David Foster Wallace, escritor norte-americano que foi alçado à fama com a publicação de Infinit Jest

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David Foster Wallace: cultuado escritor

Autor de ‘Graça infinita’ era considerado ‘a voz de sua geração’ e dos mais inovadores na literatura nas últimas décadas.

O escritor americano David Foster Wallace (1962-2008) em foto de 2006 — (Foto: Effigie/Leemage/Arquivo via AFP)

O escritor americano David Foster Wallace (1962-2008) em foto de 2006 — (Foto: Effigie/Leemage/Arquivo via AFP)

 

 

David Foster Wallace (nasceu em Ithaca, em 21 de fevereiro de 1962 – faleceu em Claremont, na Califórnia, em 12 de setembro de 2008), escritor norte-americano.
Wallace ficou conhecido com seu primeiro livro, The Broom of the System, mas foi alçado à fama em 1996 com a publicação de Infinit Jest, uma paródia do futuro do EUA por meio dos personagens de uma academia de tênis e de um centro de reabilitação pra drogados.

Além de escritor, Wallace era ensaísta e durante 2008 cobriu a campanha presidencial do candidato republicano John McCain para a entrevista Rolling Stone. Era também professor de escrita criativa no Pomona College, um centro de estudos liberais nos arredores de Los Angeles.

Dele, no Brasil, a Companhia da Letras publicou o livro de contos Breves Entrevista com Homens Hediondos. Seu trabalho nesse livro marcada por experiências de linguagem que enfatizava descrições detalhista, suntuosas, praticamente a construção de quadros em vez de uma trama propriamente dita, com os acontecimentos e os subtextos aflorando nos detalhes.

Autor da obra-prima “Infinite jest” (no Brasil, “Graça infinita”), era celebrado pela crítica e cultuado pelos fãs. Tido como um dos mais imaginativos e inovadores das últimas décadas – ou “a voz da sua geração” –, dizia que “a literatura de ficção fala sobre o que é ser uma P. de um ser humano”.

Autor de romances, coletâneas de contos e volumes de ensaios e reportagens, Foster Wallace também foi professor de escrita criativa. Por décadas, fez tratamento para depressão. Produzia muito e ambiciosamente. De texto complexo e criativo, foi comparado a alguns dos maiores da literatura mundial, como James Joyce. A escrita pós-moderna também o aproximava de Thomas Pynchon e Don DeLillo.

Nascido em 21 de fevereiro de 1962, em Ithaca, Nova York, David Foster Wallace jogou tênis com razoável destaque na adolescência (é um dado importante). Na prestigiosa Universidade de Amherst, graduou-se em filosofia e em inglês. Considerado aluno excepcional, mais tarde chegou a cursar pós-graduação em filosofia em Harvard.

A consagração veio em 1996, com o lançamento do citado “Graça infinita”. O enorme (1.079 páginas no original), complexo, triste e divertido romance elevou o autor à condição de ídolo – passou a ser adorado por uma seita de admiradores e a ser imitado por uma legião de aspirantes a escritores. No ano seguinte, Foster Wallace ganhou a chamada “bolsa para gênios” da Fundação MacArthur.

Mas nem tudo foi aclamação (por parte da crítica) nem adoração e devoção (por parte de leitores que o viam como messias infalível, santo). Críticos como o renomado James Wood apontavam o estilo de Wallace como excessivo ou questionável. Pirotecnia verbal por vezes cheia de virtuosismo técnico e vazia de efeito artístico. Como um atacante capaz de driblar, pedalar e dar chapéu numa mesma sequência de lances, mas que, no fim, perde o gol isolando a bola na arquibancada – ou (pior) simulando pênalti.

Nos últimos anos, têm surgido ainda críticas que apontam como misóginos textos de Foster Wallace. Além disso, a escritora Mary Karr, ex-namorada dele, fez post no Twitter em maio para acusá-lo de assédio e perseguição. Em tempos de #MeToo, a denúncia rendeu uma espécie de reavaliação do status do autor de “Breves entrevistas com homens hediondos”.

