O VERDADEIRO JOHNNIE WALKER
Ele inventou o destilado, mas foi o filho Alexander quem colocou o nome do pai na história, criando a primeira marca global.
Corria o ano da graça de 1819 quando o jovem John chegou à vila escocesa de Kilmarnock com a herança do pai no bolso. Maduro para seus 15 anos, o recém-órfão não gastou em bobagem: tornou-se sócio e logo proprietário de uma próspera mercearia, famosa por seus chás, vinhos e comidas importadas. E também por uma “cachaça escocesa” que colocariam na história o seu sobrenome – Walker.
O uísque, na época ainda uma bebida oleosa e pesada, difícil de engolir, era dos poucos produtos nacionais do boteco, comprado nas fazendas da região e armazenado em barris de vinho usados. “John foi um dos primeiros a perceber que, dependendo do tipo de barril que usava e do tempo de armazenamento, a bebida ficava mais suave e gradável”.
Outra inovação de John foi conseguir combinar uísques de forma decente. Na época, o pessoal exagerava tanto que combinar destilados era crime. Mas sua criação, o blend (“mistura”) Walker’s Kilmarnock Whisky, destinado a uma clientela disposta a pagar mais por uma cachacinha mais redonda, ganhou fama Grã-Bretanha afora.
Apesar da venda de uísque representar apenas 8% do seu faturamento, John insistiu que o mais velho de seus filhos, Alexander, aprendesse tudo sobre o assunto em uma destilaria. Em 1856, quando voltou para trabalhar com o pai, o primogênito convenceu o velho a deixar a mercearia de lado e dedicar-se exclusivamente à fabricação e comércio de uísque, no atacado.
John morreria apenas um ano depois, de ataque cardíaco, sem comprovar o bom faro de Alexander para os negócios. E para o uísque. “Ele tinha um nariz muito bom, e foi com esse talento que criou o Old Highlands Whisky”, pois o responsável pelo blend de um uísque não põe nenhuma gota de bebida na boca: apenas sente o perfume. A mistura de cerca de 40 destilados, criada em 1867 por Alexander, foi a precursora do Johnnie Walker Black Label, que ganharia esse nome oficialmente em 1908.
Em matéria de design, Alexander também mereceu um brinde. Para que coubessem mais garrafas na caixa e informações no rótulo, as fez quadradas e os rótulos em diagonal. Numa época em que ninguém falava em marketing, os dois elementos ajudavam os pinguços a reconhecer um uísque da família Walker a distância.
Alexander também trabalhou duro para distribuir seu uísque. Em 1920, a bebida era vendida em 120 países, tornando-se a primeira marca global. Fazer blends continuou proibido até 1860, 4 anos após a morte do velho Johnnie. Em 1906, a John Walker and Sons passou a distribuir 3 variedades de uísque: o comum (etiqueta branca), o especial (vermelha), e o extra, 12 anos (preta). Em 1909, o primeiro saiu de linha e os outros dois passaram a ser chamados simplesmente de Red Label e Black Label.
(Fonte: Super Interessante – Edição 261 – Janeiro de 2009 – Super Respostas – Tarso Araújo – Pág; 43)
Criou a primeira marca global
O VERDADEIRO JOHNNIE WALKER
Ele inventou o destilado, mas foi o filho Alexander quem colocou o nome do pai na história, criando a primeira marca global.
Corria o ano da graça de 1819 quando o jovem John chegou à vila escocesa de Kilmarnock com a herança do pai no bolso. Maduro para seus 15 anos, o recém-órfão não gastou em bobagem: tornou-se sócio e logo proprietário de uma próspera mercearia, famosa por seus chás, vinhos e comidas importadas. E também por uma “cachaça escocesa” que colocariam na história o seu sobrenome – Walker.
O uísque, na época ainda uma bebida oleosa e pesada, difícil de engolir, era dos poucos produtos nacionais do boteco, comprado nas fazendas da região e armazenado em barris de vinho usados. “John foi um dos primeiros a perceber que, dependendo do tipo de barril que usava e do tempo de armazenamento, a bebida ficava mais suave e gradável”.
Outra inovação de John foi conseguir combinar uísques de forma decente. Na época, o pessoal exagerava tanto que combinar destilados era crime. Mas sua criação, o blend (“mistura”) Walker’s Kilmarnock Whisky, destinado a uma clientela disposta a pagar mais por uma cachacinha mais redonda, ganhou fama Grã-Bretanha afora.
Apesar da venda de uísque representar apenas 8% do seu faturamento, John insistiu que o mais velho de seus filhos, Alexander, aprendesse tudo sobre o assunto em uma destilaria. Em 1856, quando voltou para trabalhar com o pai, o primogênito convenceu o velho a deixar a mercearia de lado e dedicar-se exclusivamente à fabricação e comércio de uísque, no atacado.
John morreria apenas um ano depois, de ataque cardíaco, sem comprovar o bom faro de Alexander para os negócios. E para o uísque. “Ele tinha um nariz muito bom, e foi com esse talento que criou o Old Highlands Whisky”, pois o responsável pelo blend de um uísque não põe nenhuma gota de bebida na boca: apenas sente o perfume. A mistura de cerca de 40 destilados, criada em 1867 por Alexander, foi a precursora do Johnnie Walker Black Label, que ganharia esse nome oficialmente em 1908.
Em matéria de design, Alexander também mereceu um brinde. Para que coubessem mais garrafas na caixa e informações no rótulo, as fez quadradas e os rótulos em diagonal. Numa época em que ninguém falava em marketing, os dois elementos ajudavam os pinguços a reconhecer um uísque da família Walker a distância.
Alexander também trabalhou duro para distribuir seu uísque. Em 1920, a bebida era vendida em 120 países, tornando-se a primeira marca global. Fazer blends continuou proibido até 1860, 4 anos após a morte do velho Johnnie. Em 1906, a John Walker and Sons passou a distribuir 3 variedades de uísque: o comum (etiqueta branca), o especial (vermelha), e o extra, 12 anos (preta). Em 1909, o primeiro saiu de linha e os outros dois passaram a ser chamados simplesmente de Red Label e Black Label.
(Fonte: Super Interessante – Edição 261 – Janeiro de 2009 – Super Respostas – Tarso Araújo – Pág; 43)