Discípulo de Benedito Lacerda, Altamiro Carrilho foi o maior flautista do Brasil

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Altamiro Carrilho, flautista, músico e compositor. Músico foi virtuoso da flauta transversal, com mais de 200 músicas escritas.
Altamiro foi um virtuoso da flauta transversal, com mais de 200 músicas compostas e mais de uma centena de discos gravados. Filho de Lyra de Aquino Carrilho e do dentista Octacilio Gonçalves Carrilho, o músico tinha sete irmãos, incluindo o também flautista Álvaro Carrilho.
Nascido em Santo Antônio de Pádua, no estado do Rio de Janeiro, em 1924, Altamiro foi um virtuoso da flauta transversal, com mais de 200 músicas compostas e mais de uma centena de discos gravados.
De acordo com a assessoria de imprensa do hospital São Lucas, no Rio, Carrilho esteve internado entre 7 e 24 de julho, tendo retornado para um atendimento no dia 27. No mesmo dia, retornou para sua casa. Seu quadro era de neoplasia pulmonar.
Altamiro foi um virtuoso da flauta transversal, com mais de 200 músicas compostas e mais de uma centena de discos gravados. Filho de Lyra de Aquino Carrilho e do dentista Octacilio Gonçalves Carrilho, o músico tinha sete irmãos, incluindo o também flautista Álvaro Carrilho.
O primeiro disco de Altamiro foi “A bordo do Vera Cruz”, de 1949. Nos anos seguintes, gravou trabalhos como “Choros imortais” (1964), “Clássicos do choro” (1979) e “Pixinguinha de novo” (1998). Em 1938, foi membro da Banda Lira de Arion, na qual tocava caixa. Quando passou a tocar flauta, foi destaque do programa de calouros de Ary Barroso.
Além da música, atou como farmacêutico e comprou uma flauta usada, com a qual começou a ganhar fama entre os apreciadores do choro.
Morreu na manhã da quarta-feira (15), no Rio de Janeiro, o flautista Altamiro Carrilho, de 87 anos. Na segunda-feira (13) ele passou mal e foi levado para uma clínica particular em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.
(Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/08 – Do G1 RJ – 15/08/2012)

Discípulo de Benedito Lacerda, Altamiro Carrilho foi o maior flautista do Brasil

Qualquer flautista que se interesse por choro — e música brasileira em geral– acaba passando pela escola de Altamiro Carrilho.

Com mais de sete décadas de carreira, Altamiro é considerado por muitos como o maior flautista brasileiro de todos os tempos, com amplo domínio da técnica do instrumento, interpretando peças eruditas ou populares. Sua marca como instrumentista foi ser extremamente plural, sintetizando vários estilos e escolas em um instrumentista só, além de criar suas próprias linguagem e identidade. Com Altamiro, todas as notas soavam com extrema limpidez e expressividade.

Dono de técnica impecável, em seus registros, dava aulas de dinâmica, sobre andamentos acelerados ou em temas mais cadenciados e dolentes, com fraseados originais, improvisos criativos e divisões rítmicas avessas ao óbvio.

Nascido na cidade de Santo Antônio de Pádua (RJ), Altamiro Carrilho foi criado em uma família extremamente musical. Filho de Lyra de Aquino Carrilho e Otacilio Gonçalves Carrilho, ganhou sua primeira flauta aos 5 anos. Ainda criança, começou a fabricar os próprios instrumentos, serrando bambus e descobrindo diferentes timbres e afinações para a suas flautas.

Aos 11 anos, começou a tocar caixa na Banda Lira Árion, que tinha seu tio como maestro. Em 1940, mudou-se com sua família para Niterói. Ainda jovem, além de trabalhar na farmácia de seu tio, começou a ter aulas práticas e teóricas com Joaquim Fernandes, carteiro de seu bairro.

Em sua formação musical, além das influências familiares e de sua participação em destacados regionais de samba e, principalmente, de choro, Altamiro teve aulas como nomes como Moacir Lissera (na Escola Municipal de Música do Rio), Celso Woltzenlogel e Ari Fereira.

Desde pequeno, teve como principais referências na música Benedito Lacerda, Pixinguinha, Joaquim Callado, Patápio Silva, Dante Santoro, Anacleto de Medeiros, entre outros.

Aos 14 anos, escreveu sua primeira composição, “Flauteando na Chacrinha”, em homenagem a Abelardo Barbosa, o Chacrinha. O tema seria gravado apenas em 1949, no primeiro disco de Altamiro, um 78rpm registrado pela gravadora Star.