Veja, abaixo, 10 coisas para saber sobre David Foster Wallace:

1. Texto difícil (mas também ‘pop’, ‘das ruas’)

Texto difícil, ambicioso, cerebral, períodos longuíssimos, linguagem complexa, sintaxe desafiadora, vocabulário virtuoso, notas de rodapé, literatura pós-moderna… Esses são alguns dos ingredientes obrigatórios na receita de David Foster Wallace. Mas não era só isso. As referências pop são recorrentes, numa combinação de registro formal e algo como “linguagem das ruas”.

“As frases dele são confusas, complexas, ramificadas, com uma mistura de vocabulário de tudo quanto é nível, mas sempre caracterizadas por esse elemento de ‘surpresa’, de ‘pasmo’ pro leitor”, descreveu ao G1 o tradutor de “Graça infinita” (Companhia das Letras), Caetano Galindo.

Mas o tradutor diz achar “essa coisa técnica realmente de segundo plano”. Para ele, o trunfo, assim como em Joyce ou Tolstói, está na “maneira mais profunda, mais ‘real’ e mais honesta de olhar a condição humana, seu tempo, seus problemas”.

“Ele criou um novo tipo de beleza na prosa, que desobedece os cânones de Proust, de Henry James e até de Thomas Pynchon.”

Em texto publicado em 2009 na revista americana “The New Yorker”, o biógrafo de Foster Wallace, D. T. Max, escreveu: “Seus romances estavam cheios de curiosidades, humor, digressões, silêncio e tristeza. Ele criou o mundo em sentenças de duzentas palavras que misturavam dicção formal e gíria das ruas, discurso técnico e claro”.

No Brasil, foram lançados os seguintes livros:

  • “Breves entrevistas com homens hediondos”, de contos;
  • “Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo”, de não ficção
  • “Graça infinita”, romance

No ano que vem, sai o romance póstumo “O rei pálido”. Todos são editados pela Companhia das Letras.

2. Voz da consciência (do leitor)

Caetano Galindo, o tradutor de “Graça infinita”, diz que a voz de Foster Wallace era “hiperativa”, “ansiosa”, “ruidosa”. “E decidida a extrair dessas características uma nova forma de beleza”, avalia. “Ele não nega o mundo, o excesso de dados, de informação, e consegue devolver uma linguagem que aceita isso tudo e pode ser considerada um triunfo estético.”

Em texto sobre Foster Wallace publicado no “The New York Times” ainda em setembro de 2008 e intitulado “A melhor mente da sua geração”, o crítico A. O. Scott especulou:

“[A voz] hiperarticulada, queixosa, autodepreciativa, tímida, prepotente, carente, irônica, quase patologicamente autoconsciente (…) era algo que você reconhecia instantaneamente mesmo se estivesse ouvindo pela primeira vez. Ela era – e é – a voz dentro da sua própria cabeça”.

Tradutor da coletânea “Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo”, o escritor Daniel Galera propõe no prefácio do volume a seguinte pergunta: “Como uma obra tão marcada pela dificuldade pode gerar tamanha empatia?”. E continua: “A resposta (…) pode estar na outra grande vertente da escrita de David Foster Wallace: as reportagens, ensaios e textos de não ficção”.

3. Fãs e ‘culto’

Essa história de “voz dentro da sua própria cabeça” explica o porquê da conexão muito forte entre David Foster Wallace e os leitores.

Em texto para comemorar os 20 anos da publicação de “Graça infinita”, o escritor Tom Bissell, que era amigo de Foster Wallace, argumenta que “mesmo quando você não está lendo [Wallace], ele treina você para estudar o mundo real através das lentes de sua prosa”.

“Vários nomes de escritores se tornaram adjetivos – kafkiano, orwelliano, dickenseniano –, mas eles são designadores de um estado de espírito, de uma situação, de uma decadência cívica. O wallaceano não é uma descrição de algo externo; descreve algo que acontece internamente e em êxtase, um estado de apreensão (em ambos os sentidos) e entendimento. Em outras palavras, ele não deu nome a uma condição. Ele criou uma.”

Sobre a fascinação de fãs pela personalidade, pelo jeito e até pela aparência e pelas roupas de Foster Wallace (incluindo a bandana), Galindo, o tradutor, afirma não achar “interessante o culto da personalidade nesse nível, de imitar roupas e atitudes de certo autor”. “Ainda mais que se tratava, talvez até mais do que a ‘média’, de uma pessoa com profundos problemas não apenas ‘internos’.”

