Vaidade militar
Douglas MacArthur (Little Rock, 26 de janeiro de 1880 – Washington D.C., 5 de abril de 1964), filho de um general notável, foi criado para ser um general notável. Meteu-se em grandes episódios e os viveu grandiosamente. Como comandante militar, era incomparável: organizador minucioso, de uma coragem que passava da imprudência à megalomania. Até seus erros foram colossais. É natural, assim, que tenha sido um dos nomes mais discutidos da vida americana no século XX.
O general MacArthur destacou-se nas suas duas guerras principais: a do Pacífico, vencida heroicamente, e a de Washington, que ele perdeu sem muito heroísmo. Na primeira, destaca-se sua volta às Filipinas, que ele prometera numa frase famosa. O general nega que tenha posado, para os fotógrafos, numa segunda descida da prancha de desembarque.
Sua segunda guerra – contra Washington – nela, um herói nacional arrogante (que se recusava a cumprimentar os derrotados, como na assinatura da rendição japonesa) é saudavelmente mantido no distante teatro de guerra, graças à sólida estrutura democrática de seu país. Manobras para fazê-lo candidato republicano à presidência, em 1948, morreram nas lutas internas do partido. E, quando seu ímpeto anticomunista mergulhou os Estados Unidos na guerra da Coreia, o presidente Harry Truman acabou por afastá-lo. Justificou-se, alegando que MacArthur estava contestando a própria autoridade presidencial. Afinal, já com duas bombas atômicas em seu passivo, Truman também precisava cuidar da própria biografia.
(Fonte: Veja, 19 de setembro, 1979 – Edição 576 – LIVROS/ Por GABRIEL MANZANO FILHO – Pág: 78)