É considerado um dos pioneiros na introdução do design moderno no Brasil
Aloísio Magalhães (1927-1982), desenhista pernambucano, artista plástico consagrado, era secretário para Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura. Raras vezes a obra de um artista tornou-se tão popular como a do pernambucano Aloísio Magalhães. Afinal, ele criou o novo padrão visual do dinheiro brasileiro e concebeu os símbolos de empresas e instituições presentes no cotidiano de milhares de pessoas, como a Petrobrás, Light, Banco do Brasil, Unibanco e Souza Cruz. Em 1965, foi responsável pela criação da primeira logomarca da TV Globo, uma estrela de quatro pontas.
Seu nome conquistou projeção nacional pela primeira vez, em 1964, quando concebeu o símbolo do quarto centenário do Rio de Janeiro. Desde então Magalhães procurou o novo, como, por exemplo, através das experiências dos “cartemas”, espécie de colagens com cartões-postais, e do livro A Informação Esquartejada, em que transforma o cartaz comercial em objeto de apreciação artística. Ao lado de sua produção profissional, Magalhães impôs-se sobretudo como um grande incentivador cultural. Nasceu no dia 5 de novembro de 1927, em Recife. É considerado um dos pioneiros na introdução do design moderno no Brasil, tendo ajudado a fundar a primeira escola superior de design neste país, a Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro (ESDI). Participou, em 1963, da fundação da Escola Superior de Desenho Industrial, e foi seu principal articulador das ofensivas culturais do governo. Era, na prática, um verdadeiro ministro da Cultura.
Sua vocação política aproximou-o do poder e, atraído em 1975, pelo general Golbery do Couto e Silva, então chefe do Gabinete Civil, ocupou vários cargos no Ministério da Educação. “Ninguém pode alegar falta de recursos financeiros para justificar a inércia na área cultural do governo”, costumava dizer. “O que falta é determinação, coragem e competência.” Armado de tais virtudes, obteve alguns triunfos. De concreto, promoveu ampla reestruturação administrativa na área cultural do Ministério e esforçou-se para que Ouro Preto fosse elevada à categoria de Monumento Mundial. E também conduziu, com habilidade, crises agudas, como a gerada com a proibição do filme Pra Frente Brasil, que resultou na demissão do presidente da Embrafilme, Celso Amorim. Magalhães, na ocasião, evitou que houvesse um choque entre diversos grupos de intelectuais e o governo.
Com sua morte, de derrame cerebral, aos 55 anos, dia 13 de junho de 1982, no Hospital Civil de Pádua, na Itália, desaparecia também a pessoa do administrador público, secretário da Cultura do MEC desde 1981. Magalhães foi acometido pelo derrame quando presidia, em Veneza, a sessão inaugural de uma reunião de cooperação cultural entre países de língua e cultura latinas. É normalmente considerado pela crítica um dos mais importantes designers gráficos brasileiros do século XX.
Na última viagem à Europa, Aloísio Magalhães procuraria o apoio da UNESCO para a preservação de Olinda. Não teve tempo para conseguir isso. No entanto, como prova de gratidão, Olinda velou seu corpo no prédio tombado do Mercado da Ribeira.
(Fonte: Veja, 23 de junho, 1982 – Edição n.º 720 – Datas – Pág; 126 Memória Pág; 97)