4. ‘Graça infinita’, a obra-prima

“Eu queria fazer algo triste. Eu tinha feito algumas coisas engraçadas e algumas pesadas, coisas intelectuais, mas nunca tinha feito nada triste. E eu não queria que tivesse um personagem principal único. A outra banalidade seria: eu queria fazer alguma coisa realmente americana, sobre como é viver nos Estados Unidos na virada do milênio.”

A explicação de David Foster Wallace para sua proposta ao conceber “Graça infinita” está numa entrevista de março 1996 dada à revista eletrônica Salon.com. Mas erra quem conclui, então, que a obra não seja bem engraçada. Não é fácil resumir o que está neste romance de 1.144 páginas e 1,499 kg (na versão brasileira).

As histórias se passam num futuro em que os Estados Unidos e o Canadá viraram uma coisa só. Um grupo de separatistas, todos cadeirantes, quer usar como arma terrorista um enigmático filme chamado “Graça infinita”, já que este leva os espectadores à morte. Quem fez o tal filme foi um cineasta, cientista óptico e ex-tenista suicida chamado James Incandenza. Ele é patriarca de uma família que administra uma escola-academia de tênis, um dos principais cenários da obra. Outro núcleo é uma clínica de reabilitação. Além disso, um dos personagens principais é viciado em maconha.

O tradutor de “Graça infinita” afirma que a obra “é uma das mais profundas investigações de solidão, dependência, vício, carência, amor e desamor”. “Isso por baixo da superfície, que tem assassinos cadeirantes, hamsters mutantes, uma sociedade de gente tão feia que anda coberta por um véu. O livro é dolorosíssimo e, por isso mesmo, necessário. Pra te fazer ver certas partes de você mesmo e dos outros.”

5. A não ficção

David Foster Wallace deve muito seu status também à obra de não ficção. Escreveu ensaios e reportagens (em primeira pessoa) por encomenda de revistas. No Brasil, saiu em 2012 a coletânea “Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo”, que tem textos sobre temas variados, como uma viagem de cruzeiro com nível opressor de conforto obrigatório; a genialidade do tenista Roger Federer; a obra de Kafka; e uma reportagem sobre uma visita a um festival de lagostas na qual o autor questiona se é mesmo “ok” ferver um bicho vivo em nome do prazer gastronômico.

Um dos tradutores da obra, o escritor Daniel Galera, escreveu que “é um erro ver a não ficção de Wallace à sombra de sua ficção”.

“No conjunto, sua não ficção elabora com humor, sofisticação intelectual e uma atenção descomunal ao detalhe os mesmos temas centrais de sua ficção, entre os quais podemos citar o narcisismo como motor da alienação moderna, o poder destrutivo da ironia alçada à condição de mundo tantalizante, o niilismo travestido de liberdade e inconformidade, o preço espiritual dos vícios (em especial o vício em entretenimento) e a questão do que podemos fazer para tentar fugir da prisão de nossa próprias cabeças, caso esta não seja uma batalha perdida.”

6. Cuidado com a ironia (e o cinismo)

David Foster Wallace recomendava cuidado com o uso da ironia, em nome da sinceridade. Em um conhecido ensaio publicado em 1993 com o título “E Unibus Pluram: Television and U.S. Fiction”, ele até reconheceu que “a ironia rebelde da ficção pós-moderna não era apenas factível como arte; ela parecia ser de todo socialmente útil em sua capacidade para aquilo que os críticos da contracultura chamam de ‘uma negação crítica que tornaria evidente para todos que o mundo não é como parece'”.

Mas agora já não era mais assim, acreditava Foster Wallace.

“A ironia, prazerosa como ela é, tem função exclusivamente negativa. Ela é crítica e destrutiva, serve para limpar o terreno. Certamente, era assim que os pais pós-modernos a viam. Mas é particularmente inútil quando se trata de construir algo para substituir a hipocrisia que ela desmascara”, diz o escritor. Em outro trecho, crava: “Não se engane: a ironia nos tiraniza”. O plano era chegar a uma sinceridade sem esse tipo de artifício (perigoso, para ele) ou mediação.

Nesse sentido, ele estava moralmente e esteticamente desviando dos autores de gerações imediatamente anteriores e mesmo de muitos da sua própria, que praticavam a ironia e o cinismo com devoção literária e moral.

