Conheça alguns dos afro-descendentes responsáveis por mudar a cara da música nacional
Celebrado no dia 20 de novembro, em centenas de municípios brasileiros, o Dia da Consciência Negra é dedicado à reflexão sobre a participação e contribuição dos negros na sociedade brasileira.
No espírito das comemorações, ONNE selecionou uma lista de artistas, afro-descendentes, que têm um papel importantíssimo na composição da identidade musical nacional. De hip-hop ao samba, de norte ao sul do país, eles fizeram história e merecem ser lembrados.
Pixinguinha (Rio de Janeiro, RJ / 1897 1973)
Alfredo da Rocha Viana Filho, mais conhecido como Pixinguinha, é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira. Flautista, saxofonista, cantor, arranjador e regente, ele também leva o título de pai do Choro. No entanto, ao compor a canção “Carinhoso”, entre 1916 e 1917, e “Lamentos”, em 1928, considerados alguns de seus maiores sucessos, Pixinguinha foi criticado por sofrer influências do Jazz norteamericano
Wilson Simonal (Rio de Janeiro, RJ / 1938 2000)
Sucesso absoluto nas décadas de 1960 e 1970, Wilson Simonal, pai de Wilson Simoninha e Max de Castro, foi o primeiro cantor negro a se apresentar num programa de televisão no país. Seu repertório se constituía basicamente de calipsos e canções em inglês. Nessa época, Simonal era um dos artistas mais populares e bem pagos do Brasil, no entanto, acabou caindo no esquecimento na década de 1980 e enfrentou a depressão e o alcoolismo.
Alcione (São Luís, MA – 1947)
Também conhecida como Marrom, Alcione é cantora, instrumentista e compositora de samba. Com mais de três décadas de carreira, a artista detêm dezenove discos de ouro, dois de platina e um duplo de platina; por dois anos consecutivos, ganhou o prêmio Tim na categoria melhor cantora de samba, entre 2004 e 2005. O primeiro grande sucesso na voz fervorosa da Marrom foi Não deixe o samba morrer, de Edson e Aluísio.
Martinho da Vila (Duas Barras, RJ – 1938)
O sambista Martinho da Vila, além de ser um dos mais respeitados artistas brasileiros, é um dos que mais vende discos no país. Só com o álbum Tá Delícia, Tá Gostoso, de 1995, Martinho ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas. Além do samba, o cantor e compositor já trabalhou com os mais variados ritmos brasileiros: ciranda, frevo, côco, samba de roda, capoeira, bossa nova, calango, samba-enredo, toada, etc.
Gilberto Gil (Salvador, BA – 1942)
O baiano Gilberto Gil é um dos mais importantes músicos brasileiros. Na década de 1970, foi um dos responsáveis por unir elementos da música africana, norteamericana e jamaicana aos ritmos brasileiros. Ao lado de Caetano Veloso e Tom Zé, Gil ajudou a dar vida ao movimento Tropicalista, que tinha como principais preocupações os problemas sociais do país e as ideologias libertadoras contra a ditadura militar brasileira. Todo o engajamento político da juventude fez com que Gilberto Gil se tornasse o Ministro da Cultura do governo Lula. Hoje ele se dedica apenas à carreira musical.
Milton Nascimento (Rio de Janeiro, RJ – 1942)
Cantor e compositor da MPB, Milton Nascimento nasceu na cidade do Rio de Janeiro, mas passou a maior parte da sua vida em Três Pontas, Minas Gerais. Reconhecido mundialmente, o músico sofre influências da bossa nova, do jazz e de grandes expoentes do rock, como os Beatles, Bob Dylan. Em 1998, ganhou o Grammy de Best World Music Album – melhor albúm de World Music.
Rappin’ Hood (São Paulo, SP – 1972)
Rappin’ Hood (ou Antônio Luiz Júnior) é paulistano da gema, rapper e apresentador de televisão. Criado em Heliopólis, periferia da cidade de São Paulo, Hood começou a compor aos 14 anos de idade. Estudou trombone e corneta e, em 1998, lançou o disco “Sou Negão”, atingindo 18 mil cópias vendidas. Desde 2008, o rapper apresenta o programa Manos e Minas, na TV Cultura, onde resgata histórias da cultura afro-brasileira e internacional, e a música em suas várias vertentes (rap, funk, soul, jazz, reggae, samba, MPB, etc).
