Edgard Allan Poe, autor, poeta e critico literário americano.

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Ele foi o primeiro escritor americano conhecido a tentar ganhar a vida através de seus escritos

Poe: o culto da dor e da morte

Edgard Allan Poe (Boston, Massachusetts, 19 de janeiro de 1809 – Baltimore, Maryland, 7 de outubro de 1871), autor, poeta e critico literário americano. A vida e a obra de Poe nada ficam a dever a seus contos mais trágicos. Filho de pobres comediantes ambulantes, órfão desde menino, Edgard foi adotado pela família Allan, que lhe proporcionou boa educação e sólida instrução clássica. Ainda assim, porém, o futuro criador de “O Corvo” não desistiu de seus “mais selvagens caprichos ou indomáveis paixões”. Pela sua conduta desregrada, o velho Allan excluindo-o de seu testamento e Edgard foi obrigado a viver apenas de seus recursos, praticamente nulos. Então escreveu.

Poe foi um escritor estudado e cultuado em todo o Ocidente. Entre suas obras destacam-se: The Raven (O Corvo, poesia, 1845), Annabel Lee (poesia, 1849) e o volume Histórias Extraordinárias (1837), onde aparecem seus contos mais conhecidos, como “A Queda da Casa dos Usher”, “O Gato Preto”, “O Barril de Amontillado”, “Manuscrito encontrado numa Garrafa”, entre outros, considerados obras-primas do terror. Ele foi o primeiro escritor americano conhecido a tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difícil.

Vida e obra, ambas fora da rotina, caracterizaram-se por muitas contradições: lucidez na confusão, lógica no incrível, regra na desordem. O falecimento prematuro da esposa Virginia Clemm exasperou, no poeta e escritor, as tendências pelo culto da dor e o fascínio da morte.

Fugir em vão – Poe era belo. Baudelaire o descreve como o tipo do romântico triste com algo de “excessivo” e “qualidades transbordantes”. Havia nele, todavia, “o déficit que pode resultar da abundância”. Insatisfeito, ele desabafou: “Eu daria o mundo para manifestar a metade das ideias que andam soltas na minha mente”. Seus poemas e seus contos confirmam o tumulto das ideias e a anarquia da imaginação que o álcool, o entorpecente e a paixão pelo jogo aguçavam sem ofuscar.

Classificar Poe parece impossível. A sua narrativa, profunda e complexa demais, não pode ser comparada com o amadorismo do suspense moderno.

No caos da sua obra se encontra raramente uma visão de paz, “um vale das relvas”. A ação do imenso teatro se desenrola geralmente em mansões e castelos tétricos onde a morte espreita atrás de cortinas suntuosas. Como um “decorador”, Poe descreve sempre o ambiente, fúnebre e frio, carregado de ouro e de veludos negros ou vermelhos. Cria um luxo de funesto mau gosto, que emoldura fatos horrendos. Nesse mundo de alucinação e pesadelo, se refugiava. No conto autobiográfico “William Wilson”, chegou a confessar: “Fugi em vão”. E ele usava a palavra fuga no sentido moderno de evasão moral e intelectual. Fugia em vão do seu ego, afinal romântico, pois ele foi um egocêntrico incapaz de se libertar de si mesmo. Poe aparece como um “caso” isolado, independente de escolas e tendências. Um rio sem nascente e sem foz.

(Fonte: Veja, 13 de agosto de 1975 – Edição n° 362 – CONTOS DE TERROR E DE MORTE, de Edgard Allan Poe – LITERATURA/ Por Bruna Becherucci – Pág; 65/66)

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