Cicero Dias (Jundya, em 5 de março de 1907 Paris, 28 de abril de 2001), nasceu na cidade pernambucana de Jundya, em 1907. Estudou arquitetura no Rio de Janeiro e ilustrou a primeira edição do clássico Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, em 1933.
Seu painel Eu Vi o Mundo… Ele Começava no Recife, de 12 metros de largura, causou espanto, nos anos 30, pela ousadia dos nus frontais. Vivia na França desde 1937, quando fugiu do Estado Novo. Em 1999, foi condecorado por uma façanha realizada durante a II Guerra Mundial: levou de Paris para Londres o poema Liberté, de Paul Éluard, que seria lançado sobre cidades européias pelo poeta surrealista Roland Penrose, piloto da Royal Air Force.
Casou-se em 1943 com a francesa Raymonde. Pablo Picasso foi padrinho de Sylvia, sua única filha. Cicero Dias morreu no dia 28 de abril de 2001, aos 95 anos, parada cardíaca, em Paris.
(Fonte: Veja, 5 de fevereiro, 2003 Edição 1788 ANO 36 N.º 5 – DATAS – Pág; 75)
Cicero Dias (Escada PE, 5 de março de 1907 – Paris, França, 28 de janeiro de 2003). Inicia estudos de desenho em sua terra natal. Em 1920 muda-se para o Rio de Janeiro, onde em 1925 matricula-se nos cursos de arquitetura e pintura da Escola Nacional de Belas Artes – Enba.
Em 1928 realiza a primeira individual, no Salão da Policlínica. Entra em contato com o grupo modernista e em 1929 colabora com a Revista de Antropofagia. Participa do Primeiro Congresso Afro-Brasileiro, organizado por Gilberto Freyre (1900-1987). , em Recife.
Em 1931, no Salão Revolucionário, na Enba, expõe o polêmico painel Eu Vi o Mundo. . . Ele Começava no Recife. A partir de 1932, no Recife, leciona desenho em seu ateliê. Ilustra, em 1933, Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre. Faz cenários para o balé O Jurupari, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Sérgio Lifar, em 1937.
A seguir, viaja para Paris onde conhece Georges Braque (1882-1963), Henri Matisse (1869-1954), Fernand Léger (1881-1955) e Pablo Picasso (1881-1973), de quem se torna amigo. Entre 1945 e 1950, integra o grupo abstrato Espace, da Escola de Paris.
Em 1948, realiza o mural do edifício da Secretaria das Finanças do Estado de Pernambuco, considerado o primeiro trabalho abstrato do gênero na América Latina. Em 1965, é homenageado com sala especial na Bienal Internacional de São Paulo. Em 1978, a Rede Globo de Televisão realiza filme sobre a sua vida e obra, com texto de Rubem Braga (1913-1990).
Inaugura, em 1991, painel de 20 metros na Estação Brigadeiro do Metrô de São Paulo. No Rio de Janeiro, é inaugurada a Sala Cicero Dias no Museu Nacional de Belas Artes – MNBA. Recebe do governo francês a Ordem Nacional do Mérito da França, em 1998, aos 91 anos.
(Fonte: Itaú Cultural – www.escritoriodearte.com – 23/02/2004)