Christoph Willibald Gluck, pregou para estudantes e discípulos sua filosofia de maior interação entre ópera e teatro

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Christoph Willibald Gluck (1714-1787) nasceu na Bavária e estudou música em Milão. Foi nessa cidade que ele se juntou a uma orquestra e aprendeu a arte da produção de uma ópera, inclusive compondo os seus primeiros trabalhos. Gluck viajou extensivamente pela Europa, atraindo estudantes e discípulos para sua filosofia de maior interação entre ópera e teatro. Após notável sucesso em Londres, Praga, Dresden e especialmente Paris, Gluck realizou seus grandes êxitos em Viena, onde faleceu em 1787.

Seu libretista para Orfeu e Eurídice foi o extraordinário poeta italiano Ranieri de Calzabigi (1714-1795). Graças a uma longa estadia em Paris, Ranieri sofreu influencia do teatro francês e compartilhou com Gluck seu ideal de teatro musical. O prefácio de Calzabigi contido no libreto da colaboração seguinte da dupla,Alceste, expressa o ideal dos criadores em reformular a ópera. Na verdade, sem o apoio de Calzabigi, muito do legado atual de Gluck permaneceria desconhecido ao público.

 

Orfeu e EurídiceDe Christoph Willibald Gluck

Libreto de Ranieri de’ Calzabigi

Première mundial: Viena, Burgtheater, 5 de outubro de 1762

O mito do músico Orfeu, que viaja ao mundo inferior para resgatar sua esposa morta, Eurídice, explora as questões mais profundas do desejo, da angústia, e do poder (e limites) da arte. Sua história é tema da trilha para ópera mais antiga registrada (Euridice, de Jacopo Peri, 1600) e a ópera mais antiga ainda sendo apresentada (Orfeu, de Monteverdi). Gluck e seu libretista, Calzabigi, transformaram essa lenda na base de uma obra que almejava mais do que servir apenas de entretenimento – era um novo ideal operístico. Desiludido com o formato inflexível da ópera em seu tempo, Gluck procurou reformular a encenação da ópera com uma visionária e consistente união de música, poesia e dança. Especificamente, ele planejou que os cantores servissem ao drama, e não o contrário. Não há como negar que Orfeu e Eurídice, com sua música de irresistível e transcendente beleza, ajudou a expandir a ideia do público sobre o potencial teatral de uma ópera. Mozart e Wagner estão entre os sucessores de Gluck que admitiram abertamente suas influências dessa visão.

O cenário

A obra é ambientada no interior da Grécia e no mundo inferior mitológico. Na obra, esses ambientes são mais conceituais que geográficos, e a noção de como eles se parecem pode (e certamente irá) variar a cada época.A música

Gluck conscientemente evitou vocais excessivamente delicados, por considerar que estes comprometiam a dramaticidade da ópera durante a época dos castrati – cantores que sofriam intervenções cirúrgicas antes da puberdade para assim preservarem suas vozes agudas. Os castrati dominavam a ópera de tamanha maneira que os compositores, segundo Gluck, se sentiam obrigados a comprometer seus talentos para evidenciar suas habilidades técnicas. Originalmente, ele não dispensou os castrati, mas seus papéis em Orfeu tinham mais a finalidade de causar uma impressão mais dramática e refinada musicalmente (uma “simplicidade digna”, nas palavras de Calzabigi) do que servir de mero exibicionismo vocal. Esse efeito é bem aparente nos dois solos mais notáveis da obra, “Che puro ciel”, no segundo ato e “Che faro senza Eurídice?”, no terceiro. Ambos são árias emocionantes, sem apresentar nenhum momento de exagero. “Che puro ciel” tem como acompanhamento um oboé que é típico da elegância econômica da orquestra durante a trilha. Até mesmo a música dançante é convincentemente apresentada para causar certo efeito perturbador e original, ao mesmo tempo em que mantém uma notável simplicidade.

 

Orfeu e Eurídice no Met

Orfeu e Eurídice estreou cedo na história do Met: primeiro em uma única apresentação em turnê em Boston em 1885, e em seguida em oito performances na temporada de 1891-1892. Foi também a atração de abertura para a première de Pagliacci, em 11 de dezembro de 1893. Arturo Toscanini era um grande admirador da ópera e a apresentou por conta própria de 1909 a 1914, estrelando a grande contralto americana Louise Homer. George Balanchine criou uma versão com ênfase na coreografia em 1936, que fora rapidamente substituída por outra em 1938. Risë Stevens estrelou uma outra versão em 1955, que também incluía Hilde Gürden e Roberta Peters, e Richard Bonynge conduziu uma notável produção em 1970, com Grace Brumbry no papel de Orfeu. Quando a ópera foi remontada duas temporadas depois, Marilyn Horne cantou o papel. A produção atual é de Mark Morris, e teve sua estréia em maio de 2007 com James Levine conduzindo e Davis Daniels e Maija Kovalevska nos papéis principais.

 

(Fonte: http://www2.uol.com.br/spimagem/metropolitan/orfeueeuridice – Orfeu e Eurídice De Christoph Willibald Gluck)

 

 

 

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