Don Sharp, alcançou o auge durante suas realizações da década de 1960 com a produtora Hammer.

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Veterano cineasta australiano

Don Sharp (Hobart, na Ilha da Tasmânia (Austrália), 19 de abril de 1921 -– Cornwall, Inglaterra, 18 de dezembro de 2011), diretor de cinema e televisão, começou sua carreira como ator. Com uma carreira de quase quatro décadas, Sharp alcançou o auge durante suas realizações da década de 1960 com a produtora Hammer, especializada em filmes de horror.

Autor de clássicos de terror da Hammer como O Beijo do Vampiro, foi inspirador de grandes diretores, entre eles Scorsese e Polanski (em A Dança dos Vampiros). Sharp, apesar de associado ao gênero, dirigiu filmes de suspense como o remake de Os 39 Degraus (1978), filmado por Hitchcock em 1935.

O cineasta ficou conhecido por sua habilidade em realizar obras competentes, apesar dos baixos orçamentos, e por sua parceria com o ator Christopher Lee, com quem trabalhou por seis vezes, como em “Piratas Diabólicos” (The Devil-Ship Pirates, 1964), “A Face de Fu Manchu” (The Face of Fu Manchu, 1965) e “Rasputin: O Monge Louco” (Rasputin: The Mad Monk, 1966).

Donald Herman Sharp nasceu em Hobart, na Ilha da Tasmânia (Austrália), em 19 de abril de 1921, segundo registros militares (porém diversas fontes citam o ano de 1922 como o correto). Ele começou a atuar enquanto estudava na St. Virgil s College, mas, com a chegada da 2ª Guerra Mundial, acabou se alistando na força aérea real australiana em 1941, o que adiou seus planos. A paixão pelas artes dramáticas só foi retomada após uma viagem para a Inglaterra em 1949, quando ele decidiu arriscar uma carreira no cinema.

Sharp não teve dificuldades em se adaptar à indústria cinematográfica britânica dos anos 1950. Sua investida começou ousada, roteirizando o filme “Ha penny Breeze” (1950), no qual ele também atuou. Apesar de continuar interpretando, como nas aventuras “Nas Selvas da Malaia” (The Planter s Wife, 1952) e “Mar Cruel” (The Cruel Sea, 1953), além da série radiofônica da BBC “Journey Into Space”, Sharp estava mais interessado em utilizar seus talentos no lado de trás das câmeras. Decidido a ganhar experiência, trabalhou como assistente do diretor Wolf Rilla no filme “The Blue Peter”, em 1955. E logo partiu para dirigir seu primeiro filme, a aventura aérea “The Stolen Airliner” (1955), também roteirizado por ele.

Ele não se fixou em nenhum gênero em seus primeiros anos como diretor: filmou o musical de rock britânico “The Golden Disc” (1958), o infantil “The Adventures of Hal 5” (1958), flertou com o thriller em “Os Profissionais” (The Professionals, 1959) e arriscou o drama em “Linda” (1960). Entre 1961 e 1963, migrou para a televisão, assumindo alguns episódios das séries “Kraft Mystery Theater”, “Ghost Squad” e “The Human Jungle”, conquistando o respeito na indústria por manter a qualidade das gravações com orçamentos apertados.

Foi justamente por sua desenvoltura em produções de baixo orçamento, que o diretor acabou migrando para o terror, gênero que finalmente o tornou famoso.

A companhia cinematográfica britânica Hammer vinha de uma sequência de desastres de bilheteria e sugeriu a Sharp assumir uma de suas produções em 1963, mesmo ano em que o diretor tinha filmado seu maior sucesso até então, a comédia musical “It s All Happening”, estrelada pelo roqueiro Tommy Steele. Só havia um problema: o diretor não tinha a mínima familiaridade com o horror. Na verdade, ele nunca tinha assistido a um filme sequer do gênero, e não fazia ideia de como se encaixar no lendário “estúdio que pingava sangue”. Para sanar esse obstáculo, o produtor Anthony Hinds preparou uma sessão privada de clássicos que ajudassem Sharp a mergulhar fundo no universo dos monstros, vampiros e assassinos da Hammer.

