Décio Pignatari, poeta, dramaturgo, professor, ensaísta e tradutor.

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Décio Pignatari (Jundiaí, 20 de agosto de 1927 – São Paulo, 2 de dezembro de 2012), poeta, dramaturgo, professor, ensaísta e tradutor.

Pignatari foi um dos principais nomes da poesia concreta, ao lado dos irmãos Haroldo (1929-2003) e Augusto de Campos – com quem editou a revista “Noigandres”, no anos 1950. Também com os irmãos Campos publicou “Teoria da Poesia Concreta”, em 1965, “Mallarmagem”, em 1971, e “Ezra Pound – Poesia”, em 1983, entre outros.

Nascido em Jundiaí, em 1927, Pignatari publicou seus primeiros poemas em 1949 na “Revista Brasileira de Poesia”. Em 1950, lança seu primeiro livro de poemas, “Carrossel”. Formou-se em direito pela USP, em 1953, e, três anos depois, lançou o movimento da poesia concreta com o grupo Noigandres, a partir da revista publicada em 1952. Em 1956, o grupo publica “Plano-Piloto para a Poesia Concreta”. Lançou “Poesia Pois É Poesia” em 1977. Foi colunista da Folha entre 1983 e 1987.

Em 2004, lançou “Céu de Lona”, peça tetral sobre mudanças na vida e na obra de Machado de Assis –guiada pelo casamento do escritor, mas exibindo a ruptura que transformou o romântico de “Iaiá Garcia” no ácido romancista de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.

Em 2009, foi a vez de “Bili com Limão Verde na Mão”, descrito como um livro para todas as idades. Há cerca de um ano, havia voltado a morar em São Paulo, após ter passado pouco mais de dez anos em Curitiba (PR).

Também teórico da comunicação, Pignatari ajudou a fundar a Associação Brasileira de Semiótica, nos anos 1970. Autor de “Informação, Linguagem e Comunicação” (1968), traduziu obras de Marshall McLuhan, como “Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem”.

“A importância dele não pode ser subestimada. Era uma das inteligências mais incisivas que este país já teve”, disse Frederico Barbosa, 51, poeta e diretor da Casa das Rosas.

Em entrevista à Folha em 2007, quando completou 80 anos, Pignatari sintetizou sua trajetória numa de suas caras palavras-valise: “oitentação”. Sobre o rompimento com o poeta Ferreira Gullar, que encabeçou o movimento neoconcreto e rompeu com o concretismo, disse que não guardava rancor pessoal. “Nós fomos inimigos íntimos, o Gullar e eu. Mas eu não briguei com ele pessoalmente. Eu brigo e depois dou risada, não quero saber de guardar rancor pessoal.”

“Era uma pessoa muito talentosa e inteligente e também atuava na área do design. Deu uma boa contribuição tanto na poesia concreta, tanto no design”, disse Gullar sobre Pignatari.

REPERCUSSÃO

Para o poeta Heitor Ferraz, Pignatari “foi um dos marcos do concretismo brasileiro, que influenciou uma geração. Foi revelador das possibilidades da poesia.”

“Sempre achei que ele tinha as poesias mais contundentes do concretismo. Ele já era um bom poeta antes mesmo do concretismo. Da minha experiência mais pessoal, sempre foi muito colaborativo, era piadista, agradável, contava histórias aos alunos”, declarou o crítico Alcir Pécora.

“Pignatari era, na composição da tríade dos concretistas, o que tinha a verve mais pop, satírica. entre dois cartesianos, ele era uma espécie de equilíbrio. talvez o mais humano deles, o mais econômico, o menos ortodoxo”, diz o escritor Joca Reiners Terron.

“Foi um artista admirável tanto pela combatividade quanto por sua inventividade. Fará muita falta”, diz o artista plástico e poeta Nuno Ramos.

“Fala-se de tantos, quando somos tão poucos. Com a morte de Décio, diminui o número da qualidade entre nós. Ocioso lembrar seu livro de poemas “Poesia Pois É Poesia”, sua contribuição à teoria da comunicação, “Informação, Linguagem e Comunicação”, ultimamente sua participação no teatro, “Céu de Lona”. Que esperar agora se não que o leitor saiba continuar a apreciá-lo?”, diz o professor e crítico de literatura Luiz Costa Lima.

“Acabei de apresentar em Assis uma conferência em grande parte ligada a um texto do Décio de 51 anos atrás, “A Situação Atual da Poesia Brasileira”, em que eu destaquei sua importância na reformulação da poesia brasileira. Apesar das discordâncias, que expressei diretamente quando a ele quando estava vivo, eu gostava dele, ele era espontâneo, briguento e “italianamente” polêmico”, afirmou o poeta Affonso Romano de Sant”Anna.

“Tenho várias cartas dele, em uma delas, ele analisa meu poema “Outubro”, que começava dizendo “outubro ou nada”. Infelizmente, as ilusões das gerações vanguardista e revolucionária da qual fizemos parte deram em nada”, conclui Sant”Anna.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1194854- DE SÃO PAULO – 02/12/2012)

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