Djalma Marinho (1908-1981), deputado federal pelo PDS do Rio Grande do Norte, natural de Nova Cruz.

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Djalma Marinho (1908-1981), deputado federal pelo PDS do Rio Grande do Norte, natural de Nova Cruz. O liberal deputado dizia “é um reacionário que não quer transformar o mundo. Eu não sou assim. Quero mudar o mundo e para isso emprego toda minha força”. A frase não impediu que ele fosse exaustivamente saudado, pelos políticos e pela imprensa, como “o último dos liberais”. Não só era um liberal, um homem que acreditava na dignidade humana. Embora tenha recusado o rótulo, a biografia do ex-deputado do PDS do Rio Grande do Norte, na verdade, o inscreve entre os mais competentes cultores do liberalismo. O Rio Grande do Norte com Djalma Marinho possui numa das raras vezes uma figura capaz de reunir inimigos.

O conservador senador biônico Dinarte Mariz, o iniciou há cinquenta anos nas primeiras lições de udenismo e em cujo eleitorado rural Marinho se abastecia de votos, e o governador Lavoisier Maia, que Mariz não suporta. O ex-governador Aloysio Alves, que o combateu em eleições passadas como a de 1960 para governador e a de 1974 para senador, abriu-lhe espaço em sua emissora de rádio e do diário Tribuna do Norte. Foi esse mesmo jornal que, na campanha eleitoral de 1974, encarregou-se de pintar Marinho como um poço de orgulho. Convidado para um debate com o candidato do MDB, Agenor Maria, Djalma Marinho teria dito: “Não vou. Nada tenho a aprender com esse marinheiro de braço tatuado”. Marinho não foi ao debate – mas jamais proferiu a frase.

Sem ele o Parlamento fica mais pobre. Marinho era uma síntese do jurista aplicado, do homem culto e cavalheiro, irredutível na defesa da lei. Em 1968, renunciou à presidência da Comissão de Justiça do Congresso ante as pressões para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse julgado. “Ao rei, tudo”, disse ele então, “menos a honra.” Dois dias depois, era baixado o AI-5. Em fevereiro de 1981, a mesma fibra o fez investir contra a máquina governamental, que apoiava Nelson Marchezan para presidir a Câmara. Numa campanha em que pedia mais dignidade para o Legislativo, ele afinal perdeu em votos – mas cresceu em prestígio.

Depois de ter sido boêmio, limitava-se, nos últimos anos, a controladas doses de conhaque francês. Numa praia perto de Natal, construía uma casa onde pretendia, em 1983, viver aposentado e longe da política. Essa força de querer mudar o mundo, desapareceu no dia 26 de dezembro de 1981, aos 73 anos, em Natal, -, a frase não impediu que ele fosse exaustivamente saudado, pelos políticos e pela imprensa. O médico Ulisses Bezerra, recentemente aposentado do Tribunal de Contas, fica com sua cadeira na Câmara.

(Fonte: Veja, 6 de janeiro, 1982 – Edição n° 696 – Datas– Pág; 79 – Memória/ Pág; 30)

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