Dulce Nunes, voz de ‘Pobre menina rica’ e dos anos 1960
Cantora carioca foi projetada no musical com trilha sonora de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes
Dulce Nunes (Rio de Janeiro, 11 de junho de 1929 – Rio de Janeiro, 4 de junho de 2020), foi uma cantora de atuação concentrada nos anos 1960, foi responsável por dar voz à música “Pobre Menina Rica”, um sucesso nos anos 1960. Alguns dos compositores queriam entregar a música para Elis Regina, que tinha acabado de chegar ao Rio e ainda não era uma cantora famosa.
Mas Antonio Carlos Jobim preferiu Dulce a Elis e assim a música foi eternizada em sua voz. Ela também participou de filmes na década de 1950.
Dulce gravou dois álbuns. O primeiro, Dulce, em 1965 e Samba do escritor, em 1968. Ela também participou do álbum Os Afro-sambas, de Vinícius de Moraes e Baden Powell, um marco da música brasileira.
Em 1963, Elis Regina (1945 – 1982) ainda era cantora conhecida somente em Porto Alegre (RS) quando, já em busca de melhores oportunidades profissionais na cidade do Rio de Janeiro (RJ), foi uma das candidatas a dar corpo e voz à personagem-título do espetáculo Pobre menina rica.
Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994), então no posto de arranjador do musical, preteriu Elis em favor de Dulce Nunes, jovem carioca que já atuara como atriz de cinema na década de 1950 e que tinha tido contato com músicos e compositores do núcleo da bossa nova quando promovia concorridas reuniões na casa em que morava com o marido, o pianista Bené Nunes (1920 – 1997), no bairro da Gávea.
Dulce Pinto Bressane ficou com o papel-título de Pobre menina rica e começou, naquele momento, carreira de cantora que a levaria a gravar dois álbuns pela gravadora Forma, Dulce e Samba do escritor, editados em 1965 e em 1968, respectivamente. Entre um disco e outro, a cantora participou do antológico álbum Os afro-sambas de Baden e Vinicius (1966) com o canto de Tristeza e solidão (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966).
Embora o musical tenha estreado em 1963 na boate carioca Au bon gourmet, com arranjos de Radamés Gnattali (1906 – 1988), esse repertório chegou ao disco somente em 1964 com a edição do LP com a trilha sonora de Pobre menina rica. Além da música-título Pobre menina rica, Dulce Nunes deu voz no disco à Canção do amor que chegou e dividiu com Lyra a interpretação de Valsa dueto.
No primeiro álbum solo, Dulce, gravado pela cantora em 1965 com arranjos orquestrais do maestro Guerra-Peixe (1914 – 1993) e o toque do violão de Baden Powell (1937 – 2000) em produção musical capitaneada por Roberto Quartin (1943 – 2004), Nunes registrou em tom de câmara um classudo repertório dominado por composições de Baden, Jobim e Vinicius.
No segundo e último álbum solo de Dulce Nunes, Samba do escritor, disco em que a cantora se apresentou como compositora ao musicar textos de escritores brasileiros em diversos ritmos, um dos arranjadores foi o pianista Egberto Gismonti, com quem a cantora sedimentou, a partir dos anos 1970, parceria na vida que se estendeu para a música. Ou vice-versa.
Desde então, Dulce Nunes atuou basicamente como cantora (convidada) de discos de Egberto, de quem se tornaria produtora e sócia no gerenciamento do selo Carmo e da empresa Carmo Produções Artísticas.
Tendo atuado também como decoradora por muito tempo, Dulce Nunes sai de cena associada à música dos anos 1960, década em que exercitou com certa assiduidade a bela e cool voz de soprano.
Foi essa cantora de atuação concentrada nos anos 1960 que morreu na noite de quinta-feira, 4 de junho, a uma semana de completar 91 anos, após dias internada em hospital da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ). A notícia da morte de Dulce Nunes foi confirmada a amigos por Alexandre Gismonti e Bianca Gismonti, afilhados da cantora. A causa teria sido infecção pelo covid-19.
(Fonte: https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2020/06/06 – TV E FAMOSOS / FAMOSOS / NOTÍCIAS / Do UOL, em São Paulo – 06/06/2020)
(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2020/06/06 – POP & ARTE / MÚSICA / Por Mauro Ferreira – 06/06/2020)