Conrado Segreto, estilista paulistano. Segreto era apontado como o sucessor de Denner, o grande costureiro brasileiro, morto em 1979.
O último grande desfile de Segreto aconteceu em agosto de 1991. Ele apresentou sua melhor coleção, inspirada nas roupas usadas pela atriz Grace Kelly e no figurino do desenho Cinderela, de Walt Disney. Segreto trabalhou até o fim. Em 1992, participou de um programa de entrevistas na Rede Bandeirantes. Estava muito magro e perdera boa parte dos cabelos.
Conrado Segreto era assumidamente homossexual. É presumível que tenha se contaminado com o vírus HIV há muitos anos, quando não se sabia bem o que era essa doença ou como se propagava. Os homossexuais foram o primeiro grupo atingido com violência pela Aids.
O mundo das artes, da moda, do cinema e dos esportes está encolhendo por causa da Aids. A morte de uma pessoa famosa vitimada por uma doença tão cruel ou o anúncio de que ela tem o vírus entristece a opinião pública.
Não que sirva de consolo para ninguém, mas quando uma celebridade expõe o drama da Aids pela televisão ou pela imprensa, aumentam os cuidados das pessoas.
Mostrar o rosto na televisão como aidético é devastador para qualquer um, em qualquer país. Para um artista, que vive de sua imagem, é ainda pior.
Segreto foi vencido pela doença depois de conviver com ela durante mais de um ano. A família de Segreto não confirmou a causa de sua morte, mas a notícia de que o estilista estava com Aids era inevitavelmente comentada na sociedade paulistana.
Segreto morreu no dia 30 de dezembro de 1992, aos 32 anos, em virtude da Aids, em São Paulo.
(Fonte: Veja, 13 de janeiro de 1993 – Edição 1270 Medicina; pág: 40/43 – Datas Pág; 67)