Eder Jofre, bicampeão mundial de boxe
Maior boxeador brasileiro da história derrotou Jose Legra em Brasília
Eder Jofre, o maior peso galo da história, é também campeão mundial dos penas ao derrotar o cubano naturalizado espanhol Jose Legra após 15 violentos rounds, diante de 25 mil pessoas no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília.
Há 40 anos, Eder Jofre era bicampeão mundial de boxe.
As costelas doíam a ponto de atrapalhar a respiração. A mão esquerda não fechava de tanto inchaço. O nariz não parava de sangrar, assim como o supercílio direito. O esquerdo tinha um enorme hematoma, que latejava ao toque da água do chuveiro do vestiário. O corpo de 1,64 metro e 57 quilos estava bastante castigado, mas a alma, revigorada.
Após 15 violentos rounds, diante de 25 mil pessoas no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília.
Eder chegou a cair no terceiro round, após uma dura direita de Legra, que era chamado de “O Pequeno Muhammad Ali” por causa do espetacular jogo de pernas. Mas o ídolo brasileiro foi salvo pelo gongo. “Eu não caí, foi o chão que subiu”, diverte-se Eder, com um físico muito semelhante ao do tempo de boxeador.
Desde garoto o amor pela nobre arte sempre esteve presente no filho de Kid Jofre.
Corajoso, Eder não se intimidou com os oito centímetros (1,64 a 1,72 metro) a mais de altura e 11 centímetros de vantagem na envergadura (1,68 a 1,79 metro) do adversário. Encarou o forte jab de Legra e soltou verdadeiras bombas em cruzados e diretos que abalaram o rival.
Ao fim dos 45 minutos de combate, o juiz norte-americano Jay Edson apontou 146 a 141. O jurado brasileiro Newton Campos anotou 148 a 143 e o espanhol Lorenzo Sanchez deu empate por 143 pontos.
Eder se unia a Henry Armstrong, Archie Moore e Sugar Ray Robinson, que também ganharam títulos em mais de uma categoria. “O cara era muito grande, muito forte, mas meu pai (Kid Jofre) me ensinou direitinho como diminuir a distância e soltar os golpes com precisão”, relembra o integrante do Hall da Fama do boxe desde 1990.
Eder defendeu o cinturão somente uma vez, quando derrotou o mexicano Vicente Saldívar no Ginásio Balbininho, em Salvador, em outubro de 1973, por nocaute no quarto assalto.
Nascia a lenda Eder Jofre. Reconhecida em qualquer lugar onde se tem uma luta de boxe. A revista The Ring classifica o Galo de Ouro como o nono melhor desde que a publicação foi criada. Perguntado pelo Estado em novembro de 2011 se conhecia Eder Jofre, o histórico técnico mexicano Ignacio Beristain respondeu: “Lógico. Qualquer pessoa que conhece boxe conhece obrigatoriamente Eder Jofre.”
Para alguns críticos, Eder poderia ter sido ainda maior do que foi, não fossem os três anos em que ficou longe dos ringues (1966 a 1969) após as duas derrotas para o japonês Fighting Harada. “Não concordo. A comparação não se faz entre Eder e os outros lutadores, mas sim os outros com Eder”, diz Beristain.
Na América Latina, os principais concorrentes são o argentino Carlos Monzón, o panamenho Roberto Mano De Piedra e o mexicano Julio Cesar Chavez.
“Eu fui o melhor de todos. Tive mais de 70 vitórias, 50 nocautes, lutei com os melhores de minha época. Eu fui o maior de todos”, garante Eder.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/esportes – Wilson Baldini Jr. – O Estado de S. Paulo – 5 de maio de 2013)