Cientistas do MIT descobrem o primeiro buraco negro triplo
Sistema teria nascido pelo colapso de estrelas mais suave e direto, desafiando as principais teorias sobre a formação de buracos negros
Ilustração do primeiro buraco negro já descoberto — (Foto: Foto: cortesia MIT)
Astrofísicos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e do Instituto de Tecnologia da California (Caltech) fizeram uma descoberta surpreendente, que desafia a teoria de como os buracos negros se formam. Eles observaram, pela primeira vez, um buraco negro triplo.
Em artigo publicado na revista Nature, a equipe indica que encontrou um buraco negro central se alimentando de uma pequena estrela em espiral que orbita ao seu redor a cada 6,5 dias. Surpreendentemente, uma segunda estrela também orbita o buraco negro, mas a uma distância muito maior, a cada 70.000 anos.
O aparente controle gravitacional do buraco negro sobre um objeto tão distante levanta questões sobre suas origens. Acredita-se que os buracos negros se formam a partir da violenta explosão de uma estrela moribunda, conhecida como supernova, no qual uma estrela libera uma enorme quantidade de energia e luz em uma explosão final, antes de entrar em colapso em um buraco negro invisível.
No entanto, os astrofísicos suspeitam que o buraco negro recém-descoberto tenha se formado por meio de um colapso mais suave e direto, já que o sistema triplo inclui uma estrela muito distante. E, apesar de já terem sido observadas supernovas mais violentas durante séculos, a equipe afirma que o novo sistema triplo pode ser a primeira evidência de um buraco negro formado por esse processo mais suave.
“Achamos que a maioria dos buracos negros se forma a partir de explosões violentas de estrelas, mas essa descoberta ajuda a questionar isso”, diz o autor do estudo, Kevin Burdge. “Esse sistema é muito empolgante para a evolução dos buracos negros e também levanta a questão de saber se há mais triplos por aí.”
Descoberta foi por acaso
A descoberta do buraco negro triplo ocorreu quase que por acaso. Segundo reporta o portal Interesting Engineering, os pesquisadores o encontraram enquanto examinavam o Aladin Lite, um repositório de observações astronômicas agregadas de telescópios no espaço e em todo o mundo. A equipe estava procurando sinais de novos buracos negros na galáxia da Via Láctea.
Por curiosidade, eles analisaram uma imagem do V404 Cygni – um buraco negro a cerca de 8.000 anos-luz da Terra que foi um dos primeiros objetos a ser confirmado como um buraco negro, em 1992.
Desde então, V404 Cygni se tornou um dos buracos negros mais bem estudados e foi documentado em mais de 1.300 artigos científicos. No entanto, nenhum desses estudos relatou o que Burdge e seus colegas observaram.
Enquanto olhava para imagens ópticas de V404 Cygni, Burdge viu o que pareciam ser duas manchas de luz, surpreendentemente próximas uma da outra. A primeira mancha era o que outros determinaram ser o buraco negro e uma estrela interna em órbita próxima.
A estrela está tão próxima que está derramando parte de seu material no buraco negro e emitindo a luz que Burdge podia ver. A segunda mancha de luz, no entanto, era algo que os cientistas não investigaram de perto, até agora. Essa segunda luz, de acordo com o astrofísico, provavelmente vinha de uma estrela muito distante.
Burdge passou, então, a analisar os dados do telescópio espacial Gaia, um satélite que rastreia precisamente os movimentos de todas as estrelas da galáxia desde 2014.
Os pesquisadores descobriram, então, que as estrelas se moviam exatamente em conjunto, em comparação com outras estrelas vizinhas. Eles calcularam que as chances desse tipo de movimento em conjunto são de cerca de uma em 10 milhões.
“É quase certo que não é uma coincidência ou acidente”, diz Burdge. “Estamos vendo duas estrelas que estão se seguindo porque estão presas por essa fraca corda de gravidade. Então, esse tem que ser um sistema triplo”, afirmou.
(Créditos autorais: https://epocanegocios.globo.com/amp/ciencia-e-saude/noticia/2024/10 – ÉPOCA NEGÓCIOS/ CIÊNCIA E SAÚDE/ NOTÍCIA/ Por Fabiana Rolfini –
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