No começo da década de 1940, participou do “Calouros em Desfile”, de Ary Barroso (1903-1964), ganhando um prêmio acumulado em oito semanas no programa ao interpretar o difícil tema “Harmonia Selvagem”, de Dante Santoro (1904-1969), uma das referências de Altamiro como flautista.

Com a vitória, ganhou projeção e foi descoberto por Moreira da Silva (1902-2000). Em 1943, passou a acompanhar o sambista, participando de gravações pela Odeon.

Em 1950, formou seu primeiro conjunto e, no ano seguinte, passou a integrar o histórico Regional do Canhoto, substituindo nada mais, nada menos do que Benedito Lacerda (1903-1958) — flautista, compositor e parceiro de Pixinguinha em diversos choros antológicos.

Substituir Benedito Lacerda representava para o então garoto Altamiro uma responsabilidade imensa. O atestado de que ele tinha gabarito para tornar-se o sucessor de Benedito foi dado ainda na década de 1940. Na época, a Rádio Tamoio apresentou, certa tarde, uma gravação de Altamiro com o regional de César Moreno. Em sua casa, Benedito escutou a interpretação e pensou que fosse um registro dele mesmo. Após sua mulher lhe contar que se tratava de um jovem chamado “Altamiro… Carvalho” (sic), Benedito fez questão de ir à rádio conhecer seu “discípulo” pessoalmente.

Logo depois, assinou contrato com a Rádio Mayrink Veiga, acompanhando diversos artistas da casa, como Francisco Alves, Orlando Silva, Vicente Celestino, entre outros. Em 1955, formou seu próprio conjunto, Altamiro Carrilho e Sua Bandinha. No mesmo ano, em homenagem aos 400 anos da cidade do Rio de Janeiro — seguindo os passos de Chiquinho do Acordeon e Garoto, que tinham composto “São Paulo Quatrocentão” –, Altamiro compôs e gravou com o grupo o tema de maior sucesso de sua carreira, o maxixe “Rio Antigo”. Em poucos meses, o registro quase bateu a marca de um milhão de cópias vendidas, sendo considerado um fenômeno para a época.

Depois de gravações antológicas ao lado de sua “bandinha”, Altamiro manteve sua carreira em alta na década de 1960, com discos relevantes não só para o métier do choro, mas para a música brasileira em geral. Neste período, destaque para discos como “Era Só o que Flautava” (1960), “Desfile de Sucessos” (1961) e “Choros Imortais” (1964). Na mesma década, ganhou projeção internacional com viagens e apresentações por países como Estados Unidos, União Soviética, México, Portugal, Espanha, Alemanha, França e Inglaterra.

Com mais de 200 composições em sua carreira e mais de 100 gravações em discos, a partir da década de 1960 Altamiro passou a ser requisitado para gravar com importantes nomes da música brasileira. Entre diversos registros históricos, destaque para as gravações de “O Mundo é um Moinho” e “As Rosas não Falam” (1976), de Cartola, e “Meu Caro Amigo” (1976), de Chico Buarque. Além deles, o flautista gravou com artistas como Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Jair Rodrigues, Beth Carvalho, João Bosco, Francis Hime, Luiz Melodia, Nelson Cavaquinho, Moraes Moreira, Elizeth Cardoso, Waldir Azevedo, Paulo Moura, Walter Franco, Zé Menezes, Cristina Buarque, Wagner Tiso, Luiz Eça, Raphael Rabello, entre outros.

Com a carreira sempre muito ativa nas décadas seguintes, já nos anos 1990 conquistou diversos prêmios, como o Sharp, em 1997, na categoria melhor CD instrumental, por “Flauta Maravilhosa”. No ano seguinte, foi homenageado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, ganhando a Ordem do Mérito Cultural, por sua contribuição à música brasileira a à cultura do país.

Em 2005, gravou um DVD ao vivo no Teatro Municipal de Niterói, com participações de nomes como Cristóvão Bastos, Nailor “Proveta “Azevedo, Gilson Peranzzetta, Paulo Sérgio Santos, Déo Rian, Zé da Velha, Maurício Einhorn, entre outros. Dois anos depois, o pianista Cristóvão Bastos o homenageou com a suíte “Altamirando”.

Altamiro Carrilho deixa discípulos de diferentes estilos e vertentes, como Léa Freire, Teco Cardoso, Carlos Malta, Dirceu Leite, Toninho Carrasqueira e tantos outros.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1133547- LUCAS NOBILE/ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA – 15/08/12)

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