Delorges Caminha (Passo Fundo, 6 de outubro de 1902 – Rio de Janeiro, 19 de abril de 1971), ator gaúcho de Passo Fundo que começou a carreira de ator no sul com dezessete anos e ganhou projeção nacional no Rio de Janeiro a partir de 1938: quando formou companhia própria e contracenou com Dulcina de Morais, revelando-se um ator discreto, mas seguro.
Depois de uma trajetória que incluiu passagens pelo rádio como intérprete de novelas, pelo cinema como dublador de desenhos animados (foi a voz do anão Feliz na versão brasileira de “Branca de Neve e os Sete Anões”), como parceiro de Gilda de Abreu no filme “Bonequinha de Seda” (1936), e pelo magistério como professor de arte dramática; deixando viúva a atriz e diretora de teatro Henriette Morineau. Caminha faleceu dia 19 de abril de 1971, aos 68 anos, de um edema pulmonar, no Rio de Janeiro.
(Fonte: Veja, 28 de abril de 1971 Edição n° 138 DATAS Pág; 72)
Delorges Alves Caminha nasceu em Passo Fundo a 06-10-1902, filho de Antonio Manoel Caminha e de Raphaela Alves Caminha. Seu pai possuía farmácia na Rua do Comércio (Av. Brasil, esquina com a Rua Cel. Chicuta, onde hoje se encontra a Ótica Rudi¹). Delorges praticou teatro amador desde a adolescência. Há menção de ter participado do Grupo X de Comédias e Variedades.
Por volta de 1921 ou 1922 engajou-se numa companhia de teatro como auxiliar de cenógrafo. Praticamente fugiu de casa. Iniciou a carreira de ator na Companhia de Déa Selva e Darcy Cazarré. Em 1925 integrou a Companhia Nacional de Operetas, dos irmãos João e Vicente Celestino, que excursionou pelo Sul do Brasil durante um ano.
Em Passo Fundo a Companhia apresentou-se no Coliseu de 14 a 23-11-1925. Em 1930 já trabalhava na Companhia de Comédias Procópio Ferreira, onde atuou em peças memoráveis, como O Bobo do Rei (1931). No final dos anos 30 montou a sua própria companhia. Um dos maiores sucessos dessa fase foi Iaiá Boneca, de Ernani Fornari, representada pela primeira vez em 1938. A estréia no cinema ocorreu em 1936, na comédia musical Bonequinha de Seda, produzida pela Cinédia.
Formava o par romântico com a estupenda Gilda de Abreu. Considerado um marco do Cinema Nacional, o filme Bonequinha de Seda só foi superado em bilheteria dez anos mais tarde pelo drama O Ébrio. Apesar do sucesso da estréia, Delorges permaneceu fiel ao teatro. Retornou ao cinema somente em 1944, no musical carnavalesco Berlim na Batucada. Trabalhou ainda nos seguintes filmes: O Homem que Chutou a Consciência (1947), Mãe (1948), Toda a Vida em Quinze Minutos (1953), Sherlock de Araque (1957), Por um Céu de Liberdade (1961), Vagabundos no Society (1962), Crime no Sacopã (1963), Os Marginais, episódio Guilherme (1968) e O Homem que Comprou o Mundo (1968). Registrou participações nas telenovelas O Homem Proibido ou Demian, o Justiceiro (1967) e Irmãos Coragem (1970), ambas da Rede Globo.
Também foi diretor, crítico e autor de peças teatrais. Dirigiu a Escola de Arte Dramática do Estado da Guanabara e a Casa dos Artistas. Nunca perdeu o contato com a terra natal. No período de 25-07 a 1º-08-1944 apresentou-se com a sua companhia de comédias no Cine-Teatro Imperial. Na noite da despedida a direção do cinema inaugurou uma placa assim impressa: A Delorges, glória do teatro passofundense, homenagem dos seus conterrâneos. Patrono do Grupo Escola de Teatro Amador Delorges Caminha, fundado em 16-08-1944, colaborou com a doação de três gabinetes e uma coleção de peças artísticas. Publicou vários artigos na Imprensa local.
(Fonte: www.projetopassofundo.com.br – Heleno Alberto Damian, Serventuário da Justiça)