Carlinhos Brown (Salvador, BA – 1962)
Antônio Carlos Santos de Freitas ganhou o nome artístico Carlinhos Brown em homenagem ao eterno rei da black music, James Brown. Cantor, percussionista, compositor e produtor, Carlinhos foi um dos criadores do samba-reggae. Na década de 1990 liderou o grupo Timbalada, que reunia mais de 100 percussionistas e cantores; a maioria jovens pobres do bairro Candeal, em Salvador.
Sandra de Sá (Rio de Janeiro, RJ – 1955)
Considerada uma das maiores cantoras da MPB, Sandra de Sá sofreu uma grande influência da black music mundial. Neta de um caboverdiano, a carioca do subúrbio de Pilares é considerada a rainha do soul brasileiro e segundo dizia Cazuza, uma Billie Holliday em versão nacional. Em 2002, gravou um CD em homenagem à Motown (Gravadora de Jackson 5, Marvin Gaye, Diana Ross, etc) com uma seleção de grandes sucessos, todos em português, com participações como: Djavan, Smokey Robinson e Rappin Hood.
Djavan (Maceió, AL – 1949)
Cantor, compositor, produtor musical e violonista brasileiro, Djavan é natural de Maceió, Alagoas. Ao combinar ritmos tradicionais latino-americanos com música popular dos Estados Unidos (jazz, blues), Europa (folclórica) e África (tambores), o artista teve suas composições gravadas por grandes nomes da musica internacional como Al Jarreau e Carmen McRae. Tamanho sucesso garantiu o Grammy Latino de melhor canção brasileira, em 2000, à musica “Acelerou” do álbum duplo gravado ao vivo, “Djavan Ao Vivo” com 1,2 milhões de cópias vendidas.
Marcelo Falcão (Rio de Janeiro, RJ – 1973)
Vocalista do grupo O Rappa, Marcelo Falcão nasceu e cresceu no bairro Engenho Novo, na cidade do Rio de Janeiro. Conhecido por suas letras de impacto social, O Rappa faz uma mistura de reggae com rock, mas também costuma incorporar elementos de funk, samba, hip-hop, e MPB. Junto com Marcelo D2, Falcão fez uma versão nacional para o sucesso Hey Joe, do também afro-descendente Jimi Hendrix.
Tony Garrido (Rio de Janeiro, RJ – 1967)
Natural de Realengo, Antônio Bento da Silva Filho ou Toni Garrido, como é conhecido, foi vocalista da banda de reggae Cidade Negra entre 1994 e 2008, e hoje segue carreira solo. Descendente de índios, e filho de mãe negra e pai branco, Garrido e o Cidade Negra foram campeões de vendas na década de 1990, atingindo 800 mil cópias com o álbum “Sobre Todas as Forças”.
Seu Jorge (Belford Roxo, RJ – 1970)
Jorge Mário da Silva é ator, violonista, cantor e compositor de MPB, Samba e Soul. Antes da carreira artística, a morte de seu irmão levou a família à desestruturação e Seu Jorge morou durante três anos na rua até o clarinetista Paulo Moura descobrir seu talento. Participou depois da banda Farofa Carioca, que mistura ritmos negros, como samba, reggae, funk e rap, e de projetos como o disco de tributo a Tim Maia e uma turnê com a banda brasileira Planet Hemp.
Cartola (Rio de Janeiro, RJ / 1908 1980)
Angenor de Oliveira, o Cartola, criou gosto pela música e entrou no samba quando criança. Cantor, compositor e violonista, ele foi considerado por músicos e críticos um dos maiores sambista da história da música brasileira. Aprendeu com o pai a tocar cavaquinho e violão. Carioca da gema, Cartola teve seus sambas cantados por vozes ilustres como Araci de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Silvio Caldas.
(Fonte: Black power! – por Mirella Fonzar, redação ONNE)