Coronel Pantoja, condenado pelo Massacre de Eldorado dos Carajás
No Massacre, 19 trabalhadores sem terra foram assassinados em 1996. Além de Mário Pantoja, o major José Maria Pereira Oliveira também foi condenado.
PM foi condenado a mais de 150 anos de prisão por ação que resultou na morte de 19 sem-terra no Pará, mas cumpria pena em regime domiciliar
Mário Colares Pantoja, ex-coronel da Polícia Militar condenado a mais de 150 anos de prisão pelo Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em abril de 1996, no sudeste do Pará.
O coronel Pantoja foi comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, sediado em Marabá, e foi condenado pela morte de trabalhadores rurais em uma operação. No massacre, 19 trabalhadores sem terra foram assassinados.
Além de Mário Pantoja, o major José Maria Pereira Oliveira também foi condenado pelo massacre. Eles ficaram em liberdade por 16 anos e foram presos em 2012.
Pantoja ficou quatro anos preso em regime fechado, mas conseguiu autorização para cumprir prisão domiciliar, alegando motivos de saúde.
Ele cumpria prisão domiciliar e era monitorado por tornozeleira eletrônica.
O Massacre de Eldorado
Mario Pantoja era o comandante da operação da Polícia Militar encarregada de liberar o tráfego no trecho conhecido como “Curva do S” na rodovia PA 150, no sul do Pará. O local estava ocupado por cerca de 1,5 mil trabalhadores rurais ligados ao MST, que reivindicavam terras para a reforma agrária.
O confronto com policiais ocorreu em 17 de abril de 1996 no município de Eldorado dos Carajás e, além de bombas de gás lacrimogêneo, a polícia atirou contra os manifestantes.
Dos 155 policiais que participaram da ação, Mário Pantoja e José Maria de Oliveira, comandantes da operação, foram condenados a penas que superaram os 150 anos de prisão.
Relembre o caso
Na tarde de 17 de abril de 1996, uma quarta-feira, cerca de 1,5 mil trabalhadores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estavam acampados em um trecho da rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás, sul do Pará, em um protesto contra a demora da desapropriação de terras. O objetivo era marchar por sete dias até Belém e pedir a desapropriação da Fazenda Macaxeira, em Curionópolis, então ocupada por mais de 3 mil famílias sem terra.
O então governador Almir Gabriel (PSDB) havia dado ordem para que a Polícia Militar desbloqueasse a via, e cerca de 200 policiais foram enviados ao local. Mário Pantoja era o comandante da operação. De acordo com os sem-terra ouvidos pela imprensa na época, os policiais cercaram o local e já chegaram lançando bombas de gás lacrimogêneo. 19 pessoas foram assassinadas.
O médico legista Nelson Massini, que realizou a perícia dos corpos, disse que pelo menos dez vítimas foram executadas à queima-roupa, com tiros pelas costas ou na cabeça. Outros sete lavradores foram mortos pelos próprios instrumentos de trabalho, como foices e facões. Um deles teve a cabeça esmagada. Além dos 19 mortos, pelo menos 60 pessoas foram feridas, entre trabalhadores rurais e PMs.
O comandante da operação, coronel Mário Colares Pantoja, foi afastado no mesmo dia, e chegou a ficar 30 dias em prisão domiciliar, determinado pelo governador, mas depois foi liberado. Três anos depois, em 1999, o coronel, o major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo José Almendra foram absolvidos pelos jurados por “falta de provas”. No entanto, no ano seguinte o Tribunal de Justiça anulou a decisão.
(Fonte: https://www.oliberal.com/belem – BELÉM / Redação integrada de O Liberal – 12.11.20)