1871: Termina a “semana sangrenta” de Paris
A semana de 21 a 28 de maio, que marcou o fim da Comuna de Paris, foi um dos episódios mais sangrentos da história da França.
O dia 28 de maio de 1871 foi um domingo, o Domingo de Pentecostes. Enquanto em outros lugares era festejada a descida do Espírito Santo, os fatos em Paris mais lembravam o inferno do que o céu. As lutas desesperadas entre os rebeldes da Comuna de Paris e as tropas do Exército já duravam uma semana.
Uma testemunha ocular narrou: “Eugène Varlin, que tinha lutado até o último instante, chegou a alcançar a Rue Lafayette, quando foi reconhecido por um oficial de Versalhes. Com as mãos amarradas nas costas, ele foi levado a Montmartre; durante todo o caminho para lá, ele foi golpeado com coronhas de fuzil e quase linchado por uma entusiástica multidão de parisienses. Quando chegou à tenebrosa Rue des Rosiers, o seu rosto estava massacrado e um olho pendia da cavidade ocular. Ele não conseguia mais ficar de pé, por isso foi arrastado para o jardim e fuzilado, sentado numa cadeira”.
Dois meses caóticos
Com essa “semana sangrenta” terminou o experimento da chamada “Comuna de Paris”, que durara dois caóticos meses. A Comuna surgira de maneira espontânea, alimentada por conflitos políticos e sociais. A guerra perdida contra a Alemanha, os meses de privação em decorrência do cerco pelos prussianos e um governo rural e conservador, que não demonstrava qualquer sensibilidade para a miséria da população urbana de Paris – tudo isto levou, em março de 1871, a uma rebelião contra o governo, que se retirou para Versalhes.
No dia 28 de março de 1871, uma horda heterogênea de jacobinos, anarquistas, socialistas e patriotas, que recusavam o acordo de paz com a Alemanha, invadiu a prefeitura parisiense. Eles se autodenominavam La Commune, a Comuna.
Nos dois meses do seu governo, a Comuna aprovou uma série de leis, cujo principal objetivo era atenuar a miséria do proletariado parisiense; mas também outras leis de caráter básico, como por exemplo, a separação da Igreja e do Estado, a abolição dos privilégios da nobreza, a autonomia do governo municipal, além de uma lei que ameaçava punição de morte a todo aquele que cooperasse com o antigo governo de Versalhes. Inúmeros militares e clérigos, entre eles o arcebispo de Paris, foram tomados como reféns.
Ação militar do governo
Enquanto isso, o governo de Versalhes preparava-se para retomar a cidade e o poder com uma ação militar. As simpatias da população estavam divididas entre os velhos conservadores e o novo governo de esquerda. Na noite de 21 de maio, as primeiras tropas governamentais invadiram a cidade, começando o que posteriormente seria chamado de “semana sangrenta” (semaine sanglante).
Inicialmente, as tropas governamentais não encontraram grande resistência. Mas as lutas foram se tornando cada vez mais ferozes, pois os integrantes da Comuna logo perceberam que nada mais tinham a perder. O antigo governo visara, desde o início, uma solução militar do conflito. Qualquer suspeito de integrar a Comuna, ou meros simpatizantes eram imediatamente fuzilados.
As tropas de Versalhes avançaram bairro por bairro, enquanto a Comuna erigia centenas de barricadas com pedras de calçamento e sacos de areia. Na sua retirada, os integrantes da Comuna ateavam fogo em tudo: na noite de 24 de maio foi incendiado o castelo das Tulherias, ruas inteiras foram consumidas pelas labaredas. Nos últimos dias de luta, inúmeros reféns foram mortos, entre eles também o arcebispo de Paris.
Com a queda da última barricada, no dia 28 de maio de 1871, terminou a “semana sangrenta”, mas não o derramamento de sangue. Milhares ainda foram mortos, nos dias seguintes, nos parques, quintais e nas casernas. Os historiadores calculam que a Comuna tenha assassinado cerca de 500 adversários políticos, enquanto as tropas governamentais mataram entre 20 e 25 mil pessoas durante a reconquista de Paris e nos dias imediatamente posteriores.
(Fonte: http://noticias.terra.com.br – NOTICIAS – 14 MAIO 2016)
Deutsche Welle
(Fonte: Deutsche Welle – NOTICIAS – CALENDÁRIO HISTÓRICO/ Por Rachel Gessat – 28 de maio de 2016)