O primeiro filme da parceria foi o sugestivo “O Beijo do Vampiro” (The Kiss of the Vampire, 1963), um sucesso de público. Com esse filme, o cineasta impactou a estética do gênero, acrescentando mais atmosfera, reduzindo o ritmo da narrativa e economizando na quantidade de sangue. Ele também agradou em cheio os produtores ao contratar atores da TV, com cachê mais baixo. Considerado um clássico do gênero, “O Beijo do Vampiro” acompanha um casal em lua de mel que acaba se envolvendo com um culto de vampiros na Bavária. Uma das cenas, em meio a um baile de gala, inspirou diretamente a comédia “A Dança dos Vampiros” (Fearless Vampire Killers, 1967), de Roman Polanski.

O êxito da produção levou o cineasta a trabalhar com alguns dos maiores nomes do horror, como Lon Chaney Jr., o lobisomem original dos estúdios Universal, na história de bruxaria “Witchcraft” (1964), e Christopher Lee numa série de parcerias que se estenderam até 1979 – entre elas dois filmes da franquia do vilão chinês Dr. Fu Manchu.

Com seus filmes na Hammer, Sharp virou referência no cinema B, não apenas pela qualidade das produções, mas também pelo bom uso do orçamento limitado, como demonstrou especialmente em “Witchcraft” (1964), quase um épico passado no século 17. De iniciante, ele se tornou um expert no terror, recebendo convites para dirigir produções de outros estúdios independentes. Foi o caso de “A Maldição da Mosca” (The Curse of The Fly, 1965), produção do estúdio britânico Liberty que encerrou a trilogia iniciada pelo clássico “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly, 1958).

As tramas se tornaram mais violentas e tensas nos anos 1970. Em “Dark Places” (1973), uma trama de casa mal-assombrada era estrelada por criminosos, entre eles Christopher Lee. Mas o ponto alto desta fase é o movimentado “Psychomania” (1973), sobre uma gangue de motoqueiros que ganha poderes sobrenaturais e aterroriza uma cidade pequena.

O diretor tentou não ficar preso apenas às produções sanguinárias, e tratou de explorar diversos gêneros cinematográficos, especialmente as comédias, como a paródia de espionagem “Pum, Pum, Você Está Morto” (Our Man in Marrakesh, 1966) e a aventura cômica “Aqueles Fantásticos Loucos Voadores” (Rocket to the Moon, 1967), inspirado pelo escritor de ficção científica Júlio Verne. Sharp também flertou com o thriller, abordando duas vezes o IRA (Exército Republicano Irlandês) em “The Violent Enemy” (1967) e em “Hennessy” (1975).

Sharp também mexeu em vespeiro ao realizar em 1978 a refilmagem de “Os 39 Degraus” (The 39 Steps), um dos primeiros clássicos de Alfred Hitchcock, rodado em 1935. A versão dos anos 1970 não conquistou os mesmo elogios, mas foi considerada mais fiel ao livro homônimo de John Buchan.

Paralelamente aos trabalhos no cinema, ele também fez novas investidas na TV inglesa, comandando alguns episódios das séries de espionagem mod “Os Vingadores” (The Avengers, 1961- 1969) e “Os Campeões” (The Champions, 1968 – 1969), e uma versão do drama colonial épico “The Four Feathers (1978).

Curiosamente, foi na televisão que Sharp acabou voltando a dirigir uma produção da Hammer. Em 1980, ele realizou o episódio “Guardian of the Abyss” da série televisiva “Hammer House of Horror”, antologia de terror produzida pelo famoso estúdio.

Ele encerrou sua carreira nos anos 1980, década marcada pela escassez cada vez maior de trabalhos para o diretor que costumava ser disputado entre os estúdios britânicos. Seu único filme na década foi o terror “Perigo na Montanha” (What Waits Below, 1985). Entre seus últimos trabalhos estão o telefilme “Tears in the Rain” (1988), com Sharon Stone, e alguns episódios da série “Act of Will” (1989).

Don Sharp faleceu no dia 18 de dezembro, aos 90 anos, em Cornwall, Inglaterra.

(Fonte: http://pipocamoderna.com.br/don-sharp-1921-2011/136935 – CINEMA/ Por Leonardo Vinicius Jorge – 26 de dezembro de 2011)

(Fonte:http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – 814891 – CULTURA – O ESTADO DE S.PAULO – 24 Dezembro 2011)

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