Danny Blanchflower (Belfast, 10 de fevereiro de 1926 – 9 de dezembro de 1993), norte-irlandês “Príncipe de Blarney”, cujo talento marcou uma era no Tottenham.
Elegante em campo e eloquente fora dele, Danny Blanchflower deixou marca indelével na história do futebol britânico e da Irlanda do Norte.
Nascido em fevereiro de 1926, filho mais velho de um trabalhador dos estaleiros de Belfast, a filosofia de jogo romântica do emblemático jogador do Tottenham Hotspur FC e seleção da Irlanda do Norte pode ser resumida numa das suas frases mais conhecidas. “O jogo tem a ver com glória”, declarou. “Tem a ver com fazer as coisas com estilo e classe, entrar em campo e derrotar o adversário, e não esperar que ele morra de tédio.”
Blanchflower apaixonou-se pelo futebol ainda jovem. A sua mãe, Selina, representou uma equipa feminina em Belfast. Estava-lhe no sangue. Contratado pelo Glentoran FC, clube local, em 1945, assinou pelo Barnsley FC quatro anos depois. Ingressou no Aston Villa FC em 1951 e realizou 155 jogos antes de se mudar para o Tottenham, em 1954, a troco de £30.000 soma considerável nessa altura por um jogador de 28 anos.
Médio criativo, Blanchflower disputou 382 partidas pelos “spurs” e a sua visão de jogo e subtileza ao serviço da equipa permitiram que fosse duas vezes eleito Jogador Britânico do Ano, em 1957/58 e 1960/61. Nessa última época, capitaneou o clube do norte de Londres à conquista da primeira “dobradinha” campeonato/taça do século XX, guiando-o a mais sucesso na Taça de Inglaterra na temporada seguinte. O seu lugar no imaginário futebolístico de White Hart Lane foi consolidado em 1963, quando se tornou no primeira capitão de uma equipa inglesa a erguer um troféu europeu, por ocasião da vitória dos “spurs” sobre o Club Atlético de Madrid, por 5-1, na final da Taça dos Vencedores das Taças, em Roterdão.
Na Irlanda do Notre, a cativante sagacidade e sageza intelectual levaram a imprensa local a chamá-lo de “Príncipe de Blarney” (sendo blarney alguém dotado do dom da palavra. Jogador que muitos acreditavam estar à frente no seu tempo, somou 56 internacionalizações pelo seu país, entre 1949 e 1962, capitaneando-o com sucesso rumo aos quartos-de-final do Campeonato do Mundo de 1958, na Suécia.
Após a retirada, Blanchflower, cujo irmão Jackie representou o Manchester United FC até que ficou gravemente ferido no desastre aéreo de Munique, em 1958, embarcou numa bem-sucedida carreira como jornalista desportivo.
Treinou a Irlanda do Norte (entre 1976 e 1978) e teve uma breve passagem pelo Chelsea FC, demitindo-se após dar conta da sua desilusão para com o futebol moderno. Cruelmente, uma das mentes mais sagazes do mundo do futebol foi vítima da doença de Alzheimer e passou os últimos anos de vida enfermo.
No entanto, o seu legado é imenso. Durante os dez anos passados no Tottenham, o carismático norte-irlandês foi sinônimo da filosofia atacante do clube. Durante um jogo, Blanchflower correu até junto do jovem colega galês Cliff Jones e perguntou: “Sabes que a bola é redonda e rola?”
“Sim”, respondeu Jones.
“Por que não passá-la então?”, sugeriu o capitão dos “spurs”.
(Fonte: http://pt.uefa.com/memberassociations/association – Irlanda do Norte – Federação Irlandesa de Futebol – por Darren Fullerton de Belfast – 9 de Dezembro de 2013)