Dante Ancona Lopez, publicitário, radialista e exibidor cinematográfico que popularizou em São Paulo o hábito de assistir ao cinema de autor

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Exibidor pioneiro de filmes de arte em SP

Dante Ancona Lopez, publicitário, radialista e exibidor cinematográfico que popularizou em São Paulo o hábito de assistir ao cinema de autor.


Seu trabalho mais lembrado é a reforma e reinauguração do cine Trianon com o nome de Belas Artes, em 1967. Amigo do secretário-geral do Partido Comunista Luís Carlos Prestes, ele desagradou o regime militar ao exibir filmes censurados, o que lhe valeu a prisão pelo Doi-Codi em 1975. Ressurgiu para transformar o Cine Rio, no Conjunto Nacional, em CineArte, e para erguer o Cineclube Elétrico, já extinto.

Difícil imaginar o que teria sido dos cinéfilos brasileiros sem o trabalho abnegado de Dante Ancona Lopez.

 

Certamente, nomes de alguns dos grandes gênios do cinema como Fellini, Bergman, Bresson, Antonioni e Kurosawa não seriam tão populares entre nós. Dante criou em São Paulo, ao inaugurar em 1957 o antigo Cine Coral, na rua Sete de Abril, com o filme de Fellini “La Dolce Vita”, um novo conceito de programação, que espalhou seguidores pelo país: o do cinema de arte.

 

Os exibidores de então, nada distintos dos de hoje, totalmente dependentes da máquina hollywoodiana, viam em Dante a figura de um louco que acreditava em filmes, autores e cinematografias de países completamente à margem do massificado. Felizmente, a sua programação fazia sucesso e passou a ter o mais forte aliado possível da época, os exibidores Julio e Florentino Llorente e Antonio Serrador. E foi para o extinto Circuito Serrador que Dante Ancona Lopez reformou o cine Trianon, que foi reinaugurado, em 1967, como Belas Artes, então com três salas, escrevendo uma das mais bem-sucedidas histórias da programação de cinema em São Paulo. Gostava de dialogar com o seu público, criando sempre frases para os anúncios dos filmes que lançava, acompanhados do seu lema “Espetáculo, Polêmica e Arte”.

 

Antes do Belas Artes vieram as iniciativas de criar e presidir a Sociedade Amigos da Cinemateca, em 1962, e inaugurar o Cine Picolini, na Rua Augusta, em 1965. Foi também publicitário e radialista , dirigindo nos anos 40 um programa na Rádio Cruzeiro do Sul ao lado de Francisco Alves. Como publicitário, dirigiu os suplementos do jornal “A Gazeta” e ingressou no cinema, em 1933, quando cuidou para a RKO da campanha de lançamento de “King Kong”. Fiel amigo de Luis Carlos Prestes, Dante desafiou o regime militar promovendo exibições clandestinas nos porões do Belas Artes com filmes proibidos. Suas ligações com o PC valeram a sua prisão pelo Doi-Codi em 1975.

 

Dante adorava contar as suas histórias de braços-de-ferro contra o reino de imbecis que dizia dominar o meio cinematográfico. Um de seus capítulos mais curiosos teria acontecido às vésperas do lançamento, por sua iniciativa, em 1961, do filme de Alain Resnais, “O Ano Passado em Marienbad”. Alarmados, os exibidores teriam pedido a Dante para não lançar o filme, temendo a debandada do público dos cinemas, achando que esta seria a tendência dos filmes a partir dos anos 60.
Os últimos trabalhos de Dante Ancona Lopez no cinema foram a transformação do Cine Rio, no Conjunto Nacional, em CineArte, e a assessoria que deu ao efêmero Cine-Clube Elétrico.

 

Dante Ancona Lopez morreu na sexta-feira 30, aos 90 anos.

 

(Fonte:  http://www.terra.com.br/istoegente/24/tributo – 17 de janeiro de 2000)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0601200019 – CINEMA MEMÓRIA/ Por LEON CAKOFF da Equipe de Articulistas – FOLHA DE S.PAULO – ILUSTRADA – 6 de Janeiro de 2000)

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