O Brasil perdeu um dos maiores jogadores de sua história.
Djalma Santos precisou de um jogo para se consagrar na Copa de 58
Um dos maiores laterais da história, Djalma Santos (São Paulo (SP), 27 de fevereiro de 1929 – Uberaba (MG), 23 de julho de 2013), fez história pela qualidade de marcação e classe com a bola nos pés
Considerado por muitos o maior lateral-direito da história, ele assombrou a Suécia em 1958, e precisou de apenas 90 minutos para convencer a todos que não era um atleta comum, já que foi eleito o melhor lateral-direito do torneio tendo jogado apenas a final da competição.
Revelado pela Portuguesa em 1948, Djalma é símbolo do momento de mudança de sua posição, que se tranformava de apenas um mero defensor para uma importante peça na armação de jogadas. Dono de muito vigor na hora de marcar e com uma categoria única com a bola nos pés, além de ser famoso por conseguir cobrar laterais dentro da área adversária, o lateral, ao lado de Julinho Botelho, foi um dos principais nomes da Lusa em seus dez anos de passagem pelo clube, naquele que é considerado o melhor time da história da equipe. O brilho no clube paulista já havia rendido a ele a convocação para a Copa do Mundo de 1954, onde foi eleito para a seleção do campeonato, mas foi quatro anos depois que ele colocou seu nome na história da Seleção Brasileira.
Reserva de De Sordi durante toda a Copa de 1958, Djalma Santos ganhou a sua chance ao lado de Pelé, Garrincha e Didi apenas na final do torneio, aproveitando que o titular da posição havia se contudido. Sua grande atuação, marcando com muita determinação o ponta-esquerda Skoglund, um dos principais nomes da equipe da Suécia, enquanto conseguia municiar Garrincha pelo lado direito com lançamentos precisos. A sua atuação foi tão boa que a organização do torneio decidiu dar a ele o prêmio de melhor lateral-direito da Copa, apesar de ter jogado apenas um jogo.
Mas está enganado quem pensa que é apenas isso que tornou o jogador uma lenda na posição. Contratado pelo Palmeiras em 1959, Djalma foi um dos pilares da Primeira Academia, talvez a melhor equipe da história do clube de Palestra Itália, e uma das poucas capaz de vencer o Santos de Pelé. As boas atuações com a camisa alviverde e o show dado na final de 1958 não deixaram dúvida de quem seria o titular absoluta da Seleção na Copa de 1962.
No Chile, ele jogou todas as partidas da equipe que se consagraria bicampeã do mundo, mas novamente o seu grande momento ocorreu durante a partida decisiva. Foi dele o cruzamento para o gol do título brasileiro na vitória por 3 a 1 sobre a Tchecoslováquia, marcado por Vavá após falha do goleiro Schrojf. Novamente, ele foi escolhido para a seleção do torneio, se tornando até então o único jogador a ser eleito por três Copas consecutivas o melhor atleta em sua posição. Até hoje, apenas Beckenbauer conseguiu repetir o feito.
Sendo unanimidade mundial na lateral-direita, não foi surpresa quando Djalma foi escolhido em 1963 para ser o titular de uma equipe composta pelos melhores jogadores do mundo que enfrentou a Inglaterra em Wembley. Ele ainda participou da Copa de 1966, com 37 anos, mas não repetiu o brilho das anteriores, sendo sacado do time após duas partidas. Os últimos dias da carreira do lendário lateral foram no Allético-PR, onde jogou até completar 42 anos.
Na Seleção, cedeu seu lugar para outro histórico lateral-direito, Carlos Alberto Torres, que levantou a Taça Jules Rimet na Copa do Mundo de 1970. Mas Djalma nunca foi e nunca será esquecido como o exemplo máximo de que um jogador pode ser ao mesmo tempo técnico para armar jogadas e vigoroso na hora de desarmar seu adversário, mas sempre com muita classe. Em 1075 partidas disputadas em sua carreira, Djalma Santos nunca foi expulso de campo.
Djalma Santos falceu em 23 de julho de 2013, aos 84 anos em Uberaba (MG), não resistindo uma a uma parada cardiorrespiratória, causada por decorrência de uma pneumonia grave e instabilidade hemodinâmica.
(Fonte: http://epoca.globo.com/#?ver=vida/copa-do-mundo-2014/noticia/2013/07 – REDAÇÃO ÉPOCA – 24/07/2013)