David Servan-Schreiber (21 de abril de 1961 – 24 de julho de 2011), médico e neurocientista
Conhecido como Sr. Anticâncer, batalhava há 20 anos contra um agressivo câncer no cérebro. Seu livro “Anticâncer — Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais” se tornou best seller internacional.
Em 1992, ao submeter-se a uma ressonância magnética, com fins científicos, no laboratório da Universidade de Pittsburgh (EUA), Servan-Schreiber “descobriu que tinha um tumor cerebral maligno”. Fez uma cirurgia e um longo tratamento. Oito anos depois, o câncer voltou.
Novamente operado, o médico teve de submeter-se a quimioterapia e a radioterapia. No lugar de desanimar-se, o neurocientista procurou formas alternativas e pessoais de contribuir para combater o câncer.
Para ajudar a si e aos outros, Servan-Schreiber escreveu o livro “Anticâncer — Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais”. O médico sugeriu, nesta obra, que mudanças no estilo de vida — como na alimentação — podem ajudar no combate ao câncer. Ele foi muito criticado pelos oncologistas, que avaliam que os métodos tradicionais são os mais eficazes na cura ou no tratamento da doença. Mas o médico replicou que foi mal entendido. Ele não propunha a substituição do tratamento convencional — de fato, mais eficaz e seguro —, e sim usar outros métodos como complementos. O médico acrescentava que seus dois tratamentos iniciais foram feitos com base na medicina tradicional. O que propunha era reforçar as defesas dos indivíduos.
Em 2010, o câncer “voltou”. “Se a doença me atinge apesar de pensar, comer, mexer-me, respirar e viver anticâncer, então o que resta do anticâncer? É para responder a esta pergunta que escrevo hoje.”
Numa entrevista ao jornal “Público”, Servan-Schreiber disse: “Eu não sou uma experiência científica. O que eu digo no meu livro não se baseia no sucesso ou no fracasso do meu caso pessoal — e ainda bem. Não possuo nenhum método garantido a 100 por cento, não sei o que me irá acontecer daqui a três meses ou três anos. Mas isso não altera a validade do que digo”.
O problema dos métodos alternativos é que às vezes seus criadores se tornam gurus, quase místicos. Não era o caso de Servan-Schreiber, que, como ele próprio disse, nunca descuidou-se dos métodos tradicionais, como a quimioterapia e a radioterapia. Seus livros deixam a impressão de que o câncer pode ser vencido com métodos alternativos. Apenas a impressão. Mas há indícios de que muita gente acreditava e acredita que os métodos alternativos — como as “garrafadas” milagrosas — são suficientes para derrotar o câncer. Não foram nem mesmo para Servan-Schreiber.
David Servan-Schreiber de 50 anos, morreu em 24 de julho de 2011, em Fécamp, no noroeste da França.
O jornal português “Público”publicou que, há várias semanas, Servan-Schreiber tinha revelado “a sua desesperada situação de saúde, com a publicação do seu último livro, ‘On peut se dire au revoir plusieurs ois’ (‘É Possível Dizer-se Adeus Várias Vezes’, na tradução em português)”. Ele “estava já há três dias em coma, depois de ter sofrido durante os últimos meses de diversos sintomas neurológicos graves — paralisia, dificuldade em falar — devido a metástases no cérebro”.
(Fonte: http://www.jornalopcao.com.br – IMPRENSA – Edição 1881 – Euler de França Belém – 24 a 28 de julho de 2011)