No entanto, em artigo publicado no jornal britânico “The Guardian” em 2015, o escritor Glenn Kenny, também amigo de Foster Wallace, escreveu que é uma “afirmação simplista” acreditar que o autor de “Graça infinita” “opunha-se ferozmente à ironia”. “Wallace opunha-se à ironia barata, e não à ironia literária”, disse.

“E Unibus Pluram…” foi incluído na coletânea “A supposedly fun thing I’ll never do again: Essays and arguments”, de 1997, inédita no Brasil.

7. Depressão, vício e suicídio

A biografia “Every love story is a ghost story”, lançada em 2012 por D. T. Max e não publicada aqui, relata detalhadamente os problemas crônicos de David Foster Wallace com depressão. O escritor fez tratamento e tomou remédio por décadas. Teve períodos de internação hospitalar e passou por sessões de eletroconvulsoterapia.

A doença, assim como seus problemas com álcool e maconha (chegou a fazer reabilitação), serviu de tema para seus textos. Na coletânea “Breves entrevistas com homens hediondos”, que saiu no Brasil em 2005, por exemplo, há um conto chamado “A pessoa deprimida”.

Em “Graça infinita”, tem um trecho em que um personagem fala sobre o que motivaria alguém a cometer suicídio. A analogia escolhida é esta: uma pessoa está no alto de prédio onde há um incêndio; por não suportar mais ficar próximo às chamas, pessoa resolve pular lá de cima, mesmo sabendo do risco evidente que decorre da queda.

Antes do suicídio, Foster Wallace vinha de um período de meses de depressão (chegou a ser hospitalizado). Tinha dificuldades para acertar medicação adequada.

Foi encontrado pela mulher no pátio de casa em que moravam, na Califórnia, na noite de 12 de setembro de 2008. Na garagem, o escritor havia organizado o manuscrito da obra em que vinha trabalhando exaustivamente ao longo dos últimos anos, incluindo disquetes de computador, esboços de personagens etc. O material resultou no romance póstumo “The pale king”, que a Companhia das Letras vai lançar no ano que vem com o título “O rei pálido”. A tradução, de novo, é de Caetano Galindo.

8. Autoajuda (e ‘Isto é água’)

Uma das obras mais populares de David Foster Wallace, “Isto é água” nasceu como discurso de paraninfo para os alunos do Kenyon College em maio de 2005. Espécie de ode à empatia, do tipo que recomenda “coloque-se no lugar do próximo”, o material está incluído na coletânea “Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo”.

Diante dos formandos, Foster Wallace fala, essencialmente, sobre como devemos tentar “nos libertar desse egocentrismo profundo e literal” que tende a nos fazer perceber tudo como se fôssemos o centro do mundo. E propõe: devemos alterar “a nossa configuração padrão”, para então abandonar “certezas que (…) acabam se revelando totalmente equivocadas e ilusórias”.

“Nada disso envolve moralidade, religião ou dogma. Nem questões grandiosas sobre vida depois da morte. A verdade, com V maiúsculo diz respeito à vida antes da morte. Diz respeito a chegar aos 30 anos, ou talvez aos 50, sem querer dar um tiro na própria cabeça. Diz respeito à consciência de que o real e o essencial estão escondidos na obviedade ao nosso redor – daquilo que devemos lembrar, repetindo sempre: ‘Isto é água, isto é água’. É extremamente difícil lembrar disso, e permanecer consciente e vivo, um dia depois do outro.”

“Isto é água” fez bastante sucesso, sobretudo depois do final trágico de seu autor. Mas também é visto com reservas por supostamente evidenciar uma face vulgar e banal da escrita de Foster Wallace. Seria uma concessão ao clichê.

Vale lembrar que uma reportagem publicada em 2011 no site americano The Awl citou que havia muita coisa de autoajuda na biblioteca pessoal de David Foster Wallace doada à Universidade do Texas.

9. O filme

Em 2015, foi lançado o filme “O fim da turnê”. O roteiro é baseado no livro “Although of course you end up becoming yourself: A road trip with David Foster Wallace” (sem edição no Brasil), do jornalista David Lipsky.

