David Lean, mestre da epopeia que criou alguns dos personagens mais marcantes da história do cinema.

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Brado em forma de imagens

David Lean (Croydon, Surrey, Londres, 25 de março de 1908 – Londres, 16 de abril de 1991), diretor, mestre da epopeia que criou alguns dos personagens mais marcantes da história do cinema

Rezando pela mesma cartilha de Cecil B. DeMille e Steven Spielberg, o inglês David Lean fazia parte daquele grupo de cineastas que não se contentavam em apenas contar boas histórias – queria que suas narrativas soassem como brados em forma de imagens. Mestre do superespetáculo, Lean se consagrou com produções grandiosas como A Ponte do Rio Kwai (1957), Lawrence da Arábia (1962) e Doutor Jivago (1965).

A bordo de filmes como esses, o diretor arrebatou 27 Oscar para suas produções. Ao contrário de Cecil B. DeMille – cujas produções partindo de temas bíblicos eram tão espetaculosas quanto ocas – ou de Spielberg, que deslumbra seus fãs, antes de qualquer outra coisa, pela força das imagens, Lean não será lembrado apenas pela grandiloquência. Mais do que encher os olhos do espectador com cenários grandiosos, Lean era capaz de povoá-los com personagens de grande profundidade psicológica, fazendo de seus filmes verdadeiras epopeias protagonizadas por alguns dos heróis mais marcantes da história do cinema.

Nascido em Croydon, Surrey, em 25 de março de 1908, ao sul de Londres, Lean começou do zero. Ele passou por praticamente todas as funções dentro da carreira cinematográfica, de office-boy de estúdio a diretor e proprietário de sua própria companhia de cinema. Antes de assumir qualquer função dentro de um set de filmagens, Lean suportou uma ferrenha resistência dos pais contra sua vocação para realizar filmes. Criado dentro dos rigores do cristianismo -, na infância David era proibido d eir ao cinema, entretenimento que seus pais consideravam pecaminoso. Não poderia haver castigo pior para alguém como ele, que desde cedo percebeu uma inclinação arrebatadora pela arte. Lean foi paciente. Esperou que chegasse a época em que o impedimento se rompesse naturalmente.

Como diretor, é dono de uma filmografia breve – apenas dezesseis títulos em 49 anos de carreira, enquanto um John Huston, por exemplo, dirigiu mais de quarenta filmes. Chegou a ficar parado por catorze anos, depois de A Filha de Ryan (1970), por achar que seus filmes não encontrariam espaço num mercado dominado pela ficção científica e pelos efeitos especiais. Voltou em 1984 com Passagem para a Índia, que foi bem-sucedido do ponto de vista de público e ainda faturou dois Oscar. No mesmo ano, recebeu o título honorífico de sir. Econômico e bissexto no cinema, Lean foi pródigo em sua vida afetiva: casou-se seis vezes, a última delas em 1990, com Sandra Cooke, uma desenhista trinta anos mais nova que ele. Lean faleceu dia 16 de abril de 1991, aos 83 anos, em Londres.

(Fonte: Veja, 24 de abril de 1991 – Edição n° 1179 – ANO 24 – N° 17 – DATAS – Pág; 72)

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