unidos. A paixão pelos animais o levaria por caminhos distantes das ruas da metrópole, em busca de lugares nos quais, em certos casos, ele haveria de ser o primeiro ser humano a penetrar.
O espírito aventureiro e exploratório de Beebe combinava com atributos valiosos: paixão científica, habilidade literária e senso poético. Em 1899, pouco depois de formar-se em zoologia, com interesse especial em ornitologia, foi nomeado curador de pássaros da Sociedade Zoológica de Nova York. Anos depois chefiava uma expedição ao México, inaugurando uma série de viagens científicas que faria conhecer de perto a fauna das florestas sul-americanas, do Arquipélago dos Galápagos e do continente asiático, entre outros lugares.
O que o tornaria mundialmente célebre foi á série de aventuras submarinas em que se lançou na década de 30. Em 1928, Beebe recebeu um projeto do jovem e inventivo engenheiro Otis Barton. Sua batisfera (ou “esfera de profundidade”, em grego) era uma bola de aço com 1,4metro de diâmetro, peso bruto de 2,5 toneladas, paredes com mais de 3 centímetros de espessura e três janelas redondas de 20 centímetros de diâmetro, fabricadas de quartzo fundido, material extremamente duro e transparente. A porta de cerca de 200kg era aberta por meio de roldanas. Para fazer submergir e depois içar essa esfera tripulada, que poderia acomodar dois homens e diversos aparelhos, seria usado um cabo de aço com 2,5cm de espessura e 1.060 m de comprimento, controlado por um guincho a bordo de um navio.
A primeira submersão foi em junho de 1930, ao sul de Nonsuch, pequena ilha do arquipélago das Bermudas na qual Beebe mantinha uma estação de pesquisas oceanográficas. Todos os 26 componentes da equipe, além dos dois mergulhadores, sabiam do risco do empreendimento. Se o cabo se partisse, a esfera jamais poderia ser recuperada. Foi uma operação cuidadosa. Cada pequeno avanço na submersão exigia ponderações dos tripulantes da batisfera, comunicada com o barco por um cabo de transmissão.
A 90 metros de profundidade, Barton deu um grito. Havia meio litro de água salgada dentro da batisfera. Beebe deu ordem para acelerar a descida, demodo a bloquear a fresta na porta. Deu certo. A 200 metros, o comandante fez um comentário estranho, lembrando que até então nenhum homem vivo, mas apenas cadáveres, haviam alcançado tal profundidade. E com sua veia poética falou da cor da água: “Um azul translúcido indefinível que parece atravessar materialmente os nossos olhos, penetrando no nosso íntimo”. Essa primeira investida no mar chegou até 240 metros, profundidade da qual Beebe resolveu voltar, comandado por um pressentimento.
Dias depois, com a porta calafetada, Beebe e Barton submergiram de novo. Maravilhado, o zoólogo descrevia com detalhes a fauna e cada faixa de profundidade.
Beebe estava tão maravilhado com a visão desses desconcertantes seres das profundezas, que dois anos mais tarde, em 1932, numa outra descida, transmitiu sua aventura em linha direta, durante meia hora, para o mundo inteiro, pela cadeia radiofônica americana NBC. Dessa vez, atingiu 666 metros, penetrando numa zona de escuridão profunda. Em agosto de 1934, em sua terceira expedição, financiada pela National Geographical Society, realizou duas imersões que quebraram seus recordes anteriores. Na segunda delas, em 11 de agosto, alcançou nada menos de 923 metros.
Investigador incansável, o naturalista morreu numa estação de pesquisa próxima a Arima, Trinidad, em 4 de junho de 1962. Com quase 85 anos de idade, fora o primeiro ser humano a observar os inacreditáveis animais que, três décadas atrás, haviam desfilado diante da janela de quartzo da batisfera. Coube a ele, Beebe, dar nomes aos seres do abismo que era quase um sonho.

(Fonte: GLOBO CIÊNCIA – 09/1996 – OS DESBRAVADORES – Pág. 54/55/56/57)

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