Em 1996, trabalhando como repórter da edição americana da revista “Rolling Stone”, Lipsky acompanhou Foster Wallace no final da turnê de lançamento de “Graça infinita”. A reportagem, no entanto, jamais saiu. Apenas depois da morte de Foster Wallace é que ele resolveu usar a apuração e lançá-la na forma de livro, em 2010.

Quem interpreta Foster Wallace no filme é Jason Segel (“How I met your mother”). Jesse Einsenberg (“A rede social”) faz Lipsky. Antes mesmo do lançamento, a família do escritor renegou o longa.

O escritor Glenn Kenny, amigo de Wallace, escreveu que o filme não dá qualquer “luz ou leveza ao personagem”. Sobre a caracterização de Segel, disse: “Ele e o filme insistem que o suicídio pairou sobre tudo o que Wallace fazia 12 anos antes do fim”. E reclamou que “fisicamente, Segel também entendeu tudo errado”, porque parecia “desengonçado” e “volumoso”. “Isso contradiz minha própria memória de Dave como uma pessoa fisicamente imponente, mas também ágil e graciosa.”

10. Mary Karr acusou de assédio e perseguição

“Profundamente triste pelas alegações contra #JunotDiaz & eu apoio toda mulher corajosa o suficiente para falar. A violência que #DavidFosterWallace infligiu em mim como uma mãe solo foi ignorada pelo seu biógrafo e pela @NewYorker [e citada]como ‘suposta’ [na biografia], apesar de eu ter cartas em mãos. Mas o DFW era branco.”

O caso de assédio Mary Karr está contato por D. T. Max na biografia “Every love story is a ghost story”. Max escreve que Foster Wallace, de fato, agia como stalker e que “certa noite Wallace tentou jogar Karr para fora de um carro em movimento”. “Logo em seguida, ficou tão bravo com ela que arremessou nela uma mesa de centro.”

Mas, de acordo com Mary Karr, o livro explica “só cerca de 2% do que aconteceu”.

“[Foster Wallace] tentou comprar uma arma. Me chutou. Escalou o muro da minha casa de noite. Seguiu meu filho de 5 anos no caminho de casa para a escola. Eu tive de mudar meu número duas vezes, e ainda assim ele conseguiu. Foram meses e meses assim”.

Na biografia, D. T. Max conta que Foster Wallace tentou comprar uma arma de um conhecido seu em uma clínica de reabilitação. A ideia seria assassinar o ex-marido de Mary Karr, mas o plano não foi adiante.

Em uma entrevista que deu para a atriz Lena Dunham (“Girls”) em 2017, Mary Karr foi lembrada sobre o fato de ser “sempre questionada a respeito da relação com David Foster Wallace”, a despeito do fato de ter, ela própria, “uma carreira incrível”. “Eu me pergunto se isso deixa você com raiva”, falou Lena.

Mary Karr respondeu: “Às vezes, as pessoas falam sobre David Foster Wallace. Como se minha contribuição para a literatura fosse que eu trepei algumas vezes com ele no começo dos anos 1990”. Quando Lena ironicamente agradeceu por isso, a escritora completou: “Obrigado. Todo mundo nos Estados Unidos me deve US$ 1 por ler ‘Graça infinita'”.

“Os depoimentos recentes de Mary Karr, ex-namorada dele, colocam a figura dele, em tempos de #MeToo, numa luz nada agradável”, afirmou ao G1 Caetano Galindo, o tradutor de Wallace. “Porém, como diz a Clare Hayes-Brady numa entrevista esses dias, ele escreveu obsessivamente sobre misoginia, sobre violência contra a mulher, sobre ‘homens hediondos’…”

O escritor norte-americano David Foster Wallace, 46 anos, foi encontrado morto em casa em Claremont, na Califórnia, em 12 de setembro de 2008.

Ele cometeu suicídio em 12 de setembro de 2008, aos 46 anos.

(Créditos autorais: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2018/09/12 – G1 Pop e Arte Cinema/ POP & ARTE/ NOTÍCIA/ David Foster Wallace: saiba 10 coisas sobre o cultuado escritor/ Por Cauê Muraro, G1 – 12/09/2018)

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(Fonte: Zero Hora – N° 15.723 – Ano 45 – TRIBUTO – 16/09/2008 – Pág. 53)

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