“É preciso desprivatizar o Estado.” Roberto Freire, deputado federal, presidente nacional do PPS

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9 frases de Roberto Freire

 

ROBERTO FREIRE EM ATO PRÓ-IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF EM SÃO PAULO  (Foto: ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL - 08.04.2016/ Divulgação)

ROBERTO FREIRE EM ATO PRÓ-IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF EM SÃO PAULO
(Foto: ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL – 08.04.2016/ Divulgação)

 

 

Marcelo Calero deixa gestão Temer com acusações a Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo. Opositor ferrenho do PT e aliado de tucanos, novo titular da Cultura assume prometendo ponderação e diálogo

Marcelo Calero pediu demissão do Ministério da Cultura na sexta-feira (18). Depois de seis meses no comando da pasta, ele afirmou ter deixado o cargo após ser pressionado por Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria de Governo, a aprovar um projeto imobiliário próximo a uma área tombada em Salvador.  Esse projeto, segundo o agora ex-titular da Cultura, era de interesse pessoal de Geddel, articulador político do governo Michel Temer. “Não estou aqui para fazer maracutaia”, disse Calero em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”.

A saída com acusações a um homem forte de Temer, como é o caso de Geddel, se soma à série de episódios conturbados envolvendo a Cultura desde o início do atual governo, em 12 de maio. O ministério foi extinto quando Temer assumiu interinamente. Depois de protestos da classe artística, o peemedebista recuou. Em seguida, tentou nomear uma mulher para o posto, já que não havia ninguém do sexo feminino no primeiro escalão, mas não teve sucesso. A opção foi Calero, que agora deixa o cargo e abre uma nova crise no governo.

Temer, que já perdeu cinco ministros desde que passou a comandar o país após o impeachment de Dilma Rousseff, não demorou para anunciar o substituto, ainda na sexta-feira. Trata-se do deputado federal Roberto Freire, presidente nacional do PPS. Ex-integrante do Partido Comunista Brasileiro que já foi candidato à Presidência e chegou a apoiar Luiz Inácio Lula da Silva, ele acabou se transformando em um feroz opositor do PT. Hoje é aliado próximo dos tucanos e integra a base de apoio do Palácio do Planalto no Congresso. Abaixo, o Nexo selecionou 9 frases representativas de Roberto Freire que abrangem boa parte de sua trajetória como político.

 

1 – Comunista no MDB

No final dos anos 1970, o deputado federal por Pernambuco era um dos comunistas que usava o MDB como sigla por ser o único “canal oposicionista” no regime bipartidarista que vigorava na ditadura militar. Ficou no partido até migrar para o Partido Comunista Brasileiro, em 1985.

“No atual regime, quando os comunistas não se podem manifestar em torno de seu partido e só lhes resta o MDB como canal oposicionista, não aceitar que eles lutem nesta ampla frente democrática é admitir a tese do regime excepcional e dos totalitários em geral, segundo o qual o lugar dos comunistas é na cadeia, sendo torturados.”

em outubro de 1979

 

2 – Candidato à Presidência

Roberto Freire foi candidato à Presidência da República na eleição de 1989 pelo PCB. Com discurso de esquerda, acabou obtendo a simpatia de parte da classe média. Terminou em oitavo lugar, com 1,13% dos votos no primeiro turno.

“É preciso desprivatizar o Estado.”

era uma das frases mais usadas por ele em 1989

 

3 – Fundador de partido

Passada a eleição presidencial, Freire passou a se concentrar em criar um novo partido de esquerda. Em entrevista ao jornal “O Globo”, falou sobre a necessidade de os socialistas se reinventarem. Em 1992, surgiria o PPS, herdeiro do PCB.

“A estatização e a planificação na economia se esgotaram. É necessário que novos conceitos e novas concepções sejam analisadas dentro deste processo de reformulação mundial do socialismo. Precisamos de uma resposta à crise do socialismo, uma nova política internacionalista.”

em 11 de novembro 1990

 

4 – Apoio a Serra e crítica a Lula

Roberto Freire, que chegara a apoiar Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 2002, passou para a oposição ainda no início do governo petista, associando-se aos tucanos. Um ano antes da eleição de 2010, já declarava seu apoio a José Serra, que viria a ser o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto.

“A candidatura de Serra tem mais consistência entre os partidos de oposição do nosso campo, porque ele tem um projeto de desenvolvimento claro, uma postura crítica em relação à política econômica que lhe dá mais chances de consolidar a partir das bases que receber. […] Lula não só defendeu como se misturou, se confundiu com Sarney. Pega mal não ter coerência com a própria biografia.”

em agosto de 2009

 

5 – Pegadinha no Twitter

Em 2012, o deputado compartilhou uma notícia falsa que dizia que a então presidente Dilma Rousseff tinha determinado que notas de real fossem impressas trocando “Deus” por “Lula”. Em seguida, ele se desculpou.

“Isso é uma ignomínia [desonra]! Dilma pede e BC [Banco Central] coloca em circulação notas com a frase ‘Lula seja Louvado’”

em maio de 2012

 

6 – ‘Bolsa Família neoliberal’

Já um opositor ferrenho dos governos do PT, Freire explicou à Folha os motivos que levaram o PPS a deixar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva em 2004. O PPS havia apoiado Lula no segundo turno em 2002 depois de seu candidato, Ciro Gomes, ficar em terceiro lugar na votação.

“Saímos antes do mensalão. Discordamos da política econômica. Bolsa Família não é de esquerda. Política compensatória é um mecanismo neoliberal.”

em abril de 2013

 

7 – Defensor do impeachment

Freire foi um dos mais fiéis defensores do impeachment de Dilma Rousseff, desde que o processo começou a ser cogitado. Quando o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aceitou o pedido de impedimento, em dezembro de 2015, Freire mostrou seu apoio.

“A admissibilidade do pedido de impeachment é o reconhecimento de que não temos mais governo […] é a demonstração de que o governo perdeu todas as condições de continuar no poder, por absoluta incapacidade de enfrentar a crise e de contribuir efetivamente para que o processo de corrupção seja combatido.”

em dezembro de 2015

 

8 – Defensor do corte de gastos

Roberto Freire e o PPS apoiaram a Proposta de Emenda à Constituição que institui o teto de gastos do governo federal. Antes da votação na Câmara, Freire pressionou os parlamentares do partido a votarem “sim” e disse que as eventuais discordâncias com relação ao projeto não justificavam o voto “não”.

“[A aprovação da PEC do Teto] É uma questão fundamental para o reequilíbrio da economia.”

em outubro de 2016

 

9 –  Gestão de ‘diálogo’

Ainda em maio, quando Temer extinguiu o Ministério da Cultura para transformá-lo apenas em uma secretaria da pasta de Educação, Freire foi chamado para ocupar o cargo de secretário. O presidente, porém, mudou de planos e desistiu de Freire ao recuar e recriar a Cultura. Nesta sexta-feira, o deputado reagiu ao novo convite dizendo que fará uma gestão de diálogo, segundo relato do jornal “O Estado de S. Paulo”.

“Temer me telefonou hoje [sexta-feira] e disse que estava renovando o convite que tinha feito lá atrás (…) O governo Temer é de ponderação, de diálogo. Eu entrarei no mesmo diapasão.”

em novembro de 2016

(Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/18/9-frases-de-Roberto-Freire  – EXPRESSO/ Por José Roberto Castro – 18 Nov